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BPI estima lucros do BCP a subirem 12% e queda de malparado em 24%

O CaixaBank BPI fez uma análise aos resultados do BCP que serão apresentados no fim do mês. O BCP terá subido os lucros no semestre mas à custa dos resultados obtidos no primeiro trimestre. Porque no 2º trimestre o banco sofre vários impactos que fazem cair o resultado 90% para 15 milhões. A compensação aos trabalhadores por cortes salariais ajudou à queda.
  • Cristina Bernardo
18 Julho 2019, 13h59

O Caixabank BPI emitiu uma nota de research com uma antevisão dos resultados do Millennium BCP. Os analistas do BPI esperam que no primeiro semestre o BCP tenha subido os lucros 12% para 169 milhões de euros (no ano passado os resultados no semestre foram de 151 milhões de euros).

Ao nível do semestre, o BPI estima ainda uma redução do stock de NPE – Non Performing Exposure (crédito malparado e garantias prestadas que são executadas por incumprimento de crédito) de 24% a nível consolidado e de 31% em Portugal.

Os ativos recebidos em dação em pagamento (foreclosed assets) caíram em junho, num ano, 18% para 1.357 milhões, segundo esta estimativa. O BPI salienta ainda que espera um aumento dos ativos ponderados pelo risco de 7% com impacto no rácio de capital CET1.

Os resultados semestrais sobem, segundo esta análise, devido ao crescimento da margem financeira (+8% para 746 milhões de euros), ao aumento das receitas conseguidas através de comissões (+1%) apesar da queda dos dividendos recebidos de 18%. O produto bancário terá subido 6% no semestre.

Os resultados operacionais terão crescido 2% para um total de 566 milhões de euros. As imparidades para crédito caem, nesta análise, 10% para 199 milhões na primeira metade do ano e as outras provisões descem 32%.

O resultado antes de impostos, segundo o BPI, sobem 19% para 327 milhões.

As previsões do CaixaBank apontam ainda para um aumento de 12% dos custos com pessoal parcialmente compensada com uma queda de 7% dos custos administrativos.

Lucros do segundo trimestre muito afectados por rubricas sazonais

No que toca ao segundo trimestre propriamente dito, o BPI refere que os lucros terão caído para 15 milhões de euros, dificultado por itens sazonais como a contribuição para o Fundo de Resolução (tanto o português como o europeu – SRF), mas também alguns itens específicos. Por exemplo neste trimestre, o BCP consolida o Euro Bank pela primeira vez, com alguns impactos no resultado e nos rácios de capital. A primeira consolidação do EuroBank deve ter um impacto negativo de 50 pontos base no rácio de CET1 que, segundo as estimativas do BPI, baixa de 12,7% em março para 12% em junho.

Depois há a mudança na taxa de desconto do fundo de pensões que poderá ter um impacto negativo de 41 pontos base no rácio de CET1 (assumindo um corte de 35 bps na taxa de desconto). Este impacto devem ser parcialmente compensado ​​por um desempenho positivo dos ativos do fundo de pensões durante o primeiro semestre (+ 15 pontos base no rácio) e o mark-to-market carteira de títulos available for sale –  activos financeiros disponíveis para venda (+ 15bps).

O BPI espera uma redução de 330 milhões de NPE no 2º trimestre de 2019 em Portugal, praticamente em linha com o trimestre anterior. Ao nível do grupo, a redução de NPE deve ser menor, uma vez que o banco consolida o EuroBank (NPEs de cerca de 160 milhões de euros). Os ativos recebidos por dação em cumprimento devem apresentar um declínio mais pequeno. Os níveis de cobertura devem permanecer praticamente estáveis ​​em relação ao trimestre anterior, refere o research do BPI.

O BPI estima assim que os resultados do segundo trimestre do banco liderado por Miguel Maya tenha sido muito inferiores ao trimestre anterior, altura em que dispararam 80% para 154 milhões. Se os números do BPI se confirmarem o BCP no segundo trimestre face a março sofre uma quebra nos lucros de 90%.

Em que é que é sustentada esta estimativa? Nas contribuições usuais do segundo trimestre para o Fundo de Resolução; num menor resultado de equivalência patrimonial decorrente de ajustes ao hiper-inflacionado valor da participação no BMA (Angola) e à baixa contribuição do negócio dos seguro de vida, que é prejudicada pelo efeito de menores taxas de juros sobre seus passivos. Mas também por custos de reestruturação e um encargo de 12 milhões de euros relacionado com a distribuição de lucros aos empregados que aceitaram cortes nos salários durante o programa de reestruturação (troika), refere o research. O BPI aponta ainda o reconhecimento de imparidades decorrente da consolidação pela primeira vez da carteira de crédito do EuroBank; e uma redução dos DTAs (ativos por impostos diferidos) que passaram a ser considerados não recuperáveis ​​no cenário atual de taxas de juros.

O BPI estima também que o BCP apresente uma evolução da margem financeira e das comissões resiliente.

O BCP divulgará os resultados do primeiro semestre no dia 29 de julho, após o fecho do mercado.

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