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Putin ameaça atingir os Estados Unidos se Trump colocar novos mísseis na Europa

Presidente russo diz que o país está pronto para o diálogo, mas não encontra um interlocutor. Entretanto, sem querer uma corrida ao armamento, fala de novas armas em investigação.
20 Fevereiro 2019, 15h09

No seu discurso anual ao parlamento, o presidente russo Vladimir Putin disse que o seu país não está à procura de qualquer confronto e não dará o primeiro passo na ativação de novos mísseis após a suspensão do Tratado sobre Forças Nucleares Intermédias (INF), mas assegurou que responderá a qualquer vinda de mísseis para a Europa.

Mais: se tiver de ativar novos mísseis como resposta, os seus alvos serão não apenas o país onde eles forem montados, mas também os próprios Estados Unidos. Putin falou novamente da criação de novas armas, que serviriam para atingir os centros de decisão norte-americanos.

“Está no seu direito pensarem o que quiserem. Podem contá-los [aos novos mísseis]? Podem, tenho a certeza que podem. Deixem que descubram a velocidade e o alcance dos sistemas de armas que estamos a desenvolver”, disse Putin, fortemente aplaudido.

“A Rússia será forçada a criar e implantar novos tipos de armas que possam ser usadas não só em relação aos territórios dos quais vem a ameaça direta, mas também em relação aos territórios onde os centros de decisão estão localizados”, disse.

No início de fevereiro, os Estados Unidos confirmaram que suspenderiam a sua participação no tratado INF assinado em 1987, que proíbe mísseis de alcance médio (310 a 3.400 milhas), com o governo a explicar que tomou a medida após a recusa da Rússia em aceitar que os seus mísseis SSC-8 violam diretamente o acordo.

No dia seguinte, Putin reagiu suspendendo também as obrigações do seu país em relação ao tratado e disse que a Rússia daria “uma resposta semelhante” aos Estados Unidos, comprometendo-se com o desenvolvimento de tecnologia de mísseis nucleares mas não querendo envolver-se numa custosa corrida aos armamentos.

Putin rejeitou as alegações dos Estados Unidos de que a sua retirada do tratado foi motivada por violações russas e alegou que os norte-americanos fizeram falsas acusações para justificar a sua decisão de recusar o pacto. O presidente disse ainda, no seu discurso parlamentar, que o país está pronto para retomar conversações sobre o controlo de armas, mas não iria continuar a bater a uma porta fechada.

A Casa Branca e o Departamento de Defesa dos Estados Unidos não responderam ao pedido de comentário que a cadeia de televisão CNBC lhes endereçou, a propósito do discurso de Putin.

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