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Marques Mendes: “Já tínhamos o imposto Mortágua e agora passamos a ter o imposto Robles”

A sondagem da Aximage é um terramoto para o Bloco e para o PSD, diz Marques Mendes. Na sua análise da semana opiniou sobre os passes sociais de Medina, as eleições do Sporting e o caso de corrupção envolvendo o Benfica, entre outros.
9 Setembro 2018, 23h37

Luís Marques Mendes afirmou esta noite, no seu comentário habitual na SIC, que Frederico Varandas, o novo presidente do Sporting, “tem mundo e tem talento”. O comentador que é benfiquista elogiou também o apelo à unidade do Sporting proferido nos discursos de Frederico Varandas e de Rogério Alves.

Marques Mendes falou sobre a nova vida do Sporting. “O futuro está nas mãos do novo presidente – Frederico Varandas que “é uma lufada de ar fresco no Sporting e no futebol português”.

Marques Mendes considera ainda que estas eleições marcam o fim do ciclo Bruno de Carvalho. “Um ciclo que teve altos e baixos, algumas coisas boas e muitas coisas mas”.

O comentador elogiou os órgãos que saem de cena, como Jaime Marta Soares, pois “a sua coragem foi decisiva para a ruptura que houve em Junho”. Depois elogiou Torres Pereira e os seus pares na Comissão de Gestão; Henrique Monteiro e a Comissão de Fiscalização e Sousa Cintra que “foi um herói. Resolveu muitos problemas. Deu normalidade ao clube. Recuperou jogadores que tinham saído. Deixa o Sporting na liderança do campeonato. Merece uma estátua”.

Recorde-se que com a Comissão de Fiscalização, com um papel determinante no processo disciplinar ao ex-presidente, esteve a advogada Rita Garcia Pereira.

 

Benfica: Alguém acredita que Paulo Gonçalves agia sozinho?

Já no caso e-Toupeira que envolve o Benfica que está acusado de 30 crimes no processo e o seu assessor jurídico Paulo Gonçalves de 79 crimes, segundo a acusação do Ministério Público. O MP acusou a SAD [Sociedade Anónima Desportiva] do Benfica de um crime de corrupção ativa, de um crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de 28 crimes de falsidade informática.

Paulo Gonçalves, assessor jurídico do Benfica, foi acusado de 79 crimes: um de corrupção ativa, um de oferta ou recebimento indevido de vantagem, seis de violação de segredo de justiça e de 21 crimes de violação de segredo por funcionário, em coautoria com os arguidos Júlio Loureiro e José Silva (ambos funcionários judiciais).

Paulo Gonçalves está ainda acusado de 11 crimes de acesso indevido (em coautoria), de 11 crimes de violação do dever de sigilo (em coautoria) e 28 crimes de falsidade informática.

Marques Mendes diz que esta acusação no processo e-toupeira permite concluir que “acabou a impunidade” aos clubes de futebol no domínio da justiça. É mais um aspecto positivo do legado da actual PGR, Joana Marques Vidal.

“Esse tempo da impunidade está a acabar. E a primeira grande mudança é na relação da justiça com o futebol. Provavelmente, os dirigentes desportivos ainda não perceberam esta mudança que está em curso. Mas a verdade é que nada no futuro será como dantes. Os dirigentes desportivos podem não gostar. Mas o futebol e o país agradecem mais transparência e menos impunidade no combate à corrupção”, referiu.

Em pouco meses o Benfica viu o seu nome ligado a quatro investigações: o caso e-Toupeira, o processo dos emails; caso que envolve o juiz Rui Rangel; e compra de jogos (árbitros),  “isto tira credibilidade ao Benfica”, defende.

Marques Mendes referiu-se ao caso de um alto funcionário do Benfica (Paulo Gonçalves) ter sido acusado de usar informação ilegítima e obtida de forma ilegal.

“Esta informação era para benefício do Benfica. Mas alguém acredita que Paulo Gonçalves agia sozinho? Por conta própria? Para seu benefício pessoal? Ele que é da total confiança do Presidente do Benfica é representava o Benfica em instituições fora [Liga de Clubes]?”, questionou.

Na mesma altura em que o Benfica foi sancionado por causa das claques, o Presidente do IPDJ, Augusto Baganha, foi demitido pelo Governo. “Tudo muito estranho: então demite-se um Presidente aprovado pela Cresap? A um ano do fim do mandato? Um presidente que fez um trabalho por todos considerado competente?”, questionou o comentador que salientou a sequência de acontecimentos. Esta demissão feita pelo Secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, ocorre após o Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ), ainda sob a presidência de Baganha, ter castigado o Benfica com um jogo à porta fechada devido a apoio do clube a grupos de adeptos não legalizados. Os encarnados foram ainda multados em 56.250 euros, sendo esta a maior coima aplicada a um clube em Portugal.

“O Governo deve esclarecer. Foram pressões clubísticas? Foram razões políticas? O escrutínio é essencial”, sublinhou.

Augusto Baganha já disse que vai colocar uma ação em tribunal contra o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, com o objectivo de obter da justiça uma providência cautelar que lhe permita concluir o mandato de presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), que só termina dentro de um ano.

 

A sondagem da Aximage é um terramoto para o Bloco e para o PSD, diz Marques Mendes

O comentador considera a sondagem da Aximage relativa ao mês de Agosto o caso político da semana. “É excelente para o PS (está nos 40%); é magnífica para o CDS (passa a terceiro partido); e é boa para o PCP (está estável no seu resultado tradicional). Mas é um terramoto para o Bloco de Esquerda e para o PSD”, diz.

“O  Bloco de Esquerda baixa num mês de 9% para 7%. Perde mais de 20% das suas intenções de voto. É o efeito do caso Robles [dado em primeira mão pelo Jornal Económico]. É muito mau”, defendeu. Isto fez o BE perder força nas negociações para o Orçamento, defende Marques Mendes.
O comentador lembrou o nervosismo do BE, e recordou a taxa para combater a especulação imobiliária  (que está a ser preparada há meses pelo Bloco), e que foi agora anunciada por Catarina Martins. “Já tínhamos o imposto Mortágua [Adicional do IMI] e agora passamos a ter o imposto Robles”, disse Marques Mendes.

Recorde-se que o BE propôs ao governo a criação de uma taxa para travar a especulação imobiliária, disse Catarina Martins, dirigente dos bloquistas, hoje, ao mesmo tempo que adiantou que espera que esta medida seja aprovada para o orçamento.

 “Estamos a negociar tanto o prazo da operação em que se aplica a taxa como o valor da taxa, julgamos que esta é uma medida que vai para a frente. Se o Governo concorda connosco que ela é importante temos abertura para negociar prazos, valores, etc”, afirmou Catarina Martins.

 

PSD cai nas sondagens para mínimo histórico 

Para o PSD a sondagem foi terrível. O PSD baixa num mês de 27% para 24%. “É o pior resultado de sempre do PSD numa sondagem desde que há sondagens em Portugal. Perde mais de 10% das suas intenções de voto num mês”. E, pior ainda, vê o CDS crescer à sua custa, reforça o comentador.
Isto, na opinião do conentador social-democrata, tem sobretudo a ver com as guerras internas. “O PSD precisa de paz”, defende.
Rui Rio tem de ser exemplo de unificação, considerou. Marques Mendes criticou as declarações à TSF de Rio quando diz que “todos aqueles que discordam do ponto de vista estrutural” deviam “coerentemente sair”. Até porque, na opinião do líder do PSD, incoerente “é ficar dentro do partido a tentar destruir”.
A que se deve esta queda? Ao “desaparecimento” do PSD no mês de agosto e ao surgimento do partido de Santana Lopes e ainda àsmquerelas internas no PSD.

“Rio, se quer tentar ganhar eleições, tem de falar para o país e não para dentro do partido. O seu adversário é o Primeiro-Ministro; não são os companheiros do partido”.

“A única boa notícia é que hoje, falando na Universidade de Verão, já recuou”, disse.

 

Passe Social de Medina

“Foi uma excelente ideia, mas foi lançada com enorme precipitação. Por isso o Governo teve que andar aos ziguezagues”, considerou.

“Primeiro, era só para Lisboa. A seguir, já era também para o Porto. E, face à contestação, passou a ser para todo o país.   Depois, era só o OE a pagar. Agora, já são também os autarcas.        Finalmente, Medina falou em nome da AML mas ainda nem sequer há acordo na AML sobre o passe social único”.

O presidente da Câmara Municipal de Lisboa defendeu uma redução no preço dos transportes públicos da Área Metropolitana de Lisboa (AML), limitando o passe social a 40 euros por mês, disse numa entrevista ao Expresso. “Mas isso não está  decidido na grande Lisboa, pois só na segunda-feira e terça-feira seguintes se discutiu o assunto em reunião dos municipios da AML e não se chegou a acordo, ainda  não se entenderam”, revelou, para explicar que se tratou de uma precipitação.

Recorde-se que A proposta para um novo sistema de passes, que, segundo Fernando Medina, já foi entregue ao Governo, é para ser incluída no próximo Orçamento de Estado, e tem um custo estimado de 65 milhões de euros por ano.

O custo máximo do passe proposto por Fernando Medina é o de 30 euros por mês dentro da cidade e de 40 euros para circular nos 18 municípios da AML.

Em conclusão “foi uma precipitação, que dá a sensação que tudo foi feito em cima do joelho apenas para que Medina tivesse uma novidade para apresentar na entrevista ao Expresso, apesar de ser uma excelente ideia”.

De resto, há quem diga que este caso foi a forma encontrada por Costa para dizer que propõe Medina para seu sucessor. “Eu não acredito nessa hipótese”, diz. “Costa sabe que tem ao pé de si dois interessados na sucessão – Pedro Nuno Santos e Fernando Medina. Um é o seu sucessor na Câmara, outro é seu Secretário de Estado, António Costa não vai cometer a deselegância de tomar partido por um contra o outro”, defendeu.

Pedro Nuno Santos leva grande vantagem sobre Medina porque tem mais força dentro do PS. “Como se viu no Congresso do PS.  Antonio Costa não vai querer servir de muleta. Não é bom nem para o primeiro-ministro nem para Medina”, adiantou.

Finalmente “os partidos não são monarquias. Os líderes que saem não escolhem os líderes que entrem. E, quando se metem nisso, normalmente perdem. Costa nunca cometerá essa imprudência”, disse.

 

Fundo de Solidariedade Europeu, atribuiu cerca de 50 milhões de euros para apoiar os concelhos vítimas dos fogos florestais de 2017.

O Fundo de Solidariedade Europeu, atribuiu cerca de 50 milhões de euros para apoiar os concelhos vítimas dos fogos florestais de 2017. O Governo decidiu que uma parte dessas verbas fica no Estado em vez de ir para os territórios afectados. “Isto é um desvio à razão de ser dos apoios concedidos. Não sei se é uma decisão legal. Mas é seguramente uma decisão imoral”, defendeu apelando a que seja corrigido.

Marques Mendes lembrou que os fogos de Pedrógão e os fogos de outubro (onde houve mortos) têm um apoio a 100%, enquanto os fogos dos outros locais têm apenas um apoio de 60%. “Isto não é justo, sobretudo porque todos a candidatura aos fundos de Bruxelas contam com o apoio de todos os municípios afectados “, referiu.

Os feridos graves só estão a ser apoiados aqueles que foram vítimas de Pedrógão e dos fogos de outubro, mas outros não têm apoio, “há feridos graves de outros incêndios (por exemplo, Alpedrinha) e não têm qualquer apoio. Isto faz algum sentido? Outra injustiça”, salientou.

Por fim saudou a Fundação Champalimaud que vai ter uma unidade do tratamento do pâncreas com o apoio de uma família espanhola.

E anunciou a iniciativa de José Ribeiro e Castro de reforma do sistema eleitoral, que passa pela entrega de uma petição na Assembleia da República e por uma grande conferência na Faculdade de Direito de Lisboa  na próxima semana.

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