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Lucro do BCP sobe mais de sete vezes, para 186,4 milhões de euros

Em comunicado divulgado esta quarta feira, o BCP refere que a atividade em Portugal deu um contributo positivo de 39 milhões de euros para os resultados líquidos.
  • Cristina Bernardo
14 Fevereiro 2018, 17h25

Os resultados líquidos do Banco Comercial Português (BCP) foram multiplicados por mais sete no ano passado, face a 2016, para 186,4 milhões de euros, beneficiando de uma melhoria da margem financeira e de uma redução significativa das imparidades.

Em comunicado divulgado esta quarta feira, o BCP refere que a atividade em Portugal deu um contributo positivo de 39 milhões de euros para os resultados líquidos. Este resultado líquido foi impulsionado pela aumento da margem financeira em 9,7% e pela melhoria expressiva das imparidades para crédito (-49,0%, com redução do custo do risco de 266 pb para 140 pb), bem como pela redução das outras imparidades e provisões (-46,1%)

Nas contas consolidadas, destaque para o resultado core (margem + comissões – custos) aumenta para 1.104 milhões em 2017, com uma melhoria contínua da margem financeira: cifrou-se em 2,2% em 2017, comparando com 1,9% em 2016 e com 1,1% em 2013.

A margem financeira e as comissões juntas subiram 9,8% para 2.058 milhões de euros, e o impacto no resultado foi de +184 milhões.

A margem em volume cresce 13% num ano. A descida dos juros dos depósitos,  a redução do crédito vencido e o facto de terem pago a totalidade dos CoCos ao Estado (que tinham um juro muito alto) explicam a subida da margem.

O crescimento das comissões nas operações internacionais, com estabilidade em Portugal, foi outra das notícias avançada. No consolidado as receitas de comissões subiram num ano +3,6% para 666,7 milhões de euros, sendo que dentro destas as comissões bancárias subiram 2,7%. Nuno Amado anunciou que iria aumentar comissões neste ano de 2018.

Mas em Portugal em 2017 o banco recebeu ligeiramente menos em comissões (-0,2%) para 455,5 milhões.

A actividade internacional, por seu turno, caiu 15% para 173 milhões.

O crescimento da carteira de crédito performing em Portugal em 2017, o que já não ocorria há 8 anos foi o acontecimento destacado por Nuno Amado. Alteração estrutural da carteira de crédito a empresas nos últimos anos, com descida dos pesos da construção e atividades imobiliárias e das SGPS não financeiras.

A atividade de crédito em crescimento. O credito a particulares: mais de 2,0 mil milhões de novo crédito; a empresas foi concedido mais de 600 milhões financiados ao abrigo do “Portugal 2020”; o que projectou a quota de mercado no crédito a exportadoras para 17,2%.

O crédito a empresas representa 47% do total de crédito, com um peso dos setores da construção e imobiliário de 8% em 31 de dezembro de 2017; o Crédito à habitação tem um peso de 46% da carteira, com um nível de sinistralidade baixo e LTV médio de 65% e 83% da carteira de crédito encontra-se colateralizada. Destaque ainda para o facto de aqui  os colaterais imobiliários representarem 93% do valor total dos colaterais e 80% dos colaterais imobiliários serem imóveis residenciais

O banco, a nível consolidado, anunciou ainda uma subida de 16% para 2,5 milhões nos clientes digitais ativos.

Em termos de recursos de clientes a subida foi de +5,4% para 51.949 milhões.

Outro grande destaque vai para a redução do rácio cost-to-income, o que traduz uma melhoria da eficiência. Os banco está entre os mais eficientes da zona euro, com um rácio cost-to-core-income de 46% (cost-to-income de 43%, comparando com 73% em 2013).

Em termos de qualidade da carteira de crédito, o banco ultrapassou a meta que tinha para a descida do crédito improdutivo. Os NPEs em Portugal descem para 6,8 mil milhões de euros em 31 de dezembro de 2017, “com ritmo muito elevado de redução desde 2013 (média de -1,5 mil milhões por ano)”, diz Nuno Amado.

A redução dos NPEs em 1,8 mil milhões de euros em 2017, excede largamente o objetivo de redução anual de mil milhões.  A descida foi de 8,5 mil milhões em 31 de dezembro de 2016 para 6,8 mil milhões de euros na mesma data de 2017. Este decréscimo resulta de saídas líquidas de 613 milhões, vendas de 670 milhões e anulações de 500 milhões de euros.

Deu-se uma redução significativa dos NPEs no 4.º trimestre, de 7,2 mil milhões no final de setembro para 6,8 mil milhões no final de dezembro (-0,4 mil milhões)

O decréscimo de NPEs face a 31 de dezembro de 2016 é atribuível a reduções de 1,0 mil milhões dos NPL (crédito malparado) acima de 90 dias e de 0,8 mil milhões de euros dos outros NPEs.

O rácio de NPE caiu de Rácio 18,1% em 2016 para 15,0% do total da carteira em 2015. Ainda assim é alto na comparação com os seus pares.

O banco desceu a exposição a crédito improdutivo e ainda reforçou a cobertura. A cobertura total dos NPEs é de 103%, desagregada em: cobertura por imparidades de 42%; cobertura por colateral imobiliário de 45%; cobertura por cash e outros colaterais financeiros de 13%; cobertura por expected loss gap de 6%.

Em Portugal o total de crédito NPEs caiu 20% para 6.754 milhões de euros.

Na conta de resultados as imparidades e provisões caíram num ano -42,1% para 924,8 milhões. O custo do risco a iniciar tendência para a normalização, ao passar de 216 pontos base em 2016 para 122 pb em 2017. Ainda assim alto, quando comparado com os seus pares. Em Portugal a queda do custo do risco (rácio entre a Imparidade do crédito (líquido)  e o saldo médio do Crédito a clientes) foi ainda mais expressiva, de -48,1% para 140 pontos base.

Imóveis por dação em incumprimento caem, e valor de vendas aumenta. Os números divulgados dão conta que o banco chegou a dezembro com 1.778 milhões de euros de imóveis recebidos por incumprimento de crédito. O que compara com 1.782 milhões. Se for excluído de imparidades constituídas para esses imóveis em 2017 esse valor desce para 1.546 milhões de euros.

O número de imóveis vendidos subiu para 3.852, face a 2.566 um ano antes e o valor contabilístico subiu para 379 milhões (+53,1%) com o valor da venda a ser de 428 milhões face a 272 milhões um ano antes. As participações em Fundos de Reestruturação estão a baixar, sendo em dezembro de 1.019 milhões, com imparidades totais 986 milhões.

O banco publicou rácios de capital CET1 de 13,2% (phased-in) e 11,9% (fully implemented).

(atualizada)

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