Graham Brady, presidente da comissão 1922 (grupo parlamentar de deputados do partido Conservador), avançou com uma proposta de alteração do disposto no acordo que a primeira-ministra britânica, Theresa May, trouxe de Bruxelas, para ser votado pelo Parlamento do Reino Unido no que tem a ver com a solução de salvaguarda conhecida como ‘backstop’.
Esta solução pretende evitar controlos alfandegários após o ‘Brexit’ ao longo da fronteira entre a Irlanda, país membro da União, e a Irlanda do Norte, província do Reino Unido, e a emenda proposta por Brady vai no sentido de a solução de salvaguarda ser substituída por “disposições alternativas” – que eventualmente até nem obriguem a uma reabertura formal das negociações entre Londres e Bruxelas.
O governo de Theresa May já disse que apoia a ‘emenda Brady’ e, para os analistas, esta é a melhor opção para a primeira-ministra convencer os deputados conservadores rebeldes e os irlandeses unionistas da DUP (que fazem parte da coligação que suporta o governo) a votarem hoje favoravelmente o plano que lhes vai ser apresentado.
May regressa ao Parlamento sem que verdadeiramente tenha algo de novo a apresentar face ao que foi o documento apresentado há duas semanas e que mereceu a recusa por parte de uma enorme maioria de deputados. Nem era suposto ter: nunca esteve em causa qualquer ‘plano B’ a ser hoje apresentado, mas tão-somente uma segunda tentativa de ganhar músculo político para regressar a Bruxelas.
Ora, segundo alguns analistas, se a ‘emenda Brady’ – que será hoje votada no Parlamento – for suficiente para que os conservadores apoiem Theresa May, essa é a sua melhor opção, dado que poderá voltar a Bruxelas com a forte indicação política de que a questão do ‘backstop’ não é negociável para os britânicos.
O primeiro sinal de que as coisas, afinal, até podem correr bem para May veio da parte de Boris Johnson, o mais rebelde entre todos os rebeldes conservadores. Num artigo publicado no jornal ‘Daily Telegraph’, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros sugere a reabertura do texto e a inserção de uma “cláusula de liberdade” (‘freedom clause’) para permitir ao Reino Unido a rescisão unilateral do ‘backstop’.
Se Theresa May conseguir inserir essa cláusula de liberdade ou cláusulas semelhantes – que é, afinal, a proposta de Graham Brady – “então teríamos desativado a armadilha”, afirma. E talvez pudesse, infere-se, votar favoravelmente o documento de May.
Agora, está tudo suspenso na emenda. Se ela for favoravelmente votada – como parece que pode acontecer – a primeira-ministra pode ganhar uma nova vida e regressar a Bruxelas com o poder negocial que de outra forma não terá nunca.
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