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Presidente da Euronext Lisbon: “Objetivos da DMIF I e II ficaram aquém do desejado”

“Os mercados de bolsa transparentes e eficientes não são um dado garantido. Têm de ser defendidos”, frisou Isabel Ucha, que falava durante a conferência anual Via Bolsa 2020 Euronext Lisbon Awards.
  • Cristina Bernardo
27 Janeiro 2020, 17h26

A presidente da Euronext Lisbon, Isabel Ucha, apelou esta segunda-feira para a necessidade de se proteger a transparência e a eficiência do sistema financeiro e, em especial, dos mercados bolsistas e salientou que os objetivos das diretivas europeias DMIF I e DMIF II “ficaram aquém do desejado”.

“Os mercados de bolsa transparentes e eficientes não são um dado garantido. Têm de ser defendidos”, frisou Isabel Ucha, que falava durante a conferência anual Via Bolsa 2020 Euronext Lisbon Awards, os prémios da entidade que gere a bolsa nacional, onde são destacados emitentes, intermediários financeiros, jornalistas e outras pessoas ou instituições que tenham desempenhado um papel relevante no mercado de capitais durante o último ano.

Aplicada em Portugal a partir de agosto de 2018, a DMIF II reforçou os investidores ao instituir uma maior transparência na comercialização de produtos, na cobrança de comissões e também na execução de ordens, por exemplo.

Ao abrigo da DMIF II, os intermediários financeiros têm o dever de informação sobre as remunerações, comissões ou benefícios monetários transferidos que recebam. Este dever de informação é periódico e deve ser cumprindo prestando informações aos clientes (investidores).

O compromisso com as finanças sustentáveis

Isabel Ucha abordou ainda o compromisso das entidades europeias e nacionais em relação à sustentabilidade, um compromisso “para incentivar o sistema financeiro na resolução” de questões relativas à sustentabilidade. Neste contexto, a presidente da Euronext Lisbon realçou o “Green Deal” da União Europeia (UE), de dezembro do ano passado, que canalizou 260 mil milhões de euros (equivalente ao PIB da UE em 2018) “para atingir os objetivos do carbono zero em 2050”, disse a  presidente da Euronext Lisbon.

A presidente da Euronext Lisbon recordou que os critérios de  sustentabilidade já estão a ser tomados a sério no mundo da alta finança. Sem especificar, Isabel Ucha contou como uma das maiores gestoras de fundos da Europa quer ter, até 2021, “todos os investimentos com critérios de ESG [ambiente, social e governança das empresas] , fundos com ratings e ESG e decisões nos boards tomadas segundo critérios de sustentabilidade”.

No início deste ano, a maior gestora de ativos do mundo, a norte-americana BlackRock, colocou a sustentabilidade como o novo ‘standard’ no investimento e explicou, por exemplo, que vai retirar dos portfólios de investimento ativos a dívida e as ações de empresas que gerem mais de 25% das receitas através de produção de energia via centrais termais a carvão, objetivo que pretende atingir até ao final da primeira metade de 2020

A sustentabilidade “está a ter uma alteração profunda nos mercados de capitais e nos mercados financeiros- todos os agentes têm de incorporar este temas com urgência”, realçou Isabel Ucha.

Confiança no mercados de capitais europeu

Os mercados de capitais continuam relevantes “para o financiamento das nossas empresas e da nossa economia”, salientou Isabel Ucha. “Queremos o mercado de capitais continue a ser relevante para o financiamento das nossas empresas e economias. Para muitas empresas continua a fazer sentido o IPO e o potenciar o seu crescimento”, realçou a presidente da Euronext Lisbon, que é a maior bolsa europeia “por capitalização bolsista, com [empresas que valem mais de] 4 biliões de euros”.

A este respeito, a presidente da Euronext Lisbon falou das empresas do setor tecnológico como um exemplo de confiança no mercado de capitais. “Todas têm seguido o mercado capitais, com IPO [Operação Pública de Venda], e sucessivos aumentos de capital – Alphabet (dona da Google), Microsoft, ou Prosus.

Para Isabel Ucha, “o contexto jurídico e regulatório europeu é mais amigável para as empresas do que outras geografias”, concluiu.

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