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Portugal emite cinco mil milhões de euros em dívida a sete anos com forte procura

O guidance final para o ‘spread’ fixou-se nos 86 pontos base acima do ‘midswap’, numa venda na qual a procura superou os 30 mil milhões de euros.
  • Cristina Bernardo
1 Abril 2020, 15h25

Portugal emitiu cinco mil milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) a sete anos, numa venda sindicada concluida esta quarta-feira na qual a procura superou a oferta em seis vezes.

O guidance final para o spread fixou-se nos 86 pontos acima do midswap. Uma vez que o midswap do euro para esta maturidade está nos -0,18%, a taxa de juro ficou, dessa forma, nos 0,7%.

“Esta taxa acaba por ser ligeiramente superior à do leilão de 10 anos, realizado no passado dia 11 de março”, realça Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, em referência ao leilão no qual o IGCP pagou uma taxa de 0,426% para emitir 500 milhões de euros.

“Esta ligeira subida do risco nacional, está em sintonia com o movimento a que assistimos em todas as dívidas soberanas”, acrescenta.

O analista do Banco Carregosa sublinha que “o mundo alterou-se devido à Covid-19 o que resultou num aumento do risco em todas as classes de ativos”, levando a procura por liquidez por parte dos investidores a fazer escalar as taxas nas dívidas soberanas, “sendo que Portugal nesta fase, chegou a ver a taxa a 10 anos subir até aos 1,44%, situação que depois se reverteu”.

“As intervenções por parte dos bancos centrais, seguidas posteriormente por medidas fiscais adotadas pelos governos, vieram trazer alguma calma aos mercados e ajudaram a reduzir o risco que estava a escalar em todas as geografias. O difícil é conseguir perceber de quanto irá ser o impacto na economia real e numa antecipação aos tempos difíceis que se avizinham, o instituto de crédito público [IGCP] já anunciou que irá aumentar o programa de financiamento para este ano”, refere.

Sublinha, no entanto, que “apesar de tudo, continuamos com sucesso a emitir dívida permitindo-nos fazer um rollover a taxas historicamente baixas. Agora mais do que nunca Portugal bem como os outros países, precisam do suporte dos bancos centrais, pois sem o mesmo, o prémio de risco irá disparar, dada a situação económica que cada país vive atualmente ser extremamente difícil”.

Esta é a segunda vez este ano que o Tesouro avança com uma venda sindicada este ano, já que em janeiro, Portugal pagou 0,45% para emitir quatro mil milhões de euros em OT a dez anos, com maturidade em 2030, tendo a procura superado em seis vezes a oferta.

A emissão desta quarta-feira da linha com maturidade a 15 de outubro de 2027 foi feita através de um sindicato de bancos constituído pelo Barclays, BBVA, CaixaBI, Crédit Agricole, JP Morgan e Morgan Stanley como joint lead managers.

O IGCP divulgou esta terça-feira a atualização das linhas para o segundo trimestre, anunciando um acelerar do programa de financiamento. No segundo trimestre, o Tesouro prevê emissões de OT através da combinação de sindicatos e leilões, sendo esperadas colocações de 1.250 a 1.500 milhões por leilão, face ao habitual intervalo montante indicativo de entre 1.000 milhões e 1.250 milhões.

“Em resposta ao acréscimo de financiamento necessário para 2020, causado pela pandemia da Covid-19, a Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) irá ajustar o programa de financiamento de 2020”, explica a agência, que acrescenta que irá “atualizará o programa financiamento sempre que tal se justifique em função dos desenvolvimentos”.

No mercado secundário, os juros da dívida portuguesa a 10 anos negoceiam esta terça-feira nos 0,808%, enquanto a yield das obrigações a sete anos negoceiam nos 0,547%.

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