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Ministério de Galamba apagou telemóvel, acusa ex-adjunto

Frederico Pinheiro revelou hoje que a chefe de gabinete de João Galamba ordenou uma intervenção no seu telemóvel que culminou na eliminação de mensagens sensíveis.
17 Maio 2023, 16h10

O ex-adjunto de João Galamba acusa o Ministério das Infraestruturas de ter apagado o arquivo do seu telemóvel com o objetivo de apagar mensagens que pudessem ser sensíveis para o ministro, de acordo com informações prestadas por Frederico Pinheiro na CPI à gestão da TAP esta quarta-feira.

O apagão teve lugar depois de a chefe de gabinete de João Galamba ter ordenado uma intervenção no telemóvel de Frederico Pinheiro para tentar recuperar mensagens trocadas no Whatsapp entre o então adjunto e a ex-CEO da TAP Christine Ourmières-Widener.

“A Eugénia Correia ordena a intervenção no meu telemóvel para tentar recuperar mensagens. Foi feito um apagão total do meu arquivo no telemóvel”, revelou hoje Frederico Pinheiro na CPI da TAP.

O ex-adjunto revelou que numa reunião de 16 de janeiro entre João Galamba e a ex-CEO, o ministro informou-a de uma reunião no dia seguinte com deputados do PS para preparar a sua audição no Parlamento sobre o pagamento de uma indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis.

Na tarde de 16 de janeiro,Frederico Pinheiro obteve autorização de João Galamba para a ex-CEO participar na reunião e o ex-adjunto transmitiu esta autorização à ex-CEO. Foram estas mensagems que a chefe de gabinete queria recuperar.

Frederico Pinheiro recordou a 5 de abril à chefe de gabinete que o “dr. João Galamba disse que tinha sido o próprio a indicar à CEO a  existência da reunião preparatória”, acusado a chefe de gabinete de querer que não fosse revelada a “existência da reunião” secreta de 17 de janeiro e que as notas retiradas por si desta reunião “não fossem entregues à CPI” por serem um encontro informal. Pinheiro recordou então a Eugénia Correia que “tinha sido o próprio Joao Galamba a autorizar a participação da CEO da TAP”.

A 6 de abril, a chefe de gabinete ordenou a Frederico Pinheiro a procurar “todas as comunicações com a CEO da TAP sobre a reunião, mas a CEO tinha a opção de apagar mensagens uma semana depois do envio”. Daí ter ordenado a intervenção no telemóvel que terminou na eliminação do arquivo.

O ex-adjunto de João Galamba está a ser ouvido hoje no Parlamento na CPI da TAP. Frederico Pinheiro acusou João Galamba de querer esconder as suas notas sobre o encontro da ex-CEO da TAP com os deputados do PS para preparar uma audição parlamentar em janeiro, com o objetivo de alinhar o discurso da ex-CEO com o dos deputados socialistas; o ministro das Infraestruturas já rejeitou a acusação, apontando que foi o seu antigo assessor que omitiu as notas do encontro.

Outra das polémicas foi o que se passou na noite quente de 26 de abril. Depois de demitido por João Galamba ao telefone, Frederico Pinheiro dirigiu-se ao ministério das Infraestruturas para recuperar o seu computador com o objetivo de retirar informação que pudesse ser-lhe útil para defesa futura, negando que tenha tentado retirar qualquer documento confidencial do computador (tal como a reestruturação da TAP). O ex-adjunto foi acusado de agredir membros do gabinete de João Galamba, algo que o próprio já negou. Frederico Pinheiro acabou por levar o seu computador, que foi recuperado mais tarde pelos serviços secretos, juntando mais gasolina a esta fogueira de polémicas.

Pelo meio, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu a demissão do ministro das Infraestruturas, que chegou a apresentar uma carta de demissão ao primeiro-ministro, mas António Costa segurou João Galamba, com o Presidente da República a criticar publicamente a decisão.

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