A moeda norte-americana está a perder valor há quarto dias consecutivos e o euro já está a ser negociado em torno de 1,15 dólares, e as autoridades norte-americanas estão a entrar em zona de stress. Não tanto pelas movimentações em torno da moeda, mas principalmente porque esses movimentos ocorrem após novas críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, à Reserva Federal (Fed), que faz o papel de banco central do país.
Trump disse que não está “empolgado” com o presidente do Fed, Jerome Powell, que elevou as taxas de juros e acusou a China e a Europa de manipularem as suas moedas. Trump, que chocou os investidores em julho, quando criticou o aperto monetário do banco central dos Estados Unidos, disse à agência Reuters que acredita que o Fed deveria adotar uma postura mais expansiva.
“Não estou empolgado com a alta nas taxas de juros”, disse Trump em entrevista, referindo-se a Powell. O presidente indicou Powell no ano passado para substituir Janet Yellen – que Trump encheu de críticas ao longo de toda a campanha eleitoral que o levou até à Casa Branca.
O presidente disse ainda que outros países estão a beneficiar das medidas avançadas pelos bancos centrais para contrariar a guerra comercial imposta pelos Estados Unidos, mas que a Casa Branca não está a receber qualquer apoio do Fed.
Os analistas recordam que os presidentes raramente criticaram os dirigentes do Fed, sejam eles quem forem, porque a independência do banco central é vista como importante para a estabilidade económica.
Mas Trump não se tem coibido de o fazer. Há pouco mais de um mês, em entrevista concedida à estação CNBC, o presidente norte-americano assumia que “não está entusiasmado” com a política de aumento gradual dos juros seguida pelo Fed, que teme poder colocar em causa a recuperação da maior economia mundial.
Depois de já ter decretado dois aumentos dos juros em 2018, o Fed planeia promover mais duas subidas do custo do dinheiro, acompanhando o crescimento da economia (que o próprio Fed considera robusto, ou não estaria a aumentar as taxas diretoras) e tentando controlar as tentações consumistas que as costumam manifestar-se nestas alturas.
Os peritos concordam que o Fed deverá manter as taxas em crescimento até à barreira dos 2,5% ou 2,75%, a que o banco central chama a ‘taxa neutra’: nem restritiva, nem expansionista. Mas Trump não quer e voltou a pedir que um corte nas taxas.
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