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Marques Mendes: “Estamos a desperdiçar uma oportunidade histórica”

“Aqui temos excelentes condições para atrair grandes investidores”, disse. No entanto é preciso o país “ter políticas correctas de aposta no investimento e não no consumo; ter investimento público reprodutivo; e ter uma política fiscal competitiva”.
19 Novembro 2018, 01h32

Luís Marques Mendes no seu habitual espaço de opinião de domingo na SIC, comentou o facto de a economia portuguesa estar a abrandar.

O INE divulgou esta semana os dados da evolução da economia no 3º trimestre do ano.  Marques Mendes realça três aspetos. “Primeiro, a parte boa, é que estamos a crescer ligeiramente acima da União Europeia e da Zona Euro. Logo, estamos a convergir. O que é bom”; mas depois vem “uma parte menos boa: vamos acabar o ano provavelmente a crescer menos do que crescia e menos do que previa o Governo”; e finalmente “há uma parte má”, é que na Europa “só há 5 países a crescer menos do que nós. A esmagadora maioria está a crescer o dobro e até o triplo de Portugal. E os países que são do nosso campeonato dentro da Europa estão todos a crescer muito. Assim, não saímos da cauda da Europa”, referiu o comentador.

“O pior é que estamos a desperdiçar uma oportunidade histórica”, salienta Marques Mendes.

“Aqui temos excelentes condições para atrair grandes investidores estrangeiros. Temos estabilidade, segurança e contas certas, tudo coisas que os investidores apreciam. Não temos os problemas de separatismo que tem a Espanha; não temos a confusão que tem a Itália; não somos o caso perdido que é a Grécia”, disse o comentador.

“É uma pena que não aproveitemos esta oportunidade histórica, fazendo o trabalho de casa que se impõe”, disse Marques Mendes, salientando que é preciso ter políticas correctas de aposta no investimento e não no consumo; ter investimento público reprodutivo; e ter uma política fiscal competitiva”.

PS a subir e PSD a descer nas sondagens

O comentador, que já foi presidente do PSD, trouxe para o comentário de domingo a última sondagem SIC/Expresso que dá ao PSD, ainda sem o novo partido de Santana Lopes, 27%. “O que significa que é mais um sinal de alarme para o PSD. Se ainda, sem contar com a Aliança, o PSD está nos 27%, como ficará quando se contabilizar o novo partido?”, disse Marques Mendes.

“A verdade é que o PS continua a subir e está já nos 42%, deixando o PSD a 15 pontos de distância e ficando mesmo à beira da maioria absoluta”, lembra o comentador. “Isto acontece porque há economia e porque não há política. Ou seja, as pessoas vivem hoje melhor do que no passado; e os cidadãos não vêem na oposição uma alternativa”, conclui.

Depois, “os outros partidos, mais décima, menos décima, estão na mesma. O PCP estável. O CDS e o BE sem conseguirem descolar”.

Esta segunda-feira sai outra sondagem, da Aximage/Correio da Manhã, onde o PSD tem 26% e o PS tem 38%.

Marques Mendes considera que o PSD “está a seguir uma estratégia que é uma originalidade que vai conduzir ao suicídio politico”.

“As últimas declarações do líder e do Secretário-Geral do PSD são se o partido se mantiver dividido, o resultado vai ser um desastre”, recorda Marques Mendes que salienta que este tipo de declarações são típicas de um comentador e não de um líder da oposição. “Um comentador pode dizer isso. Está a fazer análise política. Na boca de um dirigente, esta declaração significa duas coisas, antecipar a derrota e atirar a toalha ao chão; depois, a tentar apenas encontrar uma explicação para a derrota a 10 meses de eleições”, referiu Marques Mendes.

“Em vez desta originalidade o que a direção do PSD devia fazer era lançar pontes para unir o partido e preparar uma alternativa”, recomendou.

Marques Mendes critica atuação do Ministério Público na detenção de Bruno de Carvalho

As vicissitudes inerentes à detenção de Bruno de Carvalho foi alvo de fortes críticas por parte do comentador. “Prepotência, trapalhadas e precipitação”, disse o comentador

“Foi feita num dia que não é habitual (um domingo), o que indiciava que havia urgência neste interrogatório. Mas depois, como se viu, foi só ouvido na quarta-feira. É inaceitável que se tenha uma pessoa detida três noites seguidas à espera que o Juiz tenha agenda para o ouvir. É uma falta de respeito pelas pessoas. Não se humilha assim uma pessoa e os seus familiares”, disse.

Marques Mendes considerou que a detenção de Bruno de Carvalho foi a justiça a contribuir para um circo. “Esta estratégia do quero, posso e mando não é aceitável”, disse.

Depois, o juiz de Instrução diz no seu despacho que Bruno de Carvalho aguarda julgamento em liberdade apesar de haver “risco de continuação de actividade criminosa”. “Então há neste momento algum risco de um novo ataque a Alcochete? Só num filme de ficção científica.

Depois o juiz argumenta que há “risco de perturbação das investigações”. Mas há algum risco de perturbação das investigações? Mas qual risco, se as investigações terminaram na mesma semana e a acusação foi deduzida? Deve estar a brincar com o pagode”.

Esse risco só podia ter existido antes.

O perigo de fuga também foi invocado no despacho do juiz.

Terceira trapalhada, o Ministério Público pretendeu que este processo fosse considerado pelo juiz de elevada complexidade, para ter mais tempo de investigação. Mas, como só se lembrou em cima da hora, já não foi a tempo de o conseguir.

Depois o Juiz de Instrução recebeu o pedido e diferiu o pedido do Ministério Público, mas, como se esqueceu de ouvir os advogados das partes contrárias, foi obrigado a revogar a sua decisão.

Frederico Varandas foi ouvido na véspera de ser deduzida acusação. Jorge Jesus não foi encontrado, salienta ainda o comentador.

“Tudo isto dá uma perigosa sensação de precipitação, de que tudo foi feito em cima do joelho”.

Marques Mendes comentou o episódio do IVA das Corridas de Toiros e as posições contraditórias de António Costa e Carlos César.”Este episódio revela que há algum mal-estar entre António Costa e Carlos César”, disse

(atualizada)

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