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Portugal volta a pagar para emitir dívida a curto prazo

Contrariando a tendência dos últimos meses, o Tesouro colocou 840 milhões de euros em dívida a 11 meses com uma taxa média ponderada de 0,038%, que compara com os -0,484%, do leilão de fevereiro.
  • Cristina Bernardo
15 Abril 2020, 10h58

O IGCP – Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP voltou a pagar esta quarta-feira para emitir Bilhetes do Tesouro, tendo colocado 1.250 milhões de euros, o montante máximo pretendido, em dívida a três e 11 meses.

Contrariando a tendência dos últimos meses, o Tesouro colocou 840 milhões de euros em dívida a 11 meses com uma taxa média ponderada de 0,038%, que compara com os -0,484%, do leilão de fevereiro, tendo a procura sido 1,38 vezes a oferta.

Na emissão de BT a três meses, apesar de ter conseguido ainda colocado dívida a taxas negativas, foi menos negativa do que a registada no leilão de fevereiro. Portugal emitiu 410 milhões de euros nesta maturidade, com uma yield de -0,009%, que compara com os -0,50%, tendo a procura superado a oferta em 2,53 vezes.

“Teríamos de recuar até 2016 para vermos nos bilhetes de tesouro uma taxa positiva. Os prémios de riscos, sejam eles de dívida soberana ou de empresas têm subido mundialmente e Portugal não foi exceção. O Covid-19 no espaço de um mês e meio alterou o mundo, mas o impacto  do abrandamento económico mundial ainda é difícil de medir na economia real”, diz o diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa, Filipe Silva.

O analista realça, no entanto, que a pesar de assistirmos a uma subida no custo de emissão de dívida “estamos ainda muito longe de níveis incomportáveis”.

“Para já temos uma certeza, os défices irão aumentar e os bancos centrais e governos tudo farão para tentar minimizar os danos na economia. Esta ação pode ser o suficiente para não vermos as yields da dívida soberana a escalar”, antecipa.

Este é a primeira emissão de dívida a curto prazo do IGCP no segundo trimestre, no qual a instituição presidida por Cristina Casalinho prevê um acelerar do programa devido ao impacto da Covid-19. Prevê assim que o financiamento líquido resultante da emissão de Bilhetes de Tesouro registe um acréscimo de 1,3 mil milhões de euros, previsto na projeção inicial, para 3,1 mil milhões de euros, ou seja, um aumento do financiamento líquido de BT em 139% este ano face ao inicialmente previsto.

A última vez que Portugal foi ao mercado foi a 31 de março para uma emissão de dívida sindicada a sete anos, que bateu um recorde no livro de ordens, apesar da alta volatilidade nos mercados. Portugal colocou cinco mil milhões de euros com uma taxa de juro de 0,726%, numa venda cuja procura superou os 30 mil milhões de euros.

(Atualizado às 11h32)

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