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Um perigoso antro de mosquitos

A falta de resposta vigorosa a este problema terá naturalmente consequências económicas negativas, numa região que depende fortemente do turismo. Imagine-se que para viajar para a Madeira passará a ser aconselhado as tomas das vacinas x, y e z, à semelhança do que ocorre para certas regiões do planeta. Se calhar será um elemento desincentivador do turismo para a Madeira, levando a quebras no volume de turistas na região.
18 Julho 2023, 07h15

O fenómeno das alterações climáticas como é sabido tem provocado impactos negativos em várias regiões. A Madeira está-se a tornar uma região subtropical com condições favoráveis à proliferação de mosquitos. A espécie de mosquito que domina a Madeira não se trata de uma qualquer, mas sim do Aedes aegypti, proveniente de África e conhecido por ter a capacidade de transmitir doenças como o Dengue, Febre Amarela, Chikungunya e a Zika. A sua picada que ocorre geralmente durante o dia pode provocar reações alérgicas na pele em várias pessoas. Apesar de ser uma espécie potencialmente transmissora de doenças, ainda não existem casos conhecidos de doenças como o Dengue ou a Febre Amarela. Contudo, estão reunidos os ingredientes para o aparecimento de casos podendo escalar para um problema de saúde pública, com efeitos económicos negativos, se não houver um combate a esta espécie de mosquito, caracterizada por ser de cor preta e ter riscas pretas e brancas nas suas patas.

Existem várias formas de combate, mas as autoridades regionais baseiam-se sobretudo na tentativa de prevenção, que tem vindo a falhar sucessivamente. Os alertas relativos a cobrir tanques e poços com águas paradas ou a colocação de sal-gema em sarjetas de esgoto tem se revelado insuficientes nesta luta contra estes mosquitos.

O combate biológico acabará por ser aquele que se tornará mais eficaz. Um dos métodos possíveis, que foi desenvolvido pelos israelitas é a utilização de uma bactéria conhecida como Bti que quando introduzida em águas paradas, elimina as larvas de mosquitos, e que é inofensiva para outros seres.

Outro método passa pela esterilização de mosquitos. E a propósito de esterilização, muitos madeirenses lembrar-se-ão da “fábrica das moscas” da Camacha, criada em 1995 com fundos comunitários para combater através da esterilização a mosca da fruta ou do Mediterrâneo na Madeira. O projeto foi encerrado em 2011, mas os equipamentos ainda se mantiveram na ilha por mais algum tempo.

Em 2016, o Governo Regional da Madeira e a sua Secretaria da Agricultura e Pescas decidiram ceder os equipamentos de esterilização ao Brasil, mais concretamente para Juazeiro no estado da Baía, curiosamente para combater o mosquito Aedes aegypty. Sim leram bem! Aquela espécie de mosquito que se está a tornar um problema por terras madeirenses.

Mais uma vez o Governo Regional a dar um tiro no pé. Durante anos existiu equipamento na região que permitia um combate mais vincado contra esta praga de mosquitos, e que agora que é necessário, e que foi cedido ao desbarato a países terceiros, com a desculpa que continha um elemento radioativo sintético que era uma preocupação para o governo.

A falta de resposta vigorosa a este problema terá naturalmente consequências económicas negativas, numa região que depende fortemente do turismo. Imagine-se que para viajar para a Madeira passará a ser aconselhado as tomas das vacinas x, y e z, à semelhança do que ocorre para certas regiões do planeta. Se calhar será um elemento desincentivador do turismo para a Madeira, levando a quebras no volume de turistas na região.

Esperemos que as autoridades regionais comecem a levar este problema mais a sério adotando medidas de controlo mais musculadas.

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