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Escassez de oferta é o desafio das empresas

Estudo da consultora CBRE questionou mais de 100 responsáveis de empresas de imobiliário. Mais de um terço vê na incerteza económica e na disrupção tecnológica, as barreiras fundamentais a serem ultrapassadas.
13 Julho 2019, 14h00

A escassez de oferta de espaços de escritórios e a dificuldade em encontrar as competências adequadas, são vistas como um desafio estratégico por mais de um terço das mais de 100 empresas que ocupam este tipo de edifícios. Os resultados são do estudo Occupier Survey 2019, da consultora imobiliária CBRE, que pretende demonstrar de que forma as empresas procuram utilizar o imobiliário para influenciar e atrair recursos qualificados.

Os dados indicam que o envolvimento dos colaboradores (68%) e a atração e retenção de talento (65%) estão no top três dos desafios das estratégias imobiliárias das empresas, à frente da redução de custos (31%). A tendência inverteu em relação a 2018, quando a redução de custos era a principal mobilizadora, enquanto o envolvimento dos colaboradores ocupava a quarta posição.

No entanto, mais de um terço das empresas (o dobro das questionadas no estudo de 2018), vê na disrupção da tecnologia (36%) e na incerteza económica (43%), como desafios fundamentais a serem ultrapassados.

Face a estes números, 70% das empresas pretendem aumentar o nível de investimento em tecnologia nos próximos anos, com especial foco nos seus colaboradores, “sendo impossível estimar os valores, porque depende do tipo de negócio e dos objetivos delineados”, refere ao Jornal Económico, Duarte Cardoso Ferreira, diretor da área de projetos da CBRE.
Em relação aos valores médios investidos pelas empresas no último ano em espaços de escritórios os preços por metro quadrado variam em função do perfil das empresas, sendo que os mais baixos rondam os 400 a 550 euros, os médios entre 550 e 700 euros, e os mais elevados dos 750 a 900 euros, sendo as exceções as empresas dedicadas à tecnologia e imobiliário.

Questionado sobre qual a redução de custos levada a cabo em 2019, Duarte Cardoso Ferreira, explica que “não existe propriamente uma redução de custos, existe sim uma optimização dos investimentos para criar diversas valências nos escritórios que anteriormente eram menos tidas em conta e que permitem que os espaços ganhem flexibilidade na utilização e por isso estejam mais permanentemente a ser usados”.

Pagar mais pelo edificio
Outro ponto de análise do estudo da CBRE aponta para que 60% das empresas estariam dispostas a pagar mais 10% por um edifício que oferecesse serviços de apoio diferenciados, de alta qualidade e evoluído em termos tecnológicos. O responsável da CBRE salienta que nestas situações o que “acontece é que durante muito tempo na escolha de escritórios havia um foco muito grande na redução de custos e noutras situações para otimizar custos”, destacando que “hoje em dia temos quatro variáveis muitos importantes: espaço, infraestrutura em redor do espaço, os espaços colaborativos e tipo de serviços disponíveis no edíficio. As empresas ocupantes estão dispostas a pagar um prémio sobre o valor da renda, para estarem num edifício que disponibilize esse tipo de serviços aos seus colaboradores”, frisando que “não existem valores fixos porque variam de empresa para empresa.

Medidas a serem tomadas
Face a todos os problemas que envolvem este área são necessárias tomar algumas decisões para ‘arrepiar’ caminho. Nesse sentido, Duarte Cardoso Ferreira, afirma que “no passado quando uma empresa queria procurar um novo escritório os dados que nos davam estavam muito associados ao local onde já estavam, também devido a questões de proximidade com alguns dos seus colaboradores”.

Contudo, o mercado principalmente nas empresas multinacionais e nacionais com alguma escala “olham para esta decisão de uma forma cada vez mais estratégica e tentamos que essas empresas tentem tomar essa decisão da forma mais informada possível”, até porque é preciso “olhar para o negócio dessa empresa, a sua estratégia, o seu posicionamento nos próximos cinco anos e perceber se o seu status quo atual está alinhado com a sua estratégia de negócio, que é o mais importante”.

O responsável da CBRE assume que não existe “uma tendência generalizada é negócio a negócio. As tecnológicas têm uma perspetiva, os gabinetes de advogados têm outra, mas todos têm um problema em comum: uma enorme dificuldade em atrair talento neste momento no mercado.

Artigo publicado na edição nº 1995, de 28 de junho, do Jornal Económico

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