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O que vai marcar 2017? 20 personalidades respondem

O Jornal Económico pediu a personalidades de diversos quadrantes da sociedade para projetarem as suas expectativas sobre o que poderá ser marcante no próximo ano. São 17 opiniões + 3 que nos traçam retratos do que poderá ser decisivo na política, na economia, na vida em comunidade e no mais que transcende a forma que cada um pode dar aos tempos.
31 Dezembro 2016, 09h00

Ricardo Mourinho Félix, Secretário de Estado adjunto, do Tesouro e das Finanças

O ano de 2017 será crucial para a consolidação do crescimento e do emprego em Portugal, num quadro de recuperação de rendimentos e de uma política orçamental responsável.
O aumento da confiança e a execução plena do PT2020 serão essenciais para estimular o investimento, promovendo o aumento do potencial de crescimento.
A concretização do potencial de crescimento exige que as melhores empresas acedam a financiamento em condições idênticas às dos concorrentes. Para tal, o Governo prosseguirá a política ativa de estabilização do setor financeiro; implementará incentivos à capitalização das empresas; promoverá a diversificação das fontes de financiamento e a dinamização do mercado de capitais; e adotará, com os reguladores, uma solução de mercado para os ativos bancários depreciados e improdutivos. A reforma da arquitetura do sistema financeiro será concluída em 2017, em articulação com os reguladores.
Neste contexto, a saída de défice excessivo, uma execução orçamental responsável e a redução da dívida pública não poderão deixar de se materializar numa melhoria do rating de Portugal em 2017.
Mas 2017 será um ano cheio de desafios. Ao nível europeu, os resultados imprevisíveis das eleições em diversos países são um desafio para todos os que acreditam numa Europa unida, livre e democrática. Ao nível interno, enfrentaremos o desafio do crescimento inclusivo, que assegure um futuro próspero para todos os portugueses com base na educação, na solidariedade social e na criação sustentada de riqueza.

António Saraiva, Presidente da CIP

Olho para o ano de 2017 consciente dos desafios com que nos defrontamos e dos elevados riscos e incertezas que se colocam no plano internacional: tendências protecionistas que parecem alastrar a nível mundial, eleições cruciais em diversos países europeus, difíceis negociações com o Reino Unido.
Em Portugal, as mais recentes projeções macroeconómicas apontam para alguma aceleração do crescimento, continuando as exportações a constituírem a variável com maior contributo para o crescimento da atividade. O maior dinamismo da economia portuguesa face a 2016 seria assim sustentado pela recuperação do investimento empresarial.
Seria bom que estas perspetivas se confirmassem e que 2017 fosse, de facto, o ano do relançamento do investimento em Portugal, a par com o reforço das exportações.
Para tal, espero que as políticas públicas se concentrem no estímulo a estas variáveis chave do crescimento. Em particular, espero que no próximo ano sejam encontradas e implementadas soluções com o duplo objetivo de restruturar e capitalizar as empresas e dotar o sistema financeiro de maior solidez. Esta é uma questão crucial para ultrapassar um dos principais bloqueios ao investimento.
O ano que temos pela frente não será fácil. Mas sabemos, com clareza, o que queremos.
Empenhar-nos-emos em dar um novo dinamismo e acrescidas responsabilidades à concertação social. Em diálogo, defenderemos as nossas causas, fieis ao nosso compromisso de colocar a CIP ao serviço do desenvolvimento económico e social do nosso País.

Gonçalo M. Tavares, Escritor

A História já não anda evidentemente de bicicleta. Acelerou. Chegamos quase no mesmo momento em que partimos. O romântico subir para o dorso do cavalo foi substituído por esse movimento de subir para cima de nada; de algo que não tem corpo, não ocupa espaço. O veículo de transporte é agora o dorso da internet. Há muito tempo, pois, que um ano já não é um ano. Em termos de acontecimentos, velocidade e possível planeamento.
Dizia Wittgenstein que, quando dois filósofos se cruzavam no passeio, deveriam dizer, um ao outro: mais devagar, mais devagar!
Em 2017 a minha expectativa é que a velocidade dos factos e dos acontecimentos continue altíssima. E que os humanos continuem atrás dos factos e dos acontecimentos como alguém que acaba de perder o comboio e, como um louco, insiste em correr atrás dele.
Mas dizer de algo que é lento ou rápido deveria ser uma constatação descritiva, não um juízo de valor. Infelizmente, isso não acontece. Em tempos recentes, associou-se a rapidez a um valor positivo e a lentidão a um negativo. Dizer: isto é lento – transformou-se numa recriminação.
Mas todos percebemos o óbvio, não há valores absolutos: quando se exige velocidade, ser lento é desaconselhável; quando se exige lentidão e calma, ser rápido é uma tontice.
Sabemos que 2017 será veloz, cada vez mais. Mas tenho esperança de que, uma ou outra vez, consigamos dizer, não aos acontecimentos, mas a quem os quer entender: Calma, mais devagar.
Contam que muito antes de ser perceptível uma tempestade nas águas, já os caracóis põem os seus ovos nos troncos das árvores bem acima do normal, a uma altura a que as águas destrutivas não chegarão. Olhemos pois para os lentos deste mundo, talvez eles saibam, antes de todos, a que altura, e de que modo, chegará a tragédia.

Sikander Sattar, Presidente da KPMG Portugal

Em termos domésticos, teremos em 2017 o desafio de aliar o crescimento económico ao rigor orçamental. Como sublinha o senhor Presidente da República, é importante não descurar o enfoque na exploração dos mercados internacionais, em especial nas exportações de maior valor acrescentado.
No próximo ano, o mundo continuará a sua trajetória de transformação para uma economia digital e, como tal, as empresas portuguesas devem estar preparadas para a transformação dos seus modelos de negócio. Importa ainda estar atento aos temas de competitividade e previsibilidade fiscal, considerando em especial as medidas que estão a ser tomadas em geografias como o Reino Unido e Estados Unidos.
Também o senhor primeiro-ministro refere que o país segue uma aposta clara na educação, inovação e tecnologia, uma visão que, se concretizada, melhorará as perspetivas de investimento, crescimento e competitividade do país. É fundamental que Portugal se posicione como país atrativo para o investimento, com base na qualidade dos recursos humanos e na capacidade tecnológica. Acredito que continuarão a ser desenvolvidas competências que nos permitirão atrair cada vez mais hubs tecnológicos e de inovação, aproveitando a capacidade e o talento dos nossos recursos.
Estas capacidades ficaram claramente patentes em 2016, ano em que Portugal reforçou o seu posicionamento enquanto país gerador de lideranças internacionais. António Guterres foi nomeado secretário-geral das Nações Unidas, vencemos o Europeu de futebol e temos vários compatriotas em lugares de liderança de grandes instituições. Esperamos que 2017 nos traga mais sucessos.

Isabel Capeloa Gil, Reitora da Universidade Católica

2017 afigura-se um ano com mais riscos do que promessas: riscos de ordem política, com a ameaça da institucionalização de governos populistas na Europa e a incógnita que tais políticas podem trazer para economias globais abertas; riscos de ordem social, com ameaças de segurança a limitar as políticas de acolhimento e solidariedade para com os refugiados e o potenciar de tensões entre comunidades culturalmente distintas; riscos de ordem cultural, já que é na incapacidade para entender o que é diferente de nós que radicam as grandes tensões do século XXI.
Acredito, contudo, que as pessoas não se definem pelas circunstâncias e que os portugueses poderão sempre construir um futuro melhor, já em 2017. Num cenário que não se deixa contaminar por otimismo excessivo nem pessimismo extremo, espero um ano de crescimento moderado, mas sustentado, pelo turismo e um eventual crescimento das exportações, mas ainda sem o ajustamento do setor Estado.
No I&D, esperam-se resultados das medidas de estímulo ao investimento em ciência. Seria importante garantir uma relação biunívoca entre universidades e empresas. Na verdade, é essencial para o desenvolvimento do país a capacitação das empresas, através da criação interna de áreas de desenvolvimento de investigação e inovação, e as universidades são instrumentais, já que possuem e treinam os recursos humanos que serão os atores desta transformação.
2017 será um ano particular para a Universidade Católica Portuguesa, porque marca o seu 50º aniversário. Espero, por isso, que, tal como até aqui, e muito mais nos próximos 50 anos, a UCP continue a contribuir para marcar a agenda de transformação de Portugal.

António Ramalho, Presidente do Novo Banco

É inegável que 2016 correu bem melhor do que as melhores estimativas. A estabilidade política foi evidente, o que contribuiu para uma distensão social desejável. O deficit manteve a sua trajetória descendente e ficará dentro das ambiciosas previsões orçamentais. Alguns dos indicadores mais relevantes foram, à vez, recuperando, nomeadamente as exportações e previsivelmente o consumo neste último trimestre.
Só que isso cria um novo desafio. O ano de 2017 nasce com expectativas muito elevadas, onde se dão por adquiridas estimativas ainda incertas. A estabilidade política pode sair beliscada de eleições autárquicas com alianças de geometria variável. Só por si, a campanha eleitoral implicará alguma tensão interna. Se o deficit não parece vir a ser problema, a dívida pública associada à subida previsível dos juros pode trazer surpresas desagradáveis. A falta de espaço no consumo privado e as incertezas internacionais podem trazer más notícias ou tempos desafiantes para os fundamentais económicos.
Assim, o maior desafio de 2017 vai ser a gestão das expectativas. A expectativa na gestão do crescimento, a expectativa na gestão da dívida e a expectativa na gestão dos consumos. E para a gestão destes três desafios o campo pode estar negativamente inclinado. O crescimento vai depender da procura externa muito incerta e de um investimento privado que tarda a ressurgir. Os juros dependem de prémio de risco que os investidores estrangeiros não querem reduzir. E o consumo tem no crescimento do preço dos combustíveis e do crédito à habitação o seu principal desafio.
Em resumo, 2017 parece simples, mas não será.

Valter Hugo Mãe, Escritor

Certamente por ser optimista, conto que um decoro, inevitavelmente medroso e puritano, retome na Europa um pensamento humanista e de pendor social como resposta ao Brexit e ao grotesco da presidência de Trump nos EUA. Já não me importa muito que seja um certo medo e o puritanismo a lembrar que sonhámos ser melhores. De todo o modo, pelas mesmas razões abraçámos a crise e nos extremamos.
Quero muito que o despudor anómalo de Trump ser presidente se torne tão evidente que a boa gente do resto do mundo se consciencialize para um novo superior exercício da política. A reabilitação da Europa tem uma exigência sobretudo moral. A economia precisa de aceder à ética.
O meu optimismo leva-me a crer que Le Pen perde em França. As eleições francesas serão o ponto fulcral para a continuidade do projecto europeu e acredito que, depois do Brexit e de Trump, nem que seja por uma arrogante convicção de bondade, os franceses vão querer votar como sabem que devem.
Tão perto de ser desastroso, 2017 poderá ser o regresso a uma ideia de Europa mais consciente e esperançada. Deixando para trás a possibilidade de um “Grexit” e até mesmo o desaparecimento do espaço Schengen. O problema do mundo estará em descobrir equilíbrio para a polarização das potências, com a China imparável, a Rússia de volta às ideias mais obstinadas, a Turquia cheia de rancores ou a América do Sul, com o Brasil tragicamente incluído, continuamente claudicando numa instrumentalização do poder por esquemas de corrupção astronómica.
O futuro não parece nada coisa para a felicidade. A única forma de manter algum optimismo é a de se acreditar que o mal maior dos outros se torne elucidativo para a decisão mais cuidada dos nossos. Até que o mal de cada um seja suficiente para que não necessitemos de errar outra vez. Coisa que nunca acontecerá. Que ser optimista não é loucura, é só uma firme vontade de viver.

João Vieira Lopes, Presidente da CCP

Donald Trump, Brexit, eleições em França, Alemanha e Holanda. BCE com ou sem Quantitative Easing, mercados, taxas de juro da dívida, agências de rating. Tudo variáveis que não controlamos.
E Portugal? O Orçamento possível, que passou no crivo europeu, mas longe de ser amigo das empresas e do investimento. Uma dívida impagável (a portuguesa e a dos países da Europa do sul), e um serviço de dívida asfixiante do crescimento económico.
Que poderemos fazer? Não baixar os braços, aproveitar as frestas que se abrem na ortodoxia europeia, potenciar as nossas mais-valias:
• O capital humano, melhorando a qualificação de trabalhadores e empresários, abrindo caminho à investigação e à inovação, aproveitando as potencialidades dos que ficaram e da diáspora;
• O território, valorizando a agricultura e as pescas, o turismo e a fixação de não residentes, a localização geográfica como um interface continental e intercontinental, rentabilizando as infraestruturas;
Não se esperam grandes resultados em 2017. Crescimento fraco, rendimentos baixos, desigualdades altas. Vamos gerir de um modo realista, melhorando o possível nas empresas, na exportação, na administração pública, na saúde, na educação e em todas as áreas em que há muito a fazer, modernizar, simplificar, facilitar.
Mas não percamos o sentido estratégico. Se nos afundarmos apenas no dia a dia não haverá futuro. Valha-nos o otimismo do Presidente da República e do primeiro-ministro. Não chega mas alivia!

Carlos Zorrinho, Eurodeputado

Perspetivar o futuro tem vindo a tornar-se num exercício cada vez mais difícil, à medida que a complexidade aumenta e a velha ordem mundial se desfaz.
Viver a transição entre a velha e a nova (des)ordem mundial é uma oportunidade para reconfigurar um mundo cada vez mais insustentável, quer em termos do equilíbrio ambiental do planeta, quer em termos do aumento das desigualdades e da ausência de condições de dignidade para uma parte significativa da sua população.
Neste quadro, Portugal tem um papel relevante a desempenhar em 2017.
Como afirmou António Guterres, podemos ser um país de referência em termos de direitos humanos e dar um contributo para um novo entendimento global entre os povos.
Podemos ser também uma referência de diálogo, abertura e sensibilidade social para as respostas que a União Europeia tem de encontrar de propósito para a crise em que está mergulhada.
Finalmente, temos de continuar a ganhar posições na capacidade de aproveitar os novos desafios económicos, apostando no conhecimento, na inovação, no empreendedorismo e na transição energética e tecnológica.
2017 será um ano de grandes desafios nacionais e internacionais. Mas será, primeiro que tudo, um ano de desafios pessoais.
Para as portuguesas e os portugueses, é um ano que começa com confiança renovada. Mostrámos em 2016 que somos um povo capaz de superar limites e vencer, quando acreditamos e trabalhamos em conjunto. Que assim continuemos, com sucessos pessoais e coletivos, são os meus votos para 2017. n

António Vieira Monteiro, Presidente do Banco Santander Totta

O ano de 2016 foi um ano de mudança, que nos deixa otimistas para os próximos tempos que se aproximam. Apesar das incertezas que se mantêm, inerentes ao contexto económico difícil, o trabalho que temos vindo a desenvolver deixa-nos confiantes relativamente ao futuro.
No Santander Totta, delineámos há já bastante tempo um modelo de negócio, que se tem revelado o mais adequado, como mostram os resultados obtidos e os vários prémios que o Banco tem recebido. Temos vindo a crescer, sem qualquer ajuda estatal e com base na atividade doméstica, continuamos a apresentar os melhores rácios e os melhores ratings, o que nos permitiu continuar a apoiar as famílias e as empresas portuguesas. A quota de mercado de crédito em empresas cresceu 4 pontos nos últimos três anos, com destaque para a produção de crédito dirigido a valores inferiores a 1M€, onde o Banco já representa 19% da produção de crédito no país. Ao nível da produção de crédito à habitação, praticamente um em cada cinco novos empréstimos é originado no Santander Totta. Adquirimos ativos e passivos do Banif e, em tempo recorde, já integrámos essa operação comercial na nossa estrutura.
Estes e outros indicadores deixam-nos, por isso, com expetativas altas para 2017. Vêm aí novos desafios mas sabemos que estamos preparados para os enfrentar. Temos uma estrutura ágil e moderna, colaboradores bem preparados e um foco nos Clientes, o que nos permite responder da melhor forma às suas necessidades cada vez mais exigentes. Sabemos também que o mundo está a mudar, será cada vez mais tecnológico e assente nos canais digitais, e a Banca tem necessariamente de acompanhar essa transformação. Caso contrário, ficará para trás.
Por outro lado, acreditamos que os problemas dos últimos anos que têm afetado o setor bancário se começarão a resolver. É importante haver bancos sólidos, com bons ativos e um modelo sustentável que garanta a sua rentabilidade. Só assim estarão criadas as condições para a economia prosperar, propiciando o crescimento e o aumento do investimento em bons projetos.
Da nossa parte vamos continuar a trabalhar para contribuir para o desenvolvimento das famílias e das empresas portuguesas, crescendo a nossa atividade com base na solidez de balanço, na eficiência operacional, na prudência de riscos, e na qualidade de serviço e dos produtos. Procurando ser ainda mais o banco de referência no apoio à comunidade para a qual trabalhamos.

Nilton, Humorista

Já passei por anos suficientes para não esperar grande coisa deles. A maioria desiludiu-me sobremaneira e 2016, que entrou cheio de promessas de prosperidade, levou-me uma boa parte dos artistas que admiro, e as finanças levaram 50% que também me dariam muita felicidade.
No que respeita às expectativas para 2017, avanço à ganância que não posso confiar num ano que logo no primeiro mês nos brinda com Donald Trump na Casa Branca. É como ter um primeiro encontro e a pessoa vomitar na sala. E não quero com isto dizer que nos desejos das 12 passas peça impossíveis como o Jorge Jesus aprender a falar espanhol (e muito menos português), ou que tenhamos um Ronaldo e um Fernando Santos “da gestão” à frente de cada empresa pública. Isso seria – usando uma expressão vinícola – artificiar a coisa.
Espero apenas que 2017 faça o mesmo que os grevistas, que cumpra os serviços mínimos deixando Marcelo continuar a compensar o povo com os beijos que Cavaco não deu e que o juiz Carlos Alexandre continue a fazer Airbnb em Évora.
Na verdade, espero dele o mesmo que de um arrumador a quem não dou uma moeda, que não me risque a pintura, porque não devemos esperar muito dos anos, correndo o risco do resultado ser como nalguns restaurantes com estrelas Michelin. Entramos a acreditar que vão valer a pena e, na maioria dos casos, saímos arrependidos e sempre com menos dinheiro do que entrámos.

Fernando Gomes, Presidente da Federação Portuguesa de Futebol

No ano de 2017, a Federação Portuguesa de Futebol, que gere 22 seleções nacionais e mais de 30 competições, enfrentará desafios renovados e entusiasmantes.
Com o ano a iniciar-se sob os auspícios do Football Talks, cuja a edição contará com a presença dos presidentes da FIFA, Gianni Infantino, e da UEFA, Aleksander Ceferin, no Estoril, a FPF também distinguirá os melhores do nosso futebol na Gala Quinas de Ouro.
A seleção nacional AA continuará a procurar a qualificação para o Mundial 2018 da Rússia e defenderá o seu título de campeão europeu na importante Taça das Confederações. Partimos para estas novas etapas com a clara ambição de fazer ainda melhor para podermos corresponder ao incondicional apoio dos portugueses à nossa seleção!
Depois as agendas estarão repletas de eventos que queremos inesquecíveis. As nossas quatro seleções nacionais, masculinas e femininas, de sub-17 e sub-19, marcarão presença na Ronda de Elite dos respetivos europeus, onde vão lutar para garantir a presença na fase final.
A seleção nacional sub-17, campeã europeia em título, e a seleção nacional sub-19, semi-finalista do último Euro 2016, tentarão igualmente conquistar o Troféu Maurice Burlaz, atribuído, de dois em dois anos, à melhor nação europeia nos escalões de formação. Portugal, recorde-se, ocupa, no final do primeiro ano da competição, o 1º lugar isolado.
Com as principais seleções nacionais já completamente adaptadas à nossa Cidade do Futebol, apoiaremos, pela quarta vez consecutiva, a presença de Portugal na fase final do Campeonato do Mundo de sub-20, a disputar na Coreia do Sul, no mês de maio.
Já no Verão, a seleção nacional sub-21 jogará, na Polónia, a fase final do Euro 2017, depois de, há dois anos, ter sido finalista vencido da República Checa.
Na Holanda, por sua vez, Portugal fará história ao participar pela primeira vez no Campeonato da Europa Feminino. As nossas meninas, comandadas por Francisco Neto, já deram provas da verdadeira revolução que levámos a cabo no futebol feminino, com mais praticantes, melhores competições e melhores resultados. Nos Países Baixos, tudo faremos para cimentar o nosso crescimento e demonstrarmos que o futebol feminino merece o carinho de todos nós.
Se nos comprometemos no nosso programa eleitoral a unir o futsal e o futebol de praia ao futebol de onze nas nossas instalações em Oeiras, esse projeto irá caminhar de mãos dadas com a tentativa de nos qualificarmos pela 9ª vez seguida para o Campeonato da Europa de Futsal. Nas Bahamas, por sua vez, vamos defender, depois de um apuramento brilhante, o nosso título mundial de Futebol de Praia.
Procuraremos a excelência nas nossas competições nacionais, apoiaremos, como é a nossa marca de água, os nossos clubes, jogadores, treinadores, árbitros, dirigentes e sócios.
Lutaremos pela verdade desportiva. A implementação do vídeo árbitro, o combate à viciação de resultados, o combate à corrupção desportiva, a transparência e o acesso rápido à justiça desportiva são compromissos de honra de que não abdicaremos em nenhuma circunstância.
Caminharemos na direção da afirmação dos nossos compromissos estatutários: continuar a crescer em número de praticantes, femininos e masculinos, de futebol em Portugal.

João Vieira de Almeida, Managing Partner da VdA

Para 2017 prevejo imprevistos. Os imprevistos de uma política americana que apenas se pode adivinhar radicalmente diferente da que foi seguida nos últimos oito anos, sem porém se conseguir antecipar em que consistirá exatamente. Os imprevistos de uma redefinição da relação dos EUA com a Rússia e com a China, em termos que não se decifram por enquanto. Os imprevistos que nos esperam numa Europa em ciclo eleitoral, com o Brexit a arrastar-se em slow motion e a xenofobia a avançar em fast forward. E os efeitos imprevistos que tudo isto pode ter no delicado equilíbrio existente nos mercados e nas atuais condições de funcionamento e financiamento da economia.
Por cá, e ainda que apeteça manter os olhos fechados e continuar a sonhar com um país de sol, turistas e imobiliário ao rubro, não há como fugir a esse horizonte de imprevisibilidade. Fragilmente dependentes de variáveis macroeconómicas que não dominamos nem influenciamos, é forçoso que nos preparemos para cenários muito exigentes, que irão testar a responsabilidade, a habilidade e as competências de todos, incluindo partidos, PR, governo e parceiros sociais, bem como empresas.
Não sabemos se, quando ou como esses cenários se materializarão e que impactos efetivos terão. Mas em 2017 seria uma irresponsabilidade se os agentes públicos e privados não antecipassem planos de contingência e se o Governo não desenvolvesse recatadamente, em paralelo ao otimismo oficial, uma linha de ação para responder aos previstos imprevistos.

Agostinho Pereira de Miranda, Sócio fundador da Miranda & Associados

No final do ano de 2015, poucos poderiam prever o que se passou em 2016. Do Brexit à eleição de Donald Trump, não têm faltado surpresas no ano que agora acaba. O mesmo vai acontecer certamente em 2017. Quando se fala do futuro, a única coisa certa é a incerteza. Mas há uma afirmação que se pode fazer com mediana segurança: os acontecimentos políticos internacionais de 2016 tornaram ainda mais incerto o nosso futuro coletivo.
Os riscos de base são, já de si, elevados. Mas os sistemas complexos em que assenta a nossa vida quotidiana tendem a multiplicar os efeitos de pequenas falhas do sistema e assim potenciar até à catástrofe as consequências de qualquer erro ou engano menores. Um tweet com a palavra errada – como aconteceu há dias com Trump – pode conduzir a uma reação desproporcionada desencadeadora de retaliações em cadeia cada vez mais perigosas. A humanidade é constituída por indivíduos, incluindo os seus líderes, com um quadro de comportamentos razoavelmente adequados aos problemas com que se defrontam há milhares de anos. Mas a civilização é uma fina camada de verniz com poucos séculos.
A mente humana está mal apetrechada para lidar com situações de múltiplas variáveis em que a margem de reação adequada se mede em segundos. Por outro lado, os tentaculares sistemas cibernéticos e as plataformas digitais autónomas dispensam frequentemente a intervenção humana em situações de risco extremo ou de ameaça existencial. Tudo isso para nos proteger, dizem-nos. Mas quem nos vai proteger dos nossos protetores?

Cátia Miriam Costa, Investigadora

2017 é esperado com expectativa, mas com poucas surpresas. As sementes da instabilidade foram sendo semeadas anos antes e começaram a germinar este ano. A subida das direitas radicais, a eleição de Trump nos EUA, o aumento das ameaças terroristas e da violência das guerras no Médio Oriente e sua internacionalização não deixam margens para dúvidas. O mundo está menos previsível, mais instável e menos seguro.
Para dar resposta a esta situação, 2017 será provavelmente o ano em que a negociação política e a medição de forças entre protagonistas políticos, ao nível interno, e entre países e blocos regionais, ao nível externo, voltarão a estar no centro da governação dos Estados. Nem tudo o que foi semeado em 2016 será colhido ou corrigido em 2017, mas condicionará o novo ano.
Perante estes desafios, invoco a velha máxima: o mundo é aquilo que dele fizermos. A catástrofe não chegará se a soubermos impedir. Localizado o problema, há que buscar a solução, mesmo que isso nos leve a parcerias ou coligações imprevisíveis e antes indesejadas.
Assim, este será apenas mais um ano a colher os frutos do anterior e a ter de gerir uma herança pesada. O passado ensina-nos que é possível reverter a marcha nos caminhos errados. Esperamos que este seja um desses anos e que trabalhemos todos juntos para esse fim.

José Eduardo Agualusa, Escritor

2017 tem quase tudo para ser um ano mau — então talvez não seja. O futuro costuma fintar todas as expectativas.
Em primeiro lugar, será o primeiro ano do mundo sujeito à loucura de Donald Trump. Tudo pode acontecer. A esperança é que antes de causar sobressalto no planeta, Trump consiga causar tanta inquietação no interior do seu próprio país que não tenha tempo nem condições para se ocupar em desassossegar o resto do mundo. A ver vamos.
Em Angola será o ano em que José Eduardo dos Santos irá abandonar o poder. Ou não. Em caso afirmativo, vamos ver como decorre a transição, e se abre uma janela para um quadro mais democrático. JES não preparou o país, nem sequer o seu próprio partido, para uma verdadeira transição. Vão ser meses perigosos, mas também de alguma esperança.
Espero que em Moçambique se alcance finalmente uma paz verdadeira, embora poucos acreditem nisso. Talvez o drama pessoal que se abateu sobre Armando Guebuza contribua para que este se afaste verdadeiramente da esfera do poder (político e económico), dando mais espaço e liberdade ao atual presidente.
Em Cuba também há alguma ansiedade. Será que vamos assistir a uma abertura democrática? Gostaria que isso acontecesse sem violência, e sem que Cuba perdesse algumas das boas conquistas da revolução.
Resumindo: há muito de mau passado no futuro que aí vem. Não será um ano fácil, mas pelo menos temos a certeza de que haverá notícias interessantes todos os dias. Será um bom ano para os jornais.

Gonçalo Reis, Presidente da RTP

O peso crescente do digital continuará a ser a chave da evolução dos media. Os hábitos dos consumidores apontam nessa direção, a utilização de suportes móveis acelera, o acesso a uma oferta quase infinita coloca enorme pressão sobre os emissores. Neste contexto, que é cada vez mais uniforme nos mercados mais avançados ou em Portugal, nas geração dos millennials ou nas camadas mais adultas, as empresas de conteúdos terão de colocar o digital no centro da sua estratégia empresarial. Manter a relevância implicará colocar um grande ênfase na oferta online, perceber as tendências do mercado, inovar nos produtos, investir em tecnologia e ser muito persistente. Na RTP teremos importantes iniciativas nestes domínios, como uma nova app de notícias com funcionalidades inovadoras no mercado, o lançamento de mais uma newsletter diária em articulação com o canal de informação, a criação de um portal “Palco RTP” que agregará conteúdos vídeo e som de concertos que a estação produz ou transmite.
Em termos de formatos de televisão, a aposta primordial em todo o mundo continuará a girar à volta das séries. Os principais operadores públicos, os canais comerciais e também players como a Netflix, a Amazon e outros OTT, estão cada vez mais empenhados em produzir séries, de drama, históricos, de humor. Os orçamentos atingem valores extraordinários, a qualidade de realização aproxima-se do universo do cinema, o arrojo dos projetos é evidente. Nesta área, a RTP, com as especiais obrigações que lhe cabem, quer simplesmente dizer “presente”, ou seja, posicionamo-nos na linha da frente, fazendo aquilo que se faz em todo o mundo e contribuindo para qualificar e diversificar o primetime televisivo. Consolidaremos uma política estrutural de desenvolvimento de ficção de qualidade, produzindo e emitindo dez séries novas em 2017. Daremos assim um passo em frente no fomento da criatividade nacional, estimulando o setor audiovisual e gerando oportunidades para os produtores independentes e para uma geração de realizadores, argumentistas e atores cheios de talento.

José Manuel Bernardo, Presidente da PwC

Para uma economia aberta e pequena como a portuguesa, a envolvente internacional é de extrema relevância. Tendo em conta os desenvolvimentos políticos, económicos e sociais dos últimos meses, antevejo a manutenção de crescimentos relevantes em alguns países emergentes, tais como a Índia, China, Irão e vários países africanos.
A evolução das economias desenvolvidas dependerá, em larga medida, da atuação do novo presidente dos Estados Unidos, da evolução das negociações entre a EU e o Reino Unido relativas ao Brexit e do desfecho das eleições na Alemanha, França e Holanda.
Os desenvolvimentos no setor bancário italiano, bem como a evolução da envolvente política do país serão certamente relevantes para o mundo, a Europa e Portugal. Se se confirmarem os priores cenários sobre a situação da banca italiana, teremos certamente um agravar das condições de financiamento de todas as economias do sul da Europa, com impactes potenciais bastante negativos para Portugal. No capítulo político e social, antevejo uma Europa condicionada pelos efeitos dos atentados terroristas ocorridos durante 2016, o que potencia o ressurgimento de movimentos extremistas e políticos demagógicos com todos os efeitos nefastos associados.
Em Portugal, para além dos efeitos externos mencionados, viveremos condicionados pelo défice e pela necessidade de negociar acordos entre os partidos que apoiam o atual governo, relativamente a matérias relevantes para o desenvolvimento do país para a modernização do Estado. n

Nuno Amado, Presidente do Millennium bcp

O rating de Portugal será um dos temas que irá marcar o próximo ano. Embora não tenha merecido a relevância de outros tempos, este será um ponto essencial para o país. Desta forma, a expectativa do presidente do Millennium bcp é que haja uma revisão positiva. Espero “que o rating de Portugal possa melhorar, tema a que não se dá a importância adequada, mas que é absolutamente essencial”, adiantou Nuno Amado, num depoimento ao Jornal Económico.
A Moody’s será a primeira agência de rating a rever a notação de Portugal e deverá fazê-lo logo a 13 de janeiro. Atualmente, a Moody’s, atribui à República Portuguesa um rating de Ba1 com perspetiva estável.
Já a Fitch que tem uma nota atribuída a Portugal de BB+ com perspetiva estável, deverá voltar a olhar para o rating nacional a 3 de fevereiro.
A Standard & Poor’s, que fixou o rating da República portuguesa em BB+ com perspetiva estável, fará a sua avaliação a 17 de março.
Enquanto a canadiana DBRS, a única agência que atualmente coloca a dívida portuguesa acima de “lixo” ao atribuir uma nota de BBB ‘low’ e perspetiva estável, irá pronunciar-se sobre o rating do país a 21 de abril.
Quanto ao sector, o presidente do BCP deseja “que a banca deixe de estar na primeira página dos jornais”, pelo menos pelos motivos que têm ocorridos nos últimos tempos, devendo assim focar-se nos desafios que tem pela frente.

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