[weglot_switcher]

Ucrânia, explosão na Rússia e ‘coletes amarelos’ dominaram cimeira Macron-Putin

Os dois presidentes multiplicaram os sinais de boa vontade e de relaxamento das relações entre a Rússia e a Europa. A repressão às manifestações da oposição também foi tema.
  • Juan Ignacio Roncoroni / EPA
20 Agosto 2019, 07h55

Vladimir Putin foi recebido por Emmanuel Macron na residência de verão do chefe de Estado francês, em Fort Brégançon, poucos dias antes do início da cimeira do G7, que culminou com uma conferência de imprensa onde foram abordados mesmo os temas mais sensíveis, o que serviu para percecionar um ambiente distendido entre os representantes das duas nações.

O estado das relações entre a Rússia e a União Europeia foi, segundo a agência France Press, um dos temas mais fortes da reunião. O presidente francês Emmanuel Macron pediu uma reaproximação dos dois países e a recuperação da “confiança” que viabilize uma ordem internacional em “recomposição”.

Apesar dos “desentendimentos das últimas décadas”, a Rússia “é europeia” e “temos que reinventar uma arquitetura de segurança e confiança entre a União Europeia e a Rússia”, afirmou Macron. Mas Vladimir Putin não deixou de contestar a forma como o presidente francês tem gerido da crise social dos ‘coletes amarelos’ – tendo por sua vez alegado que, no caso da repressão da oposição russa, as autoridades agiriam para manter os manifestantes “dentro da lei” e evitar “uma situação como a dos ‘coletes amarelos’”.

O dossiê ucraniano foi uma das primeiras questões discutidas durante a conferência de imprensa. Emmanuel Macron pediu uma cimeira a quatro – Rússia, Ucrânia, Alemanha e França – “nas próximas semanas”, dizendo que houve “uma mudança real” nas relações entre Kiev e Moscovo.

Por seu lado, Vladimir Putin falou de um “otimismo cauteloso” sobre a questão das regiões separatistas pró-russas do leste da Ucrânia, depois dos primeiros contactos com o novo presidente ucraniano, o comediante Volodymyr Zelensky.

O  presidente francês instou o regime de sírio e o seu aliado russo a respeitarem o cessar-fogo decretado na província de Idlib, no noroeste da Síria. “É imperativo, estamos muito interessados, que o cessar-fogo decidido em Sochi [na Rússia] seja realmente respeitado”, disse Macron. Em resposta, Vladimir Putin respondeu lembrando que a Rússia “apoiou o exército sírio” na sua luta contra “ameaças terroristas”.

Por outro lado, instado a esclarecer a situação sobre a contaminação radioativa após a explosão numa base de lançamento de mísseis no extremo norte da Rússia (em 8 de agosto), Vladimir Putin disse que não houve “risco nem aumento do nível de radiação”. “Enviamos especialistas ao local e a situação está controlada, foram tomadas medidas preventivas para que nada de inesperado aconteça”.

Finalmente, Emmanuel Macron anunciou que visitará Moscovo em maio de 2020 para participar das celebrações dos 75 anos da vitória sobre a Alemanha nazista, tendo Putin dito que ficou “grato” por o presidente francês ter aceitado o convite.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.