O segundo trimestre do ano foi pouco primaveril, com chuva acima da média, o que se deverá refletir numa subida dos lucros tanto da EDP Renováveis como da EDP. Ambas apresentam resultados antes da abertura do mercado de quarta e quinta-feira, respetivamente, e apesar de não ter impacto nas operações das energéticas, a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges deverá centrar atenções.
“Mesmo não tendo estimativas, é fácil de perceber que vai haver um crescimento homólogo dos lucros porque houve um aumento da produção”, explica a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global, em declarações ao Jornal Económico. A conclusão provém dos dados operacionais trimestrais já apresentados pela EDP e EDP Renováveis.
“No caso da EDP poderá ser até um aumento bastante significativo devido ao aumento da produção hídrica – passámos de um período de seca no ano passado para um de chuva acima da média -, e também da eólica devido ao crescimento do número de parques eólicos e estabilização do fator de utilização”, refere.
A produção de eletricidade da EDP situou-se em 17.571 gigawatts por hora (GWh) no segundo trimestre de 2018, o que representa uma subida de 7% face a igual do período do ano anterior. O maior destaque foi para a eletricidade de origem hídrica, cuja produção aumentou 124%, graças a recursos 15% acima da média histórica em Portugal, que permitiram o reenchimento dos reservatórios.
Renováveis têm cada vez mais peso no negócio do grupo
No total do primeiro semestre, 74% da capacidade instalada da EDP era unidades de energias renovável. O output eólico cresceu 6%, em resultado do aumento de capacidade em operação. O factor médio de utilização ficou estável, em termos homólogos, apesar de os recursos eólicos e solares terem sido mais fracos no segundo trimestre do ano, face ao anterior. A quebra foi, no entanto, compensada pela produção hídrica.
“A EDP Renováveis tem cada vez mais impacto na produção da EDP”, explicou a equipa de research do BiG, sublinhando que os lucros da eólica também deverão ter crescido, em virtude de um aumento da capacidade instalada.
A empresa liderada por João Manso Neto produziu 15,5 terawatts por hora (TWh) de energia renovável no primeiro semestre de 2018, traduzindo-se num aumento de 6% face ao mesmo período do ano passado.
A eletricidade produzida pela EDP Renováveis aumentou 9% em Portugal e 8% em Espanha face ao primeiro semestre de 2017, mas caiu 2% nos restantes países da Europa. Segundo os dados da empresa, o aumento de 5% na Europa deveu-se ao “excepcional recurso eólico no primeiro trimestre de 2018 em Espanha e Portugal, apesar do menor recurso eólico no segundo trimestre”.
Nos Estados Unidos cresceu 5%, no México 36%, na América do Norte 6% e no Brasil 34%, enquanto no Canadá caiu 10%. As operações da EDP Renováveis na Europa, América do Norte e Brasil representam 41%, 56% e 3% do total da produção, respetivamente.
Com lucros incorporados, volatilidade poderá vir da OPA
O segundo trimestre de 2018 fica também marcado pela OPA lançada pela CTG à EDP e EDP Renováveis. “Para a evolução da empresa é business as usual porque não tem impacto na evolução da operação, mas é normal que na conference call com analistas [que se segue à apresentação de resultados] a empresa seja questionada sobre desenvolvimentos da OPA”, refere o BiG.
A 11 de maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por ação. A administração da EDP considerou que o preço oferecido não reflete adequadamente o valor da elétrica e recomendou aos acionistas que não vendessem. A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.
Caso a OPA sobre a empresa liderada por António Mexia tenha sucesso, a estatal chinesa vai avançar com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (cujo capital social é controlado em 82,6% pela EDP) a 7,33 euros por ação. Também o Conselho de Administração da EDP Renováveis recomendou aos acionistas que não aceitem o preço da oferta da CTG, por não traduzir o valor da empresa.
O mercado parece concordar que a oferta é baixa já que, desde então, as ações da EDP já valorizaram em bolsa 10,8% e as da EDP Renováveis 13%, desde o anúncio preliminar da OPA.
Quanto à apresentação de resultados, os investidores já estarão à espera da subida dos lucros, mas poderão haver surpresas para nos títulos da EDP e EDP Renováveis, que negoceiam esta terça-feira próximos de 3,45 euros e 8,86 euros, respetivamente.
“Nas últimas apresentações de resultados não houve grande impacto nas ações porque já apresentaram resultados operacionais. O que poderá ter impacto nas ações serão potenciais novidades sobre a OPA, que poderão levar a maior volatilidade nos títulos”, acrescentou a equipa de research do banco de investimento.
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