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Aquecimento global vai provocar mais mortes do que doenças infeciosas, conclui estudo

O aumento da temperatura deverá ser particularmente devastador para as regiões mais pobres e quentes do mundo, que terão dificuldade em adaptar-se às condições insuportáveis; por outro lado os países mais frios e ricos vão sofrer uma queda no número de mortes pela menor exposição ao frio extremo.
4 Agosto 2020, 18h00

A taxa de mortalidade devido à subida das temperaturas deverá sofrer um incremento para 73 mortes por cada 100 mil habitantes até ao final do século, números superiores ao conjunto das doenças infeciosas, avançou o The Guardian, esta terça-feira, com base no estudo levado a cabo pelo National Bureau of Economic Research.

Segundo o estudo, as previsões para as mortes devido ao aquecimento global quase coincidem com o número atual de óbitos por todas as doenças infeciosas, incluindo tuberculose, HIV , malária, dengue e febre amarela.

O aumento da temperatura deverá ser particularmente devastador para as regiões mais pobres e quentes do mundo, que terão dificuldade em adaptar-se às condições insuportáveis, algo que fará com que o número de óbitos aumente. Por outro lado, os países mais frios e ricos, como Noruega e Canadá, sofrerão uma queda no número de mortes pela menor exposição ao frio extremo.

“Os países mais ricos, mesmo que registem aumentos na mortalidade, podem pagar mais para se adaptar a [este problema]. Na verdade, são as pessoas que menos fizeram para causar a mudança climática que sofrem com isto”, alerta Amir Jina, economista ambiental na Universidade de Chicago e coautor do estudo.

Amir Jina considerou ainda as mortes pelo aquecimento global “assustadoramente semelhante ao Covid, as pessoas mais vulneráveis ​​são as que têm condições médicas pré-existentes ou subjacentes. Se tiver um problema no coração e estiver sujeito ao calor durante vários dias será empurrado para o colapso ”.

O estudo previu também que as mortes pela subida das temperaturas vão motivar uma quebra de 3,2% na produção económica global até ao final do século.  Outra mudança remete para os fluxos migratórios. “É plausível que venhamos a ter o pior cenário possível e isso poderá envolver medidas drásticas, como muitas pessoas a emigrar”, apontou Amir Jina.

Nos últimos anos, ondas de calor assolaram os EUA , Europa , Austrália , Índia , Ártico, mas 2020 está a ser considerado um dos anos mais quentes de que há registo. Embora as mortes pelo aumento das temperaturas ainda não chame à atenção, a França registou 1.500 óbitos devido às altas temperaturas no verão do ano passado.

Em Portugal, o Jornal de Notícias avançou que entre 1 e 15 de julho de 2020 morreram 4721 pessoas no país, mais 673 óbitos do que em 2019. Os motivos para esta subida, apontados pelo Jornal de Notícias, foram “as altas temperaturas e um menor acesso dos doentes crónicos aos cuidados de saúde nos últimos meses por causa da covid-19”.

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