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Quanto já custou o ‘shutdown’? Tanto quanto a construção do muro

A entrar na quarta semana, o ‘shutdown’ parcial do governo norte-americana já custou 3,6 mil milhões de dólares à maior economia mundial. Entretanto, o dólar desvalorizou face a todas as moedas dos países que integram o G10.
15 Janeiro 2019, 07h40

“Quanto mais tempo durar o shutdown, maiores serão os danos colaterais para a economia [norte-americana]”, disse um analista do índice S&P ao jornal online norte-americano, Vox. Até à passada sexta-feira, o shutdown já custou 3,6 mil milhões de dólares à economia norte-americana, segundo uma análise levada a cabo pelo S&P Global Ratings.

Desde o passado sábado, dia 12, que este é o mais longo shutdown de sempre do governo dos Estados Unidos, como o noticiou o Jornal Económico na semana passada. As consequências do shutdown parcial do governo dos Estados Unidos, que já dura há 25 dias, até já ‘obrigou’ os canadianos a enviar pizzas aos norte-americanos, mas há um dado que pinta de ironia a vontade de Trump em construir o muro e a recusa dos Democratas em aprovar os fundos para tal: se o stalemate político continuar mais duas semanas, o que até é provável segundo declarações do presidente dos EUA na semana passada, o shutdown pode custar 5,7 mil milhões de dólares à maior economia mundial, exactamente o montante que a Casa Branca quer ver aprovada para a construção do muro.

Entre os 800 mil funcionários públicos que não estão a receber salários, entre os quais muitas centenas de milhares estão a trabalhar sem vencimento por serem considerados essenciais, houve cerca de dois mil milhões de dólares em salários que não foram distribuídos. Além disso, há muitas empresas que desenvolvem negócio com os departamentos e agências do governo dos EUA que também não estão ser pagas, noticia aquele jornal online. “Isso quer dizer que os respetivos trabalhadores não estão a ser pagos, o que significa que têm menos dinheiro para gastar”, lê-se.

Na Securities and Exchange Comission, que supervisiona o mercado financeiro norte-americano, o shutdown significa que há menos IPOs a ser lançadas, o que tem atrasado a entrada em bolsa de diversas empresas que tinham previsto tornarem-se em empresas cotadas no início de 2019.

Os efeitos do shutdown na economia também levaram o presidente da Reserva Central norte-americana, Jerome Powell, a emitir um alerta na passada quinta-feira. Segundo o responsável máximo da Fed, um shutdown prolongado poderá pôr em causa o crescimento económico norte-americano.

Quanto ao dólar norte-americano, a fintech Ebury, especializada em pagamentos internacionais e câmbio, revelou em comunicado que “a moeda norte-americana registou uma depreciação face a todas as outras moedas do G10”. Segundo a Bloomberg, o euro estava a apreciar 0,06% face ao dólar, esta segunda-feira, para 1,1476 dólares.

fintech indicou ainda os mercados “estão apenas a apostar 20% num aumento único em 2019” depois das declarações de Jerome Powell. No entanto, “isto reflete, em parte, a crescente preocupação relativamente à paralização do governo federal, que entra agora numa inaudita quarta semana, e é um sinal claro da grave debilidade institucional nos EUA”.

“Significa ainda que os principais dados macroeconómicos não serão publicados, o que acrescenta incertezas e negativismo generalizado em torno do Dólar americano. Na ausência de uma resolução para o impasse, contamos que o Dólar americano continue o trajeto descendente recente, especialmente se avistarmos algum sinal de recuperação nos dados da Zona Euro”, lê-se.

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