As tensões comerciais a nível internacional são uma das principais preocupações apontadas pelo Banco Central Europeu (BCE) no mais recente Boletim Económico. A instituição alerta que os riscos para a economia intensificaram-se e que os indicadores comerciais indicam uma desaceleração generalizada dos indicadores do comércio.
“Os riscos negativos para a economia global intensificaram-se, face às ações e ameaças relativas ao aumento das tarifas comerciais pelos Estados Unidos e possíveis retaliações por parte dos países afetados”, explica o BCE.
A primeira ronda de tarifas dos EUA sobre importações chinesas entrou em vigor a 6 de julho e novas tarifas dos EUA estão a ser planeadas. Por outro lado, as autoridades chinesas anunciaram intenções de introduzir medidas retaliatórias. Simultaneamente, entraram em vigor medidas de retaliação da União Europeia e do Canadá contra as tarifas anteriormente impostas ao aço e ao alumínio.
O governo dos EUA também iniciou uma investigação sobre as importações de carros e peças de automóveis, “o que, se resultar em medidas protecionistas, poderá afetar particularmente o Canadá, o Japão, o México e a Coreia do Sul, além de importantes economias da União Europeia”.
“No geral, se todas as medidas ameaçadas fossem implementadas, a tarifa média dos EUA aumentaria para níveis nunca vistos nos últimos 50 anos. Estes desenvolvimentos constituem um sério risco para as perspectivas de comércio e atividade globais a curto e médio prazo”, alerta a instituição liderada por Mario Draghi.
Comércio, crescimento económico e mercados em risco
Já é possível, aliás, perceber algumas consequências da guerra comercial lançada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. O BCE sublinha que “os indicadores de comércio global registaram uma perda de impulso”.
Os dados mensais do comércio global desaceleraram “significativa e amplamente”. As importações mundiais de mercadorias contraíram-se em abril e maio, revertendo o forte crescimento registado no primeiro trimestre. O índice PMI global para novos pedidos de exportação caiu nos cinco meses até junho, enquanto outros indicadores de comércio – incluindo medidas relacionadas a cadeias globais de valor – também enfraqueceram.
“No geral, esses indicadores apontam para uma desaceleração do comércio no segundo trimestre de 2018”, refere o boletim.
Também o sistema financeiro está a ser penalizado. Por um lado, as tensões comerciais global, a par da valorização do dólar norte-americano, resultaram em condições de financiamento mais restritas para as economias de mercado emergentes.
Na zona euro, os índices accionistas assistiram a uma correcção devido às crescentes tensões comerciais, em linha com o que aconteceu nos EUA. Nos mercados cambiais, o euro assistiu a uma ampla apreciação em termos ponderados pelo comércio.
Já na China, os preços das ações caíram e a moeda, o renminbi, enfrentou algumas pressões de depreciação. “No geral, a volatilidade nos mercados accionistas globais aumentou e os preços das ações dos setores automóvel e tecnológico sofreram pressões baixistas”, sublinhou.
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