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Eduíno Moniz: “A TACV foi entregue a uma gestão que preocupa a nossa independência”

Ex-administrador e comandante de Boeing disse hoje, 13, em sede da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre a TACV, que os sucessivos governos são responsáveis pela situação a que chegou a companhia aérea de bandeira. E perspectiva um mau augúrio para a Icelandair, grupo islandês que gere a transportadora aérea cabo-verdiana desde Outubro passado.
13 Março 2018, 16h55

“Ao longo dos meus 35 anos na empresa, tentei dar o meu melhor contributo para que a TACV continuasse a singrar nos céus de Cabo Verde”, afirmou, lamentando a falta de acompanhamento por parte dos governantes sobre a situação por que vinha passando a transportadora aérea nacional e que “piorava no dia-a-dia e sem amparo”.
Em declarações à Inforpress, no fim da audição na CPI, deixou transparecer que vê com “preocupação” a entrada da Icelandair na gestão da TACV porque, explica, esta empresa islandesa “não poderá dar melhor contributo do que o próprio pessoal daqui que conhece bem a TACV”.
“Não há mesa e não há tabuleiro para se tomar decisões numa questão tão importante, que é a TACV e, então, foi delegada a uma gestão que, quanto a mim, preocupa a nossa independência”, precisou o comandante que não fugiu a nenhuma das perguntas colocadas pelos deputados da CPI.
Na sua perspectiva, a transportadora aérea nacional sempre “ajudou no desenvolvimento de Cabo Verde, transportando o nome do país pelo mundo”. Fez saber que o tráfico doméstico foi sempre “deficitário”, mas que as ilhas não podiam deixar de serem ligadas entre si, já que a missão do Estado ou Governo é a de “servir o país”.
Durante a audição, foi peremptório ao declarar que Cabo Verde não aprende com os erros do passado. Segundo ele, a gestão da TACV pela empresa canadiana Sterling, cujo objectivo era o de preparar a companhia para a sua reestruturação e posterior privatização, não surtiu efeitos.
Para este comandante dos aviões Boeing-757, a Sterling foi “má opção” para Cabo Verde, porque “descapitalizou” a transportadora aérea nacional, além de criar conflitos internos. Relativamente ao contrato com a Icelandair, assegura que o seu “prognóstico é mau”. “Não houve muito diálogo em relação à tomada de posição para uma gestão da TACV por parte da Icelandair. Há qualquer coisa que não conhecemos e só o Governo conhece. Não vejo com bons olhos esta situação de Icelandair”, queixa-se Eduíno Moniz, que já se prepara para entrar na reforma.
Instado sobre as suas actividades depois da aposentação, assegurou que vai regressar ao sector da saúde, donde saiu há 40 anos para se dedicar à pilotagem, primeiro de aviões de médio curso e, depois, aeronaves de longo curso, como o Boeing-757.
Hoje também foi ouvida a antiga administradora da CV-Handling, Maria Graciete, que confirmou que esta empresa, que passou para a alçada da ASA (Empresa de Segurança Aérea) é “altamente lucrativa e com excelentes resultados”.
Foto: Inforpress
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