Subida dos juros dita queda de 37% nas operações de private equity

A rápida subida dos juros ditou uma queda de 37% no número de operações de private equity no ano passado, de acordo com um relatório da Bain & Company divulgado esta segunda-feira. A inversão da tendência de aumento das taxas, já sinalizada pelos bancos centrais, pode, contudo, ajudar a dar um novo impulso em 2024.

“As operações de private equity, bem como os desinvestimentos, sucumbiram a quedas acentuadas o ano passado, perante os rápidos aumentos dos juros, os mais acentuados desde a década de 1980, que minaram a confiança dos investidores, num mal-estar que se espalhou por todas as regiões e agravou as contrariedades em 2022″, avança o novo “Global Private Equity Report” anual da Bain & Company.

No ano passado, refere, o “valor global das aquisições (buyout) caiu 37% em termos anuais, para os 438 mil milhões de dólares, o pior desde 2016 – e ficou 60% abaixo do pico de 2021″. Em relação aos máximos de 2021, o número de operações caiu 35%.

“O mercado de operações de private equity está a começar um pouco melhor este ano e estamos cautelosamente otimistas quanto às perspetivas para 2024″, refere Álvaro Pires, notando que a “escala e a velocidade da subida dos juros em 2023, e a incerteza daí decorrente, foram um choque para a indústria”.

“Mas as perspetivas mantêm-se sólidas. Com a moderação prevista das taxas de juro nos próximos meses, sente-se uma maior de estabilidade. Acima de tudo, esperar passivamente pela recuperação continua a não ser uma estratégia viável”, acrescenta o sócio da Bain & Company.

Os desinvestimentos são apontados pelo relatório como a questão mais premente da indústria. De acordo com a Bain, a “queda nos desinvestimentos fez com que as saídas assentes em aquisições caíssem 44% só no ano passado, para os 345 mil milhões de dólares em valor, enquanto o número das transações caiu 24%, para as 1.067 realizadas”.