“Tudo tem um fim, só a salsicha é que tem dois”
Segundo Wladimir Kaminer, este será um refrão muito entoado em Ibiza e Maiorca pelos maiores de 70 anos, a geração que mais tempo viveu em paz na Europa, aproveitando todas as benesses desde o final da Segunda Guerra Mundial, do Plano Marshall às aulas de tango, da revolução sexual aos cruzeiros de férias.
“Pequeno-almoço à Beira do Apocalipse” é um portento de ironia, talvez o mais forte traço do carácter do escritor, logo a seguir a ser russo (com tudo o que isso significa). O título decorre do resultado de sondagens recentes que revelaram que só dezanove por cento dos alemães se declara optimista em relação ao que aí vem.
O livro reúne um conjunto de crónicas, iniciadas no começo da guerra da Rússia contra a Ucrânia. As suas análises sobre a Rússia são tão acutilantes quanto sarcásticas, deixando o leitor na dúvida se estará do lado dos dezanove por cento que acreditam que o céu não cairá sobre as nossas cabeças. Provavelmente, não, pois fica um travo amargo no paladar, apesar do humor com que é relatada a transformação de “uma autocracia corrupta (…) numa ditadura beligerante e sanguinária”.
Nascido em Moscovo, em 1967, Kaminer vive em Berlim desde 1990. Escreve artigos em jornais e revistas e apresenta a série “Kaminer Inside”, na cadeia pública de televisão 3sat.
Em Portugal, já tinham sido publicados três livros seus: “Militärmusik”, “Russendisko” (ambos na Cavalo de Ferro e esgotados) e “Viagem a Tralalá” (Tinta da China). “Pequeno-almoço à Beira do Apocalipse” saiu pelas mãos da Livros Zigurate, com tradução de Helena Araújo.
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