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Santana é sensível ao argumento do interesse nacional mas não expõe a Santa Casa a um risco “indevido”

“Deixou quase deixou de haver bancos portugueses e isso também preocupa o Banco de Portugal”. Por isso a Santa Casa está a avaliar se há condições para entrar no capital do Montepio. Está prevista uma posição de 10%.
6 Junho 2017, 22h34

“Não ponho a Santa Casa em risco. Isso está fora de questão”, disse  em entrevista à SIC Pedro Santana Lopes, acrescentando que se for considerado que o investimento no capital da Caixa Económica Montepio Geral é “um risco indevido, não entramos, não tenha duvidas nenhumas sobre isso”. O Provedor da Santa Casa diz ainda que o Governo é sensível a esse argumento da Santa Casa.

Como é já público as autoridades querem muito que a Santa Casa entre no capital do Montepio, a questão é que sem acionistas privados  (que têm de vir da área da economia social, dada a característica do banco) o banco liderado por Félix Morgado encontra-se numa situação muito complicada, pois mais cedo ou mais tarde vai ser chamado a reforçar os rácios de capital e a única acionista  (quando passar a SA) é a Associação Mutualista que tem capitais próprios negativos.

O provedor da Santa Casa disse que não estava a ser pressionado pelo Governo para entrar no capital da Caixa Económica.

“O processo está ainda numa fase inicial, é preciso tempo para tomar uma decisão e neste processo, a Santa Casa não vai assumir riscos que não possa comportar”, explicou Pedro Santana Lopes que admitiu ter consultoras a estudar o dossier.

“Não quero ser banqueiro nem ninguém na administração quer ser bancário”, diz Pedro Santana Lopes em entrevista ao Jornal da Noite da SIC.

Em causa está a possibilidade de a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa ser acionista com 10% do Montepio. Segundo fontes do Jornal Económico essa participação pode envolver um investimento não inferior a 180 milhões.

Uma vez que a Associação Mutualista tem 285 milhões de unidades de participação de um fundo que participa no Montepio e 115 milhões estão dispersos em bolsa, na passagem a Sociedade Anónima, a Associação fica com 94,7% e os outros investidores ficam com 5,3%. Como a conversão das UP cotadas é de um para um, se 115 milhões são 5,3%, 10% representa um investimento de 217 milhões de euros. O que poderá ser incomportável para a Santa Casa, que na prática parece dizer que só entra com um desconto face ao valor de mercado. “Só aceitaremos se a participação for feita à medida das nossas capacidades”, disse à SIC.

Segundo o Jornal Económico sabe a probabilidade de a Misericórdia de Lisboa entrar sozinha é enorme, pois as misericórdias não têm propriamente folga financeira, esse é por exemplo o caso da União das Misericórdias, liderada por Manuel Lemos. A ideia de um veículo que unisse várias misericórdias para investir no Montepio parece ser uma utopia difícil de passar à prática.

“O interesse nacional tem de implicar que a Santa Casa não está em risco. Se o risco for indevido não entramos”, deixou claro Santana Lopes. Para o provedor a missão da Santa Casa passa pelo investimento em acção social e saúde e que esse continuará a ser o foco da instituição. “Acha que queremos fazer alguma coisa que arruíne a Santa Casa? A Santa Casa tem resultados como nunca teve e não vou dar cabo disso”, disse.

O mercado tem dito que uma decisão terá de ser tomada até ao fim deste mês. Entretanto o Jornal Económico confirmou que o prospecto da admissão à cotação do Montepio já está em análise pela CMVM.

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