[weglot_switcher]

Chuva na primavera deverá dar flor nos lucros trimestrais do grupo EDP

Sendo já conhecidos os dados operacionais do segundo trimestre, os investidores já terão incorporado que os lucros vão subir. No entanto, poderá haver volatilidade nas ações se surgirem novidades sobre a OPA da China Three Gorges.
  • Cristina Bernardo
24 Julho 2018, 13h59

O segundo trimestre do ano foi pouco primaveril, com chuva acima da média, o que se deverá refletir numa subida dos lucros tanto da EDP Renováveis como da EDP. Ambas apresentam resultados antes da abertura do mercado de quarta e quinta-feira, respetivamente, e apesar de não ter impacto nas operações das energéticas, a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges deverá centrar atenções.

“Mesmo não tendo estimativas, é fácil de perceber que vai haver um crescimento homólogo dos lucros porque houve um aumento da produção”, explica a equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global, em declarações ao Jornal Económico. A conclusão provém dos dados operacionais trimestrais já apresentados pela EDP e EDP Renováveis.

“No caso da EDP poderá ser até um aumento bastante significativo devido ao aumento da produção hídrica – passámos de um período de seca no ano passado para um de chuva acima da média -, e também da eólica devido ao crescimento do número de parques eólicos e estabilização do fator de utilização”, refere.

A produção de eletricidade da EDP situou-se em 17.571 gigawatts por hora (GWh) no segundo trimestre de 2018, o que representa uma subida de 7% face a igual do período do ano anterior. O maior destaque foi para a eletricidade de origem hídrica, cuja produção aumentou 124%, graças a recursos 15% acima da média histórica em Portugal, que permitiram o reenchimento dos reservatórios.

Renováveis têm cada vez mais peso no negócio do grupo

No total do primeiro semestre, 74% da capacidade instalada da EDP era unidades de energias renovável. O output eólico cresceu 6%, em resultado do aumento de capacidade em operação. O factor médio de utilização ficou estável, em termos homólogos, apesar de os recursos eólicos e solares terem sido mais fracos no segundo trimestre do ano, face ao anterior. A quebra foi, no entanto, compensada pela produção hídrica.

“A EDP Renováveis tem cada vez mais impacto na produção da EDP”, explicou a equipa de research do BiG, sublinhando que os lucros da eólica também deverão ter crescido, em virtude de um aumento da capacidade instalada.

A empresa liderada por João Manso Neto produziu 15,5 terawatts por hora (TWh) de energia renovável no primeiro semestre de 2018, traduzindo-se num aumento de 6% face ao mesmo período do ano passado.

A eletricidade produzida pela EDP Renováveis aumentou 9% em Portugal e 8% em Espanha face ao primeiro semestre de 2017, mas caiu 2% nos restantes países da Europa. Segundo os dados da empresa, o aumento de 5% na Europa deveu-se ao “excepcional recurso eólico no primeiro trimestre de 2018 em Espanha e Portugal, apesar do menor recurso eólico no segundo trimestre”.

Nos Estados Unidos cresceu 5%, no México 36%, na América do Norte 6% e no Brasil 34%, enquanto no Canadá caiu 10%. As operações da EDP Renováveis na Europa, América do Norte e Brasil representam 41%, 56% e 3% do total da produção, respetivamente.

Com lucros incorporados, volatilidade poderá vir da OPA

O segundo trimestre de 2018 fica também marcado pela OPA lançada pela CTG à EDP e EDP Renováveis. “Para a evolução da empresa é business as usual porque não tem impacto na evolução da operação, mas é normal que na conference call com analistas [que se segue à apresentação de resultados] a empresa seja questionada sobre desenvolvimentos da OPA”, refere o BiG.

A 11 de maio passado, a CTG anunciou a intenção de lançar uma OPA voluntária sobre o capital da EDP, oferecendo uma contrapartida de 3,26 euros por ação. A administração da EDP considerou que o preço oferecido não reflete adequadamente o valor da elétrica e recomendou aos acionistas que não vendessem. A CTG, que já detém 23,27% do capital social da EDP, pretende manter a empresa com sede em Portugal e cotada na bolsa de Lisboa.

Caso a OPA sobre a empresa liderada por António Mexia tenha sucesso, a estatal chinesa vai avançar com uma oferta pública obrigatória sobre 100% do capital social da EDP Renováveis (cujo capital social é controlado em 82,6% pela EDP) a 7,33 euros por ação. Também o Conselho de Administração da EDP Renováveis recomendou aos acionistas que não aceitem o preço da oferta da CTG, por não traduzir o valor da empresa.

O mercado parece concordar que a oferta é baixa já que, desde então, as ações da EDP já valorizaram em bolsa 10,8% e as da EDP Renováveis 13%, desde o anúncio preliminar da OPA.

Quanto à apresentação de resultados, os investidores já estarão à espera da subida dos lucros, mas poderão haver surpresas para nos títulos da EDP e EDP Renováveis, que negoceiam esta terça-feira próximos de 3,45 euros e 8,86 euros, respetivamente.

“Nas últimas apresentações de resultados não houve grande impacto nas ações porque já apresentaram resultados operacionais. O que poderá ter impacto nas ações serão potenciais novidades sobre a OPA, que poderão levar a maior volatilidade nos títulos”, acrescentou a equipa de research do banco de investimento.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.