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Merkel pressionada a cancelar gasoduto com a Rússia após envenenamento de Navalny

Na semana passada, Angela Merkel referiu que o caso de Navalny não deveria ser vinculado a essa tubulação – comentários que antecederam a sua revelação de que o político russo foi envenenado. Agora, as opiniões no partido da chanceler alemã dividem-se.
3 Setembro 2020, 13h51

A chanceler alemã, Angela Merkel, enfrenta uma pressão interna do partido para reconsiderar o gasoduto Nord Stream 2, que levará gás da Rússia para a Alemanha, depois da confirmação do envenenamento de Alexei Navalny, escreve a “Reuters” esta quinta feira, 3 de setembro.

“Vamos procurar uma política dura, devemos responder com a única linguagem que Putin entende,  que é a venda de gás”, garantiu Norbert Roettgen, chefe do comité parlamentar dos negócios estrangeiros da Alemanha. “Se o gasoduto Nord Stream 2 for concluído agora, seria a confirmação e o incentivo máximo para Putin continuar com esse tipo de política”, acrescentou Norbert Roettgen.

Na semana passada, Angela Merkel referiu que o caso de Navalny não deveria ser vinculado a essa tubulação. A agência noticiosa aponta que muitos parlamentares do seu partido, que estão envolvidos no projeto, ainda querem que seja concluído. Comentários que antecederam a revelação, ontem, de que Navalny foi envenenado com uma substância denominada Novichok. Entretanto, a chanceler alemã ainda não voltou a mencionar o gasoduto.

O Nord Stream 2 deverá duplicar a capacidade do gasoduto Nord Stream 1 existente no transporte de gás diretamente da Rússia para a Alemanha. Liderado pela empresa russa Gazprom com parceiros ocidentais, 90% do projeto está concluído e estava previsto começar a funcionar no início de 2021.

“As relações económicas devem estar na agenda e isso significa que o projeto Nord Stream 2 não deve ser deixado de fora”, disse o diplomata alemão e antigo embaixador da Alemanha nos Estados Unidos, Wolfgang Ischinger.

O projeto dividiu a União Europeia, com alguns países a alertar que vai prejudicar o estado tradicional de trânsito do gás e aumentar a dependência do bloco da Rússia para o fornecimento de energia. Quem também se opõe ao gasoduto são os Estados Unidos, que estão interessados ​​em aumentar o abastecimento de gás natural liquefeito (GNL) para a Europa.

A Rússia não se pronunciou sobre a possibilidade de interromper o projeto, mas sobre o envenenamento de Alexei Navalny, o Kremlin garantiu, em comunicado, que não tem conhecimento de nenhuma informação proveniente da Alemanha, que confirme o envenenamento do crítico de Putin, segundo agência de notícias russa “Tass” citada pela “Reuters”.

Tendo em conta a ausência de informação apontada pelo Kremlin,  procuradores russos aguardam respostas da Alemanha do pedido sobre os detalhes dos exames médicos realizados a Alexei Navalny, feito na quarta-feira.

Alex Navalny foi transportado de avião para a Alemanha a 21 de agosto, depois de se ter sentido mal no dia anterior, enquanto voltava da Sibéria para Moscovo. Depois da persistência de aliados e da sua mulher, o crítico do Kremlin deu entrada no hospital Charité, em Berlim, onde se encontra em estado de coma.

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