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Apenas metade das empresas do sector industrial está alinhada com metas do Acordo de Paris

Embora o sector tenha delineado metas ambiciosas para a redução de emissões até 2030, ou até mesmo a neutralidade carbónica até 2050, os objetivos não são abrangentes. Cerca de 50% ainda não delineou objetivos em linha com o Acordo de Paris.
7 Julho 2021, 14h02

As empresas do sector industrial, em todo o mundo, têm vindo a estabelecer metas ambiciosas em matéria de sustentabilidade para a próxima década, mas os valores continuam aquém do necessário. Apenas 20% comprometeu-se em descarbonizar totalmente as suas operações e 40% quer ter operações 100% renováveis até 2030.

Esta é uma das principais conclusões do novo “Sustainable Operations” do Capgemini Research Institute, divulgado esta quarta-feira, onde revela também que apenas 51% dos fabricantes em todo o mundo tem os objetivos estabelecidos pelo Acordo de Paris, para travar o aquecimento global, integrados nas suas estratégias e programas.

De acordo com o estudo, do qual foram entrevistados mil executivos de grandes empresas do setor industrial responsáveis por desempenharem todo o tipo de funções de negócio em várias geografias, a Alemanha (68%) e a França (67%) lideram a lista dos países alinhados com estas metas. Em Portugal, António Costa anunciou que seis mil milhões de euros do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) estão destinados à descarbonização, sendo que desses, mais de metade irá para o sector da industria.

Segundo o Roteiro para a Neutralidade Carbónica 2050, as emissões da indústria representam cerca de um quinto das emissões nacionais, das quais 62% associadas a queima de combustíveis fósseis e 38% a emissões de processo. É o caso das indústrias mineral (cimento, cal, vidro, cerâmica), química ou da pasta de papel.

Tecnologia e políticas públicas podem impulsionar descarbonização

Segundo o estudo, o sector industrial não tem uma abordagem abrangente sobre a sustentabilidade, e a evolução das práticas sustentáveis continua a ser incipiente: só 10% das organizações tem uma abordagem holística à produção sustentável.

Por outro lado, só 38% das organizações dá prioridade às emissões de scope 1 (emissões diretas que as empresas detêm ou controlam), mas são ainda menos as que estão focadas no scope 2 (emissões indiretas como a produção da eletricidade utilizada pela organização) e no scope 3 (todas as outras emissões indiretas que ocorrem na cadeia de valor das empresas). Os outros aspetos potenciadores das emissões de carbono indiretas que estão para além dos seus processos internos são simplesmente negligenciados.

Segundo o estudo, as empresas do sector industrial devem ir além das práticas de reduzir, reutilizar e reciclar e adotar uma abordagem mais abrangente que inclua redesenhar, recuperar e recondicionar os materiais e os produtos existentes. Ainda que a maioria das empresas se concentre nas emissões diretas para alcançar os seus objetivos de neutralidade carbónica, a maior componente das suas pegadas ambientais advém das emissões indiretas que são produzidas quer por si, quer pelas suas respetivas cadeias de valor.

Face a esta realidade, o Capgemini Research Institute apresenta as práticas que devem ser adotadas em matéria de sustentabilidade em cada uma das áreas e identifica os cinco principais factores de sucesso para as empresas alcançarem os seus objetivos de sustentabilidade.

Além de recomendar que os objetivos das equipas de vendas e dos responsáveis pela sustentabilidade sejam alinhados de modo a clarificar as sinergias que podem ser obtidas entre desempenho e sustentabilidade num programa comum, a instituição recomenda que se trabalhem com clientes e fornecedores para reduzir as emissões indiretas.

A transparência, através de relatórios e a integração de métodos de trabalho e de uma cultura corporativa mais sustentáveis também poderão impulsionar uma operação mais “verde”, sem deixar de lado o investimento em tecnologia e inovação.

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