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“Inflação deverá aumentar após a recente recuperação dos preços do petróleo”, segundo BCE

No Boletim Económico publicado esta quinta-feira, a instituição afirma que as tensões geopolíticas relacionadas com a relação entre EUA e Irão, bem como o equilíbrio praticamente completo do mercado petróleo, estão a impulsionar os preços da matéria-prima.
10 Maio 2018, 10h23

A recente valorização dos preços do petróleo, relacionada com tensões geopolíticas, deverá levar a uma aceleração da inflação de curto prazo, segundo o Banco Central Europeu (BCE). No Boletim Económico publicado esta quinta-feira, a instituição afirma que o equilíbrio do mercado petróleo está praticamente completo.

“Os preços do petróleo subiram em meados de março devido ao aumento dos riscos geopolíticos”, refere a publicação, que aponta para as tensões geopolíticas associadas ao relacionamento entre EUA e Irão, apesar de o boletim ainda não referir o anúncio que Donald Trump pretende que o país abandone o acordo nuclear.

Com o rasgar do acordo na terça-feira, no dia seguinte, os preços da matéria-prima para máximos de três anos e meio. Já esta quinta-feira, o crude WTI avança 0,77% para 71,69 dólares por barril e o brent sobe 0,70% para 77,75 dólares.

Além da tensão geopolítica, o BCE aponta ainda para as expetativas de mais cortes na oferta por parte dos países da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) e não-OPEP, embora em março a queda na produção decorrente desses cortes tenha sido parcialmente compensada pelo aumento da produção nos Estados Unidos.

“O reequilíbrio do mercado procurado por esses cortes está praticamente concluído, já que os stocks quase tomaram a média de há cinco anos – o ponto de referência subjacente ao acordo da OPEP / não-OPEP sobre cortes de produção. A procura por petróleo continua forte, em linha com o ciclo de negócios global”, refere a instituição.

Por outro lado, os preços das commodities não petrolíferas diminuíram cerca de 0,8% desde o início de março. Este declínio tem sido impulsionado em grande parte por uma queda no preço do ferro, devido a uma moderação nas importações de metal chinesas e, em menor grau, por um declínio nos preços dos alimentos. O alumínio, por outro lado, atingiu máximos de sete anos, devido à preocupação com as medidas protecionistas implementadas nos Estados Unidos e pela paralisação da produção brasileira associado a um acidente ambiental.

Enquanto espera uma retoma de curto prazo da inflação, o BCE reafirmou ainda que o indicador de subida dos preços se aproxima da meta do banco central: próximo, mas abaixo de 2%.

“A inflação homóloga medida pelo IHPC na área do euro aumentou para 1,3% em março de 2018, face a 1,1% em fevereiro, refletindo principalmente uma inflação mais elevada dos preços dos produtos alimentares. Olhando para o futuro, com base nos atuais preços futuros do petróleo, as taxas anuais de inflação global deverão pairar em torno de 1,5% até ao final do ano”, pode ler-se no boletim.

“As medidas de inflação subjacente permanecem moderadas no geral. No futuro, espera-se que aumentem gradualmente a médio prazo, apoiadas pelas medidas da política monetária do BCE, pela continuação da expansão económica, pela absorção correspondente da folga económica e pelo aumento dos salários”, acrescenta.

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