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Ucrânia encontra o ponto fraco da Rússia: as refinarias de petróleo

Os ataques ucranianos às refinarias russas têm-se multiplicado. As consequências começam a tornar-se óbvias: o preço do petróleo está a subir e talvez o regime de Moscovo passe a ter dificuldade em financiar a guerra.
  • Bloomberg
20 Março 2024, 11h09

A Ucrânia encontrou o ponto fraco da Rússia: o petróleo, no segmento da produção. Os ataques de drones ucranianos estão a paralisar a vasta rede de refinarias da Rússia, numa tentativa de dificultar as exportações. Até o momento, os resultados são promissores para Kiev, considera um analista citado pelo jornal espanhol “El Economista”.

De acordo com a imprensa especializada, as diferentes ondas de ataques com drones ucranianos a refinarias de petróleo russas nos últimos dias começaram a levantar dúvidas sobre por quanto tempo o país poderá continuar a exportar petroquímicos, o que, por sua vez, começou a causar algum nervosismo em Moscovo. E não só: desde que estes ataques mostraram ser uma tendência e não um acaso, o preço do petróleo nos mercados internacionais começou a subir.

Embora ainda não haja dados oficiais ou confiáveis – e os oficiais podem não ser confiáveis – acredita-se que a produção russa de diesel e produtos refinados pode ter caído entre 6% e 14%. Esta situação está a ter prejuízos colaterais para os consumidores europeus, refere o mesmo jornal: os spreads do diesel estão a subir acentuadamente, já que a Rússia é um dos maiores produtores de diesel do mundo. Mesmo que os países da União Europeia não comprem produtos refinados russos, num mercado global e interpenetrado, a queda na produção em determinada geografia acaba afetando o mercado como um todo.

Edward Finley-Richardson, investidor e especulador em transporte marítimo, refere, citado pelo “El Economista”, “a coincidência de ataques de drones ucranianos a refinarias está a criar uma situação interessante para os mercados petrolíferos. Embora isso ainda não tenha tido um grande efeito nas exportações de produtos, estamos a um ataque bem-sucedido da propagação” das suas consequências.

Os embarques de diesel dos portos russos diminuíram desde que os ataques de drones às refinarias de petróleo do país começaram. Embora o mau tempo e as manutenções de rotina também possam estar a afetar os fluxos, acredita-se que os ataques podem estar atingindo o ponto fraco da economia russa.

De qualquer modo, Moscovo também deve reduzir os embarques de combustível como parte do pacto de fornecimento de petróleo com a Opep+. Este pacto pressupõe a redução das exportações de petróleo, e um menor embarque de produtos refinados, entre os quais se destaca o diesel.

A onda de ataques a refinarias russas levou analistas a avaliar os possíveis efeitos em larga escala. Carsten Fritsch, estratega de commodities do Commerzbank, reconhece que o impacto na oferta de petróleo não é claro. Por um lado, observa, esses ataques indicam riscos de abastecimento. Mas, por outro lado, esclarece, “a Rússia também poderia exportar mais petróleo”. Igualmente citado pelo “El Economista”, Kieran Tompkins, da Capital Economics, diz o contrário: “Embora, isoladamente, os ataques ucranianos possam aumentar a disponibilidade de petróleo bruto, os preços provavelmente subiram porque a infraestrutura de energia claramente se tornou um alvo da guerra”.

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