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Governo da Etiópia declara estado de emergência em todo o país

A decisão acontece depois que os combatentes da região de Tigrayan terem capturado duas cidades estratégicas na região de Amhara, podendo estar a considerar uma marchar sobre Addis Abeba.
2 Novembro 2021, 18h10

O primeiro-ministro da Etiópia, Abiy Ahmed, e conselho de ministros do país declararam o estado de emergência nacional com efeito imediato. “O estado de emergência visa proteger os civis das atrocidades cometidas pelo grupo terrorista Frente de Libertação do Povo Tigray. TPLF, em várias partes do país”, refere um comunicado oficial citado pelos jornais locais.

O estado de emergência permite, entre outras coisas, a ativação de bloqueios nas estradas, a interrupção dos serviços de transporte, a imposição de recolher obrigatório e a tomada de posse dos militares em certas áreas. Qualquer pessoa suspeita de ter ligações com grupos “terroristas” também pode ser detida sem um mandado judicial.

A decisão aconteceu depois de os combatentes da região norte de Tigray afirmarem nos últimos dias que tinham capturado as cidades estratégicas de Dessie e Kombolcha, na região vizinha de Amhara. Os combatentes Tigrayan, que lutam contra as forças do governo federal há um ano, também deixaram no ar a possibilidade de avançarem mais ao sul, no sentido da capital etíope, Addis Abeba. Uma viagem de pelo menos 400 km que é o maior temor do governo.

Segundo a comunicação social, grande parte do norte da Etiópia está sem comunicações e o acesso de jornalistas é restrito.

O primeiro-ministro enviou tropas a Tigray em novembro de 2020 em resposta ao que disse serem ataques da TPLF a acampamentos do exército. A TPLF disse que o governo federal e seus aliados, incluindo a Eritreia, lançaram um “ataque coordenado” contra a a região.

Abiy Ahmed prometeu uma vitória rápida, mas no final de junho, os Tigrayan tinham-se reagrupado e retomado a maior parte da região. Desde então, o combate espalhou-se para as regiões vizinhas de Afar e Amhara.

Esta terça-feira, o Enviado Especial dos Estados Unidos para o conflito, Jeffrey Feltman, denunciou a expansão da campanha militar da TPLF: “Condenamos insistentemente a expansão da guerra da TPLF para fora de Tigray e continuamos a pedir ao grupo que se retire de Afar e Amhara”, disse.

“A extensão da guerra, no entanto, é tão previsível quanto inaceitável, visto que o governo etíope começou a cortar a ajuda humanitária e o acesso a Tigray em junho, e que continua até hoje, apesar das condições terríveis de fome generalizada”, acrescentou Feltman.

A guerra desencadeou uma crise humanitária que deixou centenas de milhares de pessoas a viver em condições intoleráveis e a passar fome, denunciou a ONU e várias ONG’s que tentaram, com muito pouco sucesso, chegar junto das populações carenciadas.

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