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Fim do roaming pode levar certos operadores a criarem estratégias comerciais, diz relatório

Nova regulamentação sobre o ‘roaming’ pode resultar no aumento das tarifas domésticas associadas às comunicações. Operadores podem criar estratégias comerciais para minimizar o impacto.
14 Junho 2017, 20h25

“Zero Roaming” é um relatório da Altran, consultora de engenharia e I&D, que defende esta ideia.

O novo regulamento Roaming Like At Home (RLAH), aprovado pela União Europeia pode “resultar numa transferência de receitas das populações mais pobres para as mais ricas, assim como também levar alguns operadores a criarem estratégias à margem da lei, com o intuito de minimizar o impacto”.

A equipa que preparou o relatório apresenta várias conclusões acerca das principais consequências que a iniciativa RLAH terá quer para os utilizadores, como operadores.

Uma das principais conclusões destacadas pelo relatório é a de que o regulamento pode resultar na transferência de receitas dos países mais pobres para os países mais ricos, uma vez que os operadores podem ser forçados a aumentar as tarifas internas, se os custos operacionais reais forem mais altos do que o preço estabelecido pelo regulamento.

Os utilizadores com menor poder de compra tendem a viajar para o exterior com menos frequência, por isso, num ambiente Roaming Like At Home, as pessoas que viajam mais vão pagar menos durante as suas viagens às custas dos utilizadores que não viajam, e que por sua vez vão pagar mais, já que as taxas domésticas vão aumentar.

O estudo realça ainda a possibilidade de alguns operadores procurarem estratégias comerciais destinadas a minimizar o impacto ou a tirar partido da regulamentação. Os potenciais desafios de monitorizar a “política de uso justo” poderão favorecer a ocorrência de fraude nas telecomunicações sob a forma de “falsos roamers”, residentes que compram serviços de um país com tarifas mais baixas, mas utilizam esses serviços em Portugal, por exemplo.

Para Alexandre Ruas, Telecom e Media Director da Altran Portugal, “os Operadores nacionais
serão certamente obrigados a investir de modo a dar resposta à nova lei da UE. Os consumidores que viajam regularmente na União Europeia serão naturalmente os mais beneficiados. No entanto, a perda de receitas roaming poderá implicar um aumento no mercado doméstico. Para que tal não aconteça, os Operadores podem definir estratégias diferenciadoras. A introdução de novos tarifários quer no mercado convergente quer no
“stand alone” poderá mitigar perdas de receitas e antecipar um possível problema concorrencial.”

O relatório elaborado pela Altran refere igualmente que o novo regulamento não aborda corretamente a
questão de sazonalidade, uma vez que as redes móveis dos países com elevada capacidade turística, como é o caso de Portugal, devem ser concebidas e equipadas com capacidade suficiente de forma a prestar serviços a uma população variável – várias vezes o tamanho da população local – durante certos meses. Isto significa que, assim que os turistas saírem, as redes serão subutilizadas durante maior parte do ano, resultando em grandes infraestruturas que não geram receitas para os operadores.

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