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DBRS detecta ligeira degradação do custo do risco na banca e inclui Portugal

Os bancos em Espanha, Portugal e Irlanda juntamente com os bancos em Itália continuaram a ser aqueles com os níveis mais elevados de Custo do Risco de Crédito no exercício de 2023, detalha a DBRS. Além disso, os bancos na Irlanda e em Portugal também apresentaram um aumento significativo nos níveis do CoR.
16 Abril 2024, 11h22

O custo do risco dos bancos europeus permaneceu estável no exercício financeiro de 2023  mas verifica-se alguma deterioração na Alemanha, Portugal, Irlanda e Espanha. A conclusão é da DBRS que publicou esta terça-feira um comentário sobre o custo do risco (CoR) dos bancos na Europa no exercício de 2023, incluindo bancos na Áustria, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Noruega, Portugal, Grécia, Dinamarca, Finlândia, Bélgica, Irlanda e Reino Unido.

Os bancos portugueses que integram esta análise são o BCP, o Banco Montepio, a Caixa Geral de Depósitos e o Novobanco.

O custo do risco de crédito corresponde ao fluxo das imparidades para crédito num determinado período em percentagem do total do crédito bruto concedido a clientes.

Os bancos em Espanha, Portugal e Irlanda juntamente com os bancos em Itália continuaram a ser aqueles com os níveis mais elevados de CoR no exercício de 2023, detalha a DBRS.

Além disso, os bancos na Irlanda e em Portugal também apresentaram um aumento significativo nos níveis do CoR no ano fiscal de 2023, embora os bancos tenham reportado níveis semelhantes aos do primeiro semestre de 2023.

Os bancos destes países registaram, em média, o maior aumento do CoR em termos homólogos, uma vez que os níveis do CoR do ano anterior foram invulgarmente baixos, influenciados por libertações significativas de provisões que não se repetiram no exercício financeiro de 2023.

“O custo do risco (CoR) dos bancos europeus permaneceu estável no exercício financeiro de 2023, indicando que o rápido aumento das taxas de juro desde o final de 2021 ainda não teve o impacto que inicialmente prevíamos na qualidade dos ativos dos bancos”, refere a agência de rating canadiana.

“No exercício de 2023, a maioria dos bancos manteve a tendência do CoR observada no primeiro semestre de 2023, sem grande deterioração face ao exercício de 2022. No entanto, registou-se alguma deterioração nos bancos na Alemanha, em grande parte associada ao imobiliário comercial (CRE), e também nos bancos em Portugal , Irlanda e, em menor medida, Espanha, que também reportaram níveis mais elevados de CoR, impulsionados principalmente pela atualização de modelos de crédito com pressupostos económicos mais conservadores”, revela a DBRS.

“Esperamos que a maioria dos países europeus continue a crescer e a registar níveis de desemprego resilientes, o que, na nossa opinião, deverá continuar a apoiar a qualidade dos ativos dos bancos europeus”, afirmou Maria Rivas, Vice-Presidente Sénior da equipa de Instituições Financeiras da Morningstar DBRS. “Embora seja provável que as taxas de juro comecem a reduzir-se nos próximos trimestres, o aumento dos desafios no sector Commercial Real Estate (CRE) e os riscos geopolíticos poderão traduzir-se em provisões mais elevadas para os bancos nos próximos trimestres”.

Este comentário centra-se no CoR calculado pela DBRS Morningstar numa amostra de 42 bancos na Europa no exercício de 2023, incluindo bancos na Áustria, França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Espanha, Suécia, Noruega, Portugal, Dinamarca, Finlândia, Bélgica, Irlanda e Reino Unido (UK) e Grécia.

Em detalhe, a DBRS revela que o CoR médio da amostra de bancos europeus foi de 32 pontos base (bps), ou seja 0,32%, no exercício de 2023, um nível que permaneceu resiliente, embora mostrando alguma deterioração em relação aos 30 pontos base no exercício de 2022 e em relação aos 29 pontos de base no primeiro semestre de 2023.

Neste comentário, o CoR é calculado pela  DBRS com base na média simples das provisões para perdas com crédito como proporção da média total de empréstimos líquidos a clientes.

No geral, a maioria dos bancos apresentou tendências semelhantes do CoR no primeiro semestre de 2023, exceto os bancos na Alemanha, que apresentaram um dos maiores aumentos nos níveis do CoR no exercício de 2023 para 35 pontos de base, acima dos 16 pontos de base no exercício de 2022 e 17 pontos de base no primeiro semestre de 2023. A degradação do risco da carteira de crédito nos bancos alemães foi impulsionado pela subida do CoR nos Deutsche Pfandbriefbank (Pbb) e Helaba e esteve associado a provisões mais elevadas para imóveis comerciais, incluindo exposições a escritórios, a imóveis comerciais nos EUA  e a imóveis comerciais de mutuário único.

Os bancos em Itália e na Áustria registaram a maior melhoria nos níveis do CoR no ano fiscal de 2023, em termos anuais. O CoR dos bancos italianos desceu para 39 pontos de base no exercício de 2023, face aos 56 pontos de base no exercício de 2022, com a maioria dos bancos a reduzir significativamente os níveis de CoR no exercício de 2023. Em particular, o Intesa e o Unicredit reportaram um CoR significativamente mais baixo no exercício de 2023, uma vez que ambos os bancos fizeram provisões significativas para as suas exposições à Rússia no meio do conflito Rússia-Ucrânia no exercício de 2022.

Os bancos na Áustria reportaram sobre em média, uma melhoria significativa nos níveis do CoR em termos homólogos, embora isto esteja relacionado com provisões significativamente mais baixas relacionadas com as exposições Rússia-Ucrânia do banco Raiffeisen no exercício de 2023.

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