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Passas, champanhe e valorizações no início de 2018?

Depois de um ano de ‘rally’ acionista, os analistas não vêem o fim à vista. Os setores preferidos para o próximo ano são a tecnologia e a banca.
  • Lucas Jackson/Reuters
2 Janeiro 2018, 07h00

A aproveitar o momento de retoma da economia global, de forma generalizada, as empresas somaram lucros e as ações subiram, este ano. O próximo poderá ser mais modesto, mas o mercado deverá continuar bulish, em parte devido a Donald Trump.

“Que ano que passou para a rentabilidade empresarial”, nota a BlackRock, no outlook de investimento para 2018, salientando que todas as grandes regiões aumentaram lucros a um ritmo superior a 10%, o crescimento mais robusto desde o início da retoma pós-crise. “Esperamos mais boas notícias em 2018, mas 2017 vai ser um feito difícil de seguir. Aumentos homólogos serão difíceis de replicar”.

Apesar disso, a gestora de ativos considera que o crescimento económico e os lucros vão continuar a beneficiar as ações. O foco está em especial nos Estados Unidos, onde vai entrar em vigor a reforma fiscal. A partir de janeiro, as empresas vão ter um corte nos impostos para 21% dos anteriores 35%, que deverá impulsionar os resultados, sendo que a BlackRock está a olhar com especial interesse para os setores tecnológico e financeiro dos mercados desenvolvidos.

A Europa deverá beneficiar também do momentum favorável e, na perspetiva da equipa de research do BiG – Banco de Investimento Global, poderá até ter uma performance melhor que os EUA. A explicação está no nível das avaliações do mercado de ações.

“Nos EUA, o dividend yield do S&P 500 está atualmente em linha com a mediana dos últimos 15 anos e já se encontra abaixo da yield das obrigações soberanas a 10 anos. Na Europa, o dividend yield do Euro Stoxx 600 já está abaixo da mediana histórica, mas continua bem acima das yields oferecidas pelas obrigações soberanas”, referem os analistas do BiG, acrescentanto que o perfil de crescimento “menos atrativo” na Europa, suporta a expetativa que o crescimento das receitas do índice chegue “mais facilmente ao pico”. Do lado das margens operacionais, também vêem margem para melhorias.

O outlook para os mercados emergentes também é favorável, sendo que Tom Wilson, da Schroders, considera que “as avaliações já não estão baratas, os a recuperação dos retornos vai continuar”. As melhorias nas condições económicas, acompanhadas de maior eficiência operacional e de gastos são identificados por Wilson como fatores que levaram à recuperação e que deverá extender-se para 2018. “Também assistimos a uma mudança em alguns ciclos de crédito de países emergentes, que são normalmente de natureza plurianual”, explicou.

Sobre a China, a Schroders projeta que seja penalizada pela desaceleração do crescimento devido à redução dos estímulos monetários e aos esforços por reforçar a regulamentação e diminuir os riscos para o sistema financeiro. Na Rússia, destaca que a baixa inflação vai dar espaço ao banco central para continuar políticas expansionistas que vão estimular o consumo e investimento, enquanto no Brasil o analista estima que as melhorias vão dependender na estabilidade orçamental. Para a Índia, a análise da Schroders aponta para um crescimento apoiado na recapitalização bancária.

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