Lisboa está entre as 21 cidades mundiais consideradas do futuro, que estão preparadas para os empregos do amanhã e nas quais a tecnologia, a inovação ou o empreendedorismo fazem parte da rotina das pessoas e empresas. A capital portuguesa está na mesma lista de grandes “bolsas de ideias” como Telavive ou Shenzhen pela estabilidade do governo, a qualidade do ensino e o acesso a financiamento de privados, segundo explicou ao Jornal Económico (JE) a norte-americana Cognizant, que elaborou o ranking.
A empresa de software de Nova Jérsia apercebeu-se de que, com a pandemia, “as pessoas estão a tentar reconstruir-se”. “A quarta revolução industrial e a pandemia estão a transformar a economia à escala global e são necessários novos talentos, novas competências e novas atitudes”, disse ao JE o diretor ibérico da Cognizant, Manuel Avalos Berzal.
É a primeira vez que o vosso laboratório de investigação (Cognizant Center for the Future of Work) faz este estudo. O que é exatamente o ‘ranking’ dos 21 lugares do futuro?
É um roteiro que permite às empresas, aos governos e às pessoas aprenderem com o sucesso de outros lugares em expansão para lá das histórias mais óbvias tais como Londres, Nova Iorque, São Francisco e Sidney. Muitas das inovações que mudaram o mundo surgiram em lugares inesperados, que se tornaram grandes centros de inovação e polos de geração de emprego com repercussões globais, como por exemplo Manchester e Silicon Valley. Os 21 lugares estão relacionados com uma tecnologia ou um conceito chave, porque o objetivo da pesquisa é identificar exatamente onde é que estas tendências ocorrem, onde estão as bolsas de inovação e novas ideias, quais são os locais mais acessíveis e agradáveis para trabalhar e viver, e para os quais irão gravitar as pessoas.
“A única coisa que os 21 têm em comum é o desejo de criar ou recriar o futuro para oferecerem às pessoas os empregos do amanhã”
Entre os vários tópicos que colocaram Lisboa neste ranking, como a sustentabilidade, as infraestruturas ou as universidades, qual teve maior peso para a empresa?
Utilizando a metáfora de um átomo, a Cognizant procedeu à análise dos ‘núcleos’ e dos ‘eletrões’ de cada lugar, criando um ‘átomo de sucesso’ para cada uma das cidades/lugares que surgem no estudo. No centro encontram-se três elementos bem definidos: governo local, qualidade das escolas e universidades e acesso ao capital privado. No entanto, cada núcleo precisa de eletrões à sua volta. No estudo, os eletrões são constituídos por oito componentes: infraestrutura física, ambiente (sustentabilidade), estilo de vida (diversidade e inclusão), cultura e entretenimento, “tijolos” (arquitetura), clicks (infraestrutura digital), grupos de talento e acessibilidade. A esta informação foram adicionados dados provenientes de fontes como Fórum Económico Mundial, Projeto De Justiça Global e ESI ThoughtLab.
Onde é que Lisboa marcou mais pontos?
Lisboa obteve excelentes pontuações em todos os parâmetros e foi, por isso, eleita como uma das três únicas cidades europeias que integram a lista final, tendo sido considerada como uma cidade sofisticada, que se destaca por: possuir um governo/administração local estável; pela qualidade das suas universidades; acesso ao capital privado; excelentes infraestruturas; por ser uma cidade sustentável ou ‘verde’; por ser um lugar onde é fácil trabalhar, vasta oferta cultural e de entretenimento que disponibiliza; segurança; oferecer um bom nível/custo de vida; e ser uma grande pool de talentos. Lisboa foi também considerada pelo nível da utilização intensiva da automatização, dos algoritmos e da inteligência artificial: as novas tecnologias que se repercutem nas nossas vidas profissionais e pessoais, e de onde emergirão os empregos do futuro.
“O ecossistema de startups de Portugal está a crescer duas vezes mais rapidamente do que a média europeia”
A que se deve o título de “Europe’s capital of cool”?
Além da sua vibrante vida noturna, das atividades culturais, do clima e da comida fantásticos, Lisboa reinventou-se como um centro global de inovação e serviços nearshore para a Europa continental. O ecossistema de startups de Portugal está a crescer duas vezes mais rapidamente do que a média europeia, de acordo com Startup Europe Partnership. A capital portuguesa já reúne mais de 30 incubadoras e aceleradoras e alberga já quase 50 espaços de co-working, de acordo com o Invest Lisboa. E soma vários casos de sucesso, como a Virtuleap – uma plataforma virtual para exercitar o cérebro – e a Codacy – uma ferramenta que permite a revisão automática dos códigos.
“Só no ano passado a Cognizant contratou mais de 500 pessoas em Lisboa”
Que projetos a Cognizant tem desenvolvido em Portugal, concretamente em Lisboa, para apoiar a cidade a tornar-se futurista e a fixar a posição nesta lista?
A Cognizant em Portugal é principalmente um hub de serviços nearshore para grandes empresas do sector tecnológico no país e na Europa continental. Só no ano passado contratámos mais de 500 pessoas em Lisboa. A nossa equipa, multidisciplinar e multicultural que é composta por mais de 50 nacionalidades diferentes, responde às necessidades dos nossos clientes em 15 idiomas diferentes.
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