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Uma CETA apontada à Europa

Acordo é considerado pela esquerda europeia como um ataque às pequenas e médias empresas e aos consumidores europeus.
  • Kieran Doherty/Reuters
16 Fevereiro 2017, 07h25

O Acordo Abrangente de Comércio e Economia entre o Canadá e a União Europeia (CETA) foi aprovado no Parlamento Europeu (408 votos a favor, 254 contra e 33 abstenções), mas falta ainda ser ratificado pelos parlamentos nacionais. E não é líquido que isso venha a suceder: os partidos de esquerda consideram que o acordo – tal como sucede, aliás, com acordo semelhante em negociação com os Estados Unidos – abre as portas ao livre entendimento entre as grandes multinacionais, deixando de lado os interesses das pequenas e médias empresas e dos consumidores.

Em Portugal, o PAN divulgou um comunicado em que afirmava que o acordo é “um retrocesso no projecto social e igualitário da União Europeia”, que “dará mais força aos movimentos populistas e anti-Europa, tal como favorecerá o nacionalismo no continente europeu”, nomeadamente porque foi “debatido a portas fechadas, circunscrito a uma elite de burocratas e entidades corporativas”.

Desde o início das negociações que os acordos com a América do Norte têm merecido as maiores reservas por parte dos partidos mais à esquerda dos espectros nacionais – o que não foi o caso, em Portugal, tanto do PSD como do CDS, mas também do PS, cuja família política europeia votou a favor no Parlamento Europeu.

O novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump têm também mostrado muitas reservas em aceitar este tipo de acordos – não pelas razões da esquerda europeia, mas porque tem um conceito muito mais proteccionista da economia doméstica do que o que acontecia durante a presidência de Barack Obama.

Jean-Caude Juncker, presidente da Comissão Europeia, está nos antípodas: “o presente acordo progressivo representa uma oportunidade para moldarmos a globalização e influenciarmos o estabelecimento de regras comerciais globais. O melhor exemplo disto é o trabalho que já estamos a desenvolver com os nossos amigos canadianos para estabelecer regras multilaterais para lidar com questões de investimento”, disse no final da votação. Os debates nacionais deverão agora ocorrer rapidamente.

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