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Ausência de “ruído” político vai manter juros da dívida portuguesa em queda, prevê Bankinter

Equipa de análise de mercados financeiros do Bankinter aponta para a resiliência da atividade económica em Portugal, a “previsibilidade” política e a “procura por rentabilidade positiva no mercado de obrigações soberanas europeias”. O ‘spread’ de risco da dívida portuguesa poderá mesmo ficar abaixo do equivalente espanhol.
  • Mário Cruz / Lusa
11 Abril 2019, 07h49

A tendência de diminuição dos juros da dívida soberana portuguesa deverá manter-se no próximo trimestre e o spread de risco pode cair abaixo do equivalente espanhol “muito em breve”, antevê o Bankinter no relatório “Estratégia de Investimento para o segundo trimestre de 2019”.

De acordo com a equipa de análise de mercados financeiros da instituição, a justificar a possibilidade está a conjugação de três factores: “a resiliência da atividade económica, nomeadamente da procura interna”; a “relativa estabilidade e previsibilidade ao nível político, que contrasta com alguma incerteza no país vizinho (eleições antecipadas em abril) ou o Brexit no Reino Unido”; e a “procura por rentabilidade positiva no mercado de obrigações soberanas europeias, numa altura em que a yield a 10 anos oferecida pela Alemanha se encontra em terreno negativo”.

Esta quarta-feira, Portugal voltou a financiar-se a dez anos com a taxa mais baixa de sempre. A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP emitiu mil milhões de euros, o montante máximo pretendido, num leilão de Obrigações do Tesouro (OT) a dez e 18 anos. Portugal pagou 1,143% para emitir 600 milhões de euros, com uma maturidade a 15 de junho de 2029 e a procura superou a oferta em 2,28 vezes. Na maturidade mais longa, a emissão foi de 400 milhões de euros, com o IGCP a pagar uma taxa de alocação de 1,896% e a procura superou a oferta em 1,83 vezes.

Apesar de realçarem a ajuda do bund alemão, os analistas do Bankinter destacam que o desempenho da evolução das OT a dez anos se deve “a uma maior confiança dos investidores internacionais na situação económica do país, que se reflete na diminuição significativa do prémio de risco exigido a Portugal”.

“Passou de quase 400 p.b. no início de 2017 para cerca de 120 p.b. atualmente, que compara com os 110 pb de Espanha ou 240 p.b. de Itália”, salientam.

Relativamente à economia nacional, o relatório sublinha a influência do contexto externo na performance das contas nacionais. “Portugal enfrenta hoje aquela que é a contrapartida da sua maior abertura ao exterior: quando o Mundo “arrefece”, Portugal “constipa-se””, referem.

“Com o peso das exportações a aproximar-se dos 50% do PIB, o país está logicamente mais dependente do comportamento da economia internacional. Devido à deterioração da conjuntura externa, revemos em baixa o crescimento do PIB nacional para os próximos 2 anos. Não obstante, as previsões relativas à procura interna não só não se deterioraram, como inclusive melhoraram”, salienta.

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