“FLOA assume o risco a 100% se o consumidor incumprir”

Os canais digitais têm ganho cada vez mais relevância e são hoje decisivos para o cliente, permitindo aceder aos serviços financeiros de forma rápida e simples. De acordo com a empresa de estudos de mercado Kantar, em 2022 um em cada três portugueses seleciona o local de compra consoante as opções de pagamentos disponíveis, sendo que Portugal é o terceiro país da Europa que mais recorre a métodos como o Buy Now Pay Later (BNPL).

O que explica a aposta do BNP Paribas nesta atividade do BNPL em Portugal?
A FLOA realiza anualmente, em parceria com a Kantar, um estudo do mercado europeu, com o objetivo de analisar o perfil do consumidor e a penetração de BNPL em cada localização. A estratégia de crescimento da FLOA, como uma filial a 100% do BNP Paribas, passa pela rápida expansão da solução de fracionar e diferir pagamentos a um nível europeu. É neste contexto que surge a entrada em Portugal, pois, queremos capacitar os portugueses a gerir o orçamento mensal ao oferecer uma ferramenta que lhes permite controlar imprevistos e despesas inesperadas com segurança, simplicidade e confiança.

Como é que a FLOA ajuda os portugueses a gerirem o orçamento mensal e as despesas inesperadas?
A FLOA contribui para a gestão orçamental dos portugueses através de dois modelos distintos. A opção de pagar no método diferido, uma solução de BNPL, em que o consumidor só efetua o pagamento 30 dias após a encomenda do produto. A segunda é o pagamento fracionado, que divide a aquisição do bem ou do serviço em três ou quatro vezes, num prazo máximo de 90 dias, sem qualquer custo adicional para o consumidor. Deste modo, a FLOA pretende fornecer uma ferramenta aos portugueses que permite gerir despesas imprevistas até 2.500 euros por compra. Oferecemos um novo método de gestão orçamental familiar, sem juros nem comissões para o consumidor.

Qual a importância destas plataformas no atual contexto?
A FLOA tem como objetivo estabelecer parcerias com retalhistas locais para fornecer novos métodos de pagamento que correspondam às expectativas do consumidor. Este é o caso do KuantoKusta, a plataforma de comparação de preços líder de mercado em Portugal, que viu no seu marketplace o ticket médio aumentar de 70 euros, com outros métodos de pagamento, para 400 euros com a FLOA em apenas 3 meses. Verificámos que ao implementar as soluções de pagamento da FLOA, os benefícios são a angariação de novos clientes, a diminuição do abandono do carrinho e o aumento do valor médio de vendas. Além disso, em caso de incumprimento por parte do consumidor, a FLOA assume o risco a 100%, com a credibilidade de uma filial do banco líder europeu.

A FLOA está a oferecer aos comerciantes um método de digitalização do seu negócio ao fracionar o pagamento. Há uma grande adesão dos comerciantes?
Estamos a expandir responsavelmente no mercado europeu através de uma estratégia local. Estabelecemos parcerias tanto com multinacionais, que já são parceiros do BNP Paribas, como com empresas portuguesas. Em Portugal, estamos a ver um grande interesse por parte dos comerciantes, nomeadamente no setor do turismo, no setor de high tech, no setor de móveis e decoração, entre outros. Um balanço bastante positivo que apenas é possível devido à crescente contratação de uma equipa altamente qualificada, composta por talento local. Acreditamos que estes são passos essenciais para a nossa estratégia de expansão que tem a ambição de alcançar cinco milhões de clientes globalmente até ao final do ano.

Podemos dizer que o BNPL é fruto da redução dos rendimentos das famílias? Assim como o contactless é filho da crise pandémica?
No caso da FLOA, estamos no mercado francês há mais de 20 anos, o que nos posiciona como um dos pioneiros no setor de BNPL. Verificámos que este mercado tem vindo a crescer ao longo dos anos e a nossa própria expansão europeia surge associada à aquisição da fintech por parte do BNP Paribas em 2022. Deste modo, não nos é possível fazer uma correlação entre os dois casos. Porém, as soluções da FLOA permitem mitigar os efeitos da inflação e do contexto macroeconómico que tem vindo a reduzir o poder de compra das famílias. Queremos ser um braço direito das famílias para gerir despesas inesperadas que podem ter um impacto negativo no orçamento mensal.

O Governador do BdP já alertou que “num tempo do buy-now-pay-later em plataformas de comércio online este é um risco particularmente importante”. Não estão a impulsionar o endividamento das famílias de forma descontrolada?
O contexto global macroeconómico de inflação tem como consequência a redução do poder de compra dos consumidores, o que por sua vez impacta as decisões orçamentais e reforça a ponderação no momento de compra. No caso da FLOA conseguimos fornecer uma ferramenta de gestão orçamental responsável e ponderada, uma vez que o pagamento fracionado está associado a uma compra única, em vez de um crédito recorrente. Com o objetivo de protegermos os consumidores, ao longo de todo o processo de pagamento, existe um acompanhamento personalizado. Em caso de incumprimento, serão facultadas opções que sejam adaptadas a cada situação. Além do consumidor, também asseguramos a 100% o pagamento ao comerciante, o que elimina o risco para os nossos parceiros. Neste ponto será essencial referir que contamos com 20 anos de experiência em scoring, uma parte essencial do pagamento diferido e fracionado, com o objetivo de averiguar o risco de incumprimento do consumidor. As nossas pontuações estão constantemente a ser melhoradas com a ajuda de técnicos especialistas em inteligência artificial.

Quais os níveis de malparado no BNPL?
O BNPL tem algumas especificidades que o diferencia de um crédito a longo-prazo, a começar pela simplicidade da experiência do cliente no processo de adesão. No caso da FLOA, é necessário o nome, morada, NIF, data de nascimento, email e telemóvel como dados e a resposta é imediata. Nos dois casos, BNPL e crédito longo, existe um risco de incumprimento ou malparado por parte do consumidor, neste aspeto, caberá a cada organização agir de acordo com a legislação e com o seu método de trabalho. Na FLOA, asseguramos a 100% o pagamento, menos a comissão da FLOA, para que o comerciante não corra este risco. Depois, realizamos uma avaliação junto do consumidor e facilitamos opções consoante cada situação, de uma forma ponderada e com o objetivo de solucionar o problema de uma forma responsável.

Que impacto a FLOA pretende ter na economia local?
A FLOA pretende ter um impacto na economia local que vai além das parcerias comerciais, por exemplo contribuir para a literacia financeira e para o desenvolvimento do comércio eletrónico no país. Apesar da atividade da FLOA em Portugal ser recente, com início no último trimestre de 2022, já desenvolvemos iniciativas como o FLOA Summit, que contou com mais de 100 profissionais da área de e-commerce. a