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Mutualista Montepio com lucros de 90,8 milhões em 2022 a subirem 27%

O resultado operacional fixou-se em 137,5 milhões, mais 38% que um ano antes.
  • Cristina Bernardo
1 Junho 2023, 09h54

A Associação Mutualista Montepio Geral apresentou hoje, em conferência de imprensa, um resultado líquido consolidado de 90,8 milhões de euros, relativo a 2022, o que traduz uma subida de 26,9% face a 2021. O contributo da globalidade das empresas do grupo ajudaram a este resultado.

A associação, em termos individuais, teve lucros de 50,2 milhões, acima dos 44,6 milhões em 2021.

O resultado operacional fixou-se em 137,5 milhões, mais 38% que um ano antes.

A margem financeira registou um aumento de 6,6% para 296,9 milhões, com a ajuda da subida das taxas de juro, já que o principal contributo vem dos juros e rendimentos similares.

Os proveitos inerentes a associados e prémios de seguros cresceram 21,1% fixando-se em 1.130,3 milhões, c”om o contributo expressivo da atividade mutualista onde os proveitos inerentes a associados totalizaram 848,5 milhões”.

O Montepio Geral – Associação Mutualista salienta o aumento de 4.877 associados durante o ano de 2022, totalizando 606.483, comparativamente a 601.606 no final de 2021. No mesmo período verificou-se um decréscimo de 48 trabalhadores no Grupo, passando de 4.899 trabalhadores em 2021, para 4.851 trabalhadores no final de 2022.

Os gastos de funcionamento (que incluem custos com pessoal, gastos gerais administrativos e amortizações) diminuíram 4,6 milhões de euros (-1,3%), situando-se em 354,3 milhões de euros no final de 2022. “Para esta evolução favorável contribuiu a componente de custos com pessoal, com um decréscimo de 5,4 milhões de euros (-2,5 %), acompanhando a concretização do Programa de Ajustamento Operacional do Banco Montepio”, avança a Mutualista.

“A variação dos custos inerentes a associados e com sinistros líquidos de resseguro atingiu 199,1 milhões de euros, principalmente induzida pela atividade mutualista, cujos custos inerentes a associados, no montante de 762,7 milhões de euros, registaram um aumento de 209,1 milhões de euros, face a 2021, principalmente na componente de vencimentos e reembolsos antecipados”, refere a associação dona da Lusitânia e da Futuro.

“A variação das provisões técnicas registou um decréscimo de 39,9 milhões de euros (-27,7%), fixando-se em 104,1 milhões no final de 2022. Esta evolução traduz, essencialmente, a variação das provisões matemáticas do ramo vida, líquidas de resseguro, que evidenciaram um decréscimo de -39,3 milhões de euros, face ao valor registado no final de 2021”, acrescenta a associação.

O total consolidado de imparidades e provisões constituídas ascendeu a 50,9 milhões de euros, em 2022, que compara com 69,1 milhões de euros constituídos em 2021, traduzindo uma redução de 18,2 milhões de euros (-26,3%), “para o que contribuiu a variação da imparidade para crédito em -38,0 milhões de euros, situando-se em 13,3 milhões de euros em 2022”.

O ativo líquido caiu cerca de 700 milhões de euros, passando de 22,9 mil milhões para 22,2 mil milhões, devido sobretudo à desvalorização dos ativos financeiros detidos pelas seguradoras e pela venda de ativos não produtivos da parte do banco, explicou o presidente da Mutualista.

“Relativamente ao ativo, houve um decréscimo de 697,1 milhões de euros (-3,0%), por via da amortização de dívida emitida, salientando-se, também, a aplicação de liquidez nas carteiras de títulos, geradoras de maior rendimento”, lê-se no comunicado.

Para a variação do ativo contribuíram de forma mais significativa “a rúbrica de caixa e disponibilidades em bancos centrais e outras instituições de crédito (OIC), com uma variação de -1.796,2 milhões de euros (-53,6%); a carteira de títulos e outros instrumentos, com um aumento de 987,7 milhões de euros (19,7%); a carteira de crédito, com um aumento de 43,0 milhões de euros (0,4%), com o crédito performing a registar um aumento de 246 milhões de euros face ao valor apurado em 31 de dezembro de 2021, numa dinâmica de promoção do financiamento sustentável e de reforço do financiamento junto das entidades do setor social”, acrescenta a nota.

A rúbrica de ativos por impostos correntes e diferidos, teve um aumento de 27,7 milhões de euros (2,0%) face ao valor de 2021.

O passivo do MGAM ascendeu a 22.022,1 milhões de euros, traduzindo um decréscimo, face a 2021, de 750,0 milhões de euros (-3,3%) traduzindo “a concretização de operações de redução de dívida a par do aumento da captação de recursos de associados e clientes”.

Para a evolução do passivo a associação destaca “a redução dos recursos de bancos centrais e outras instituições de crédito em 225,8 milhões de euros (-6,5%); o decréscimo da dívida emitida, no montante de 1.010,7 milhões (-61,3%), por via das operações de liquidação e recompra de obrigações realizadas pelo Banco Montepio; a variação positiva dos recursos de clientes em 375,0 milhões de euros (3,0%); o acréscimo das provisões técnicas em 90,8 milhões de euros (2,3%) e decréscimo dos contratos de investimento em 107,0 milhões (-14,3%); e o aumento dos passivos não correntes detidos para venda – operações em descontinuação em 101,4 milhões de euros, pela conclusão do processo de dissolução voluntária e liquidação do Banco Montepio Geral Cabo Verde e do acordo de venda do Finibanco Angola”.

Em 2022 o capital próprio do MGAM atingiu 201,9 milhões de euros, acima dos 148,9 milhões registados no final de 2021, a que corresponde um aumento de 52,9 milhões de euros (35,5%), “incorporando o resultado consolidado, no montante de 88,5 milhões de euros; as alterações de justo valor, líquidas de reservas por impostos diferidos, em -161,3 milhões de euros; as remensurações líquidas de imposto diferido, em 118,3 milhões de euros; as diferenças cambiais e desvios atuariais, de 11,5 milhões de euros; e a atribuição de benefícios e os outros movimentos de consolidação, em -4,0 milhões de euros”.

Simplificação do Grupo Montepio e reforço de sinergias

Virgílio Lima lembrou que no decorrer do ano de 2022 e com vista à racionalização do Grupo, à eliminação de redundâncias, à simplificação de estruturas e à redução de gastos procedeu à dissolução e liquidação da Montepio Seguros, SGPS, com a passagem para a Mutualista diretamente das participações sociais da Lusitania Companhia de Seguros, que opera no ramo não vida, da Lusitania Vida, entidade dedicada ao ramo vida, e da Futuro – Sociedade Gestora de Fundos de Pensões.

Adicionalmente, foi concretizada a fusão da Montepio Valor SGOIC por incorporação na Montepio Gestão de Activos, SGOIC, uma operação que “teve em vista a obtenção de sinergias e maior eficiência na área de gestão de ativos”.

No decorrer de 2022, foi ainda alienada à CUF a participação social detida pelo MGAM na SAGIES – Segurança e Saúde no Trabalho.

“Ao nível da atividade bancária, no âmbito da redefinição estratégica das participações internacionais e visando o foco no mercado doméstico, o Banco Montepio concluiu o processo de dissolução voluntária e liquidação do Banco Montepio Geral Cabo Verde e acordou a venda ao banco comercial nigeriano Access Bank Plc da participação detida no capital social do Finibanco Angola, através da sua participada Montepio Holding SGPS, estimando-se que a conclusão da operação de venda ocorra no decurso de 2023”.

Vírgilio Lima admite que a venda se feche ainda este semestre. No entanto não revelou que percentagem está à venda. Há dois valores divergentes atribuídos ao Montepio Em 2021 era dito que através da sociedade Montepio Holding, o grupo tinha 51% das ações do Finibanco Angola, enquanto Mário Palhares, dono do BNI e ex-vice-presidente do BNA, era detentor de 35%, estando o restante capital distribuído por um conjunto de cinco acionistas, incluindo Francisco Simão Júnior, João Avelino dos Santos e a Iberpartners.

Mas agora o Montepio diz ser dono de mais de 80%, depois de ter passado a consolidar novamente o Finibanco Angola no ano passado, quando deixou de ser considerado um ativo em descontinuação.

Pelo que disse o presidente da Mutualista há conversas em curso com o dono do BNI que invoca ser dono de parte do Finibanco Angola.

A confusão na estrutura acionista do Finibanco Angola surge na sequência do processo de tentativa de venda do banco angolano iniciado em 2015, quando o então presidente do Montepio, Tomás Correia, anunciou um acordo para vender cerca de 30,57% da instituição angolana a “parceiros locais” por 26,3 milhões de dólares, que mesmo antes do pagamento ficaram com “os direitos associados à detenção das ações ficaram na posse do grupo, incluindo o direito de voto e o direito ao dividendo”.

Mas a associação mutualista acabou por receber apenas cerca de 1,2 milhões dos 26 milhões até 2020, por cerca de 1,35% das ações do Finibanco Angola.

Em outubro de 2022 foi comunicado que o valor da operação “terá como referência a proporção atribuível ao Grupo Banco Montepio nos capitais próprios do Finibanco Angola, os quais totalizavam 70 milhões de euros, com referência a 30 de junho de 2022, e os ajustamentos que vierem a ser apurados no âmbito de uma auditoria com conclusão prevista no segundo trimestre de 2023”, segundo a Montepio Holding, detida pela instituição financeira que por sua vez é controlada pela Associação Mutualista.

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