Os realizadores dos cinco filmes candidatos ao galardão de melhor filme estrangeiro condenaram enfaticamente “o clima de fanatismo e nacionalismo” que vêem nos Estados Unidos e em muitos outros países, “em parte da população e, infelizmente, dos líderes políticos”.
Entre os realizadores está o iraniano Asghar Farhadi , que anunciou em janeiro que não vai estar presente na cerimónia dos Óscares em Los Angeles amanhã, após Donald Trump ter decretado a proibição da entrada nos EUA de pessoas oriundas de sete países maioritariamente muçulmanos, incluindo o Irão. A proibição foi entretanto suspensa pelos tribunais, mas Farhadi manteve a sua decisão. O realizador está nomeado com a obra ‘O Vendedor’ para um prémio que já venceu em 2013 com ‘A Separação’.
Os outros concorrentes ao Óscar da categoria são a alemã Maren Ade com o filme ‘Toni Erdmann’, o sueco Hannes Holm com ‘En man som heter Ove / A Man Called Ove’, o dinamarquês Martin Zandvliet com ‘Land of Mine’ e os australianos Bentley Dean e Martin Butler com ‘Tanna’. Os cineastas puseram de lado a corrida ao Óscar, frisando que qualquer que seja o vencedor “recusamos pensar em termos de fronteiras”.
“O medo gerado ao dividir-nos em géneros, cores, religiões e orientações sexuais como forma de justificar a violência destrói as coisas das quais dependemos – não só como artistas mas como humanos: a diversidade de culturas… Esses muros divisívos impedem as pessoas de experienciar algo simples, mas fundamental: descobrir que não somos todos tão diferentes,” acrescentaram.
Os artistas questionaram o papel que o cinema poderá ter no contexto atual. “Não queremos sobre-estimar o poder dos filmes, mas acreditamos que nenhum outro meio pode oferecer um olhar tão profundo para as circunstâncias das outras pessoas e transformar os sentimentos de estranheza em curiosidade, de empatia em compaixão – mesmo para aqueles que nos dizem devem ser os nossos inimigos”.
A mensagem termina com o anuncio que o Óscar da categoria vai ser dedicado “aos artistas, jornalistas e ativistas que trabalham para fomentar a união e o entendimento, e que defendem a liberdade de expressão e a dignidade humana – valores cuja proteção é hoje mais importante do que nunca”.
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