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Itália afunda bolsas europeias. Tombo de 8% do BCP penaliza PSI 20

A banca é o setor mais penalizado e a instituição portuguesa liderada por Nuno Amado tombou 8,11% para 0,2392 euros por ação na sessão desta terça-feira.
29 Maio 2018, 16h56

As bolsas europeias fecharam em terreno negativo devido à instabilidade política em Itália e a Bolsa de Lisboa não escapou. O PSI 20 caiu 2,61% para 5.369,19 pontos, com o foco no BCP. A banca é o setor mais penalizado e a instituição portuguesa liderada por Nuno Amado tombou 8,11% para 0,2392 euros por ação na sessão desta terça-feira.

Três meses depois das eleições legislativas em Itália, parecia certo que Giuseppe Conte iria formar governo. No entanto, acabou por desistir quando Paolo Savona, um economista que é contra o euro e a União Europeia, foi rejeitado pelo presidente da República para ministro da Economia.

O presidente convidou esta segunda-feira o economista Carlo Cottarelli para formar um governo e apresentar ao Parlamento um programa que leve o país a novas eleições. Até, pelo menos, setembro, Itália irá continuar com um governo provisório.

A política italiana não é a única a preocupar os investidores, com os analistas apontarem também para Espanha, onde o governo de Mariano Rajoy enfrenta uma moção de censura apresentada pelos socialistas e que será votada esta sexta-feira.

Eleições antecipadas lançam medo

“Mesmo com o novo ministro Cottarelli ‘na calha’ os mercados não animam pois já estão à espera de eleições antecipadas, prevendo assim bastante instabilidade no seio da União Europeia”, explicou Carla Maia Santos, senior account manager da XTB.

“Em Portugal, o BCP é o titulo que mais desvaloriza na consequência da instabilidade política em Itália e com receios também de contágio a Portugal. A nível técnico quebra a linha de tendência de longo prazo, colocando a possibilidade de as perdas continuarem”, referiu sobre os títulos do banco.

Não só o BCP, mas todas as cotadas do PSI 20 fecharam em terreno negativo. Depois do banco, as quedas foram lideradas pela Pharol (6,48%), Mota-Engil (5,39%), F. Ramada (5,39%), NOS (3,48%) e CTT (3,45%).

O setor da energia acabou por desacelerar as perdas e a Galp Energia fechou a cair 0,71% para 15,490 euros. A EDP perdeu 0,74% para 3,353 euros, a EDP Renováveis cedeu 0,62% para 7,970 euros e a REN caiu 3,33% para 2,326 euros.

Bolsas e euro cai, yields disparam

A tendência negativa foi generalizada pelos mercados europeus, com as principais bolsas a caírem e os juros das dívidas soberanas dos países do sul a subirem. “A situação política em Itália e em Espanha foi a principal responsável pelo cenário de medo e de aversão ao risco que se desenhou nos mercados financeiros”, afirmam os analistas do BPI.

O Euro Stoxx 50 caiu 1,63%, enquanto a praça italiana, o FTSE MIB, tombou 2,65% e o espanhol IBEX 35 caiu 2,49%. O alemão DAX perdeu 1,53%, o francês CAC 40 cedeu 1,29% e o britânico FTSE 100 desvalorizou 1,23%.

“O mercado acionista, a maioria dos setores encerrou em baixa, mas o financeiro liderou as quedas. De salientar as perdas dos bancos italianos e espanhóis”, acrescentam, depois de o índice pan-europeu Stoxx Europe 600 Banks ter caído 3,2%.

Neste contexto, as yields das dívidas soberanas dos países do sul da Europa dispararam. Em Itália subiram 48 pontos base para 3,16%, em Espanha 9,6 pontos para 1,62% e na Grécia 31 pontos para 4,799%. No caso de Portugal, os juros das Obrigações benchmark subiram 12,2 pontos base para 2,19%, depois de terem tocado os 2,5% durante o dia, em máximos desde de setembro do ano passado.

Em sentido contrário, o ambiente proporcionou uma fuga para ativos de menor risco, com a procura por dívida soberana alemã a aumentar. A yield das Bunds a 10 anos tocaram os 0,26%, em mínimos desde abril de 2017. O euro depreciou-se 0,61% para 1,554 dólares.

[Notícia atualizada às 17h15]

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