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Politólogos defendem que o CDS-PP tem que se demarcar do PSD

Com o congresso à porta, partido liderado por Nuno Melo tem que ter a capacidade de se distinguir dos social-democratas. Os especialistas contactados pelo Jornal Económico entendem que esse é o desafio que se coloca, neste momento, ao CDS-PP.
18 Abril 2024, 07h30

Em vésperas do 31º congresso do CDS-PP, quer se realiza no próximo fim-de-semana (a 20 e 21 de abril), o partido terá como missão para o futuro diferenciar-se do PSD, de acordo com os especialistas políticos contactados pelo Jornal Económico (JE).

Segundo o politólogo José Palmeira, “o CDS tem uma necessidade de marcar uma certa diferença para o PSD. Se o CDS amanhã concorrer sozinho numa eleição nacional, não se justificará o voto no CDS se o CDS for igual ao PSD”, sublinha, reconhecendo, contudo, que há uma preocupação comum ao PSD. A de demonstrar “capacidade de execução e de cumprimento das promessas feitas ao eleitorado”, refere o especialista.

Por sua vez, para a politóloga Patrícia Calca o grande desafio também passa por cavar uma “maior diferença” em relação aos social-democratas. Em simultâneo, terá ainda de colocar em prática “as políticas públicas que, de alguma forma, estejam alinhadas mais com seu partido do que com o PSD”.

A especialista admite, todavia, as dificuldades que o partido terá que enfrentar pela sua “capacidade de negociação, que é sempre inferior do que quando há dois partidos que são mais próximos em termos do poder relativo”.

Mas nem tudo é mau, de acordo com Patrícia Calca, pois “voltou ao Parlamento” através da coligação com o PSD. Sublinha que, apesar de tudo, “estrategicamente, para a liderança do CDS, foi uma boa aposta”.

“São os parceiros preferenciais do PSD, por oposição ao Chega. Há uma já conhecida experiência de sucesso da coligação dos dois partidos, o que dá alguma credibilidade”.

No que diz respeito ao papel do líder do partido, Nuno Melo, José Palmeira diz que este “exerce uma função especifica num ministério que hoje ganha relevância e que é a Defesa Nacional”.

No passado, “as questões de defesa não eram muito valorizadas, mas hoje, face ao que acontece no plano internacional, ganharam relevância. O próprio Nuno Melo vai tentar ter protagonismo e dar uma marca do CDS no Governo”, afirma o politólogo.

No entanto, e quanto ao papel do partido na gestão de polémicas, “o CDS não tem autonomia”. Realça ainda que “o CDS faz parte do governo para o bem e para o mal; beneficia quando as coisas correm bem e acaba por ser afetado quando as coisas correm mal”.

Recuando ao passado e mais concretamente à sua génese, José Palmeira lembra que o CDS-PP “nasceu como partido democrata-cristão”, estando, por isso, “muito colada à doutrina social da igreja e a essa matriz mais humanista”. Poderá assim retirar algum proveito em vincar “essa sua especificidade e poderá usar o congresso para o fazer” numa fase “feliz” do seu percurso.

Já Patrícia Calca realça a posição vantajosa que o partido ocupa, “porque o PSD disse que não se iria aliar ao Chega”. Neste momento preenche “um espaço consolidado, que é o da direita conservadora”, estando, dessa forma, numa situação “confortável”.

“Portanto, na gestão de crises, o CDS consegue, com alguma naturalidade, não ser muito prejudicado. A não ser que seja uma das pastas do CDS e que realmente haja alguma coisa muito marcante”, finaliza.

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