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Reformas vão ajudar países do euro a resistir ao fim da “bengala” BCE

Países da moeda única, Reino Unido e EUA mantêm a tendência de crescimento este ano, mas o trimestre será marcado por incerteza face ao impacto da normalização da política monetária, do Brexit e do euro forte.
  • Wolfgang Rattay/Reuters
6 Fevereiro 2018, 06h30

As previsões para a zona euro apontam para um crescimento económico robusto no primeiro trimestre do ano, impulsionado pelo eixo franco-alemão. Os dados finais do índice gestores de compras PMI em janeiro, publicado pela IHS Markit esta segunda-feira, confirmam o otimismo, mas há fatores de incerteza. A inversão da política monetária, a valorização da moeda única e as dúvidas sobre o Brexit poderão travar o crescimento, segundo os analistas.

“A Europa segue a registar bons dados a nível individual, os dados do PMI das principais economias, em janeiro, apresentam valores fortes liderados pelo eixo franco-alemão com valores perto dos 60 pontos”, afirmou o gestor da corretora XTB, Eduardo Silva, sobre o indicador, cuja popularidade se prende com a “rapidez com que nos dá um sinal de continuidade ou nos alerta para inversões no final de cada mês”.

A economia da zona euro cresceu, em janeiro, ao ritmo mais acelerado em quase 12 anos, de acordo com o índice PMI. Os dados finais da zona euro, nos 58,8 pontos, significam uma revisão em alta face à estimativa de 58,6 pontos.

José Lagarto, head of research da Orey ITrade, considera que “com os indicadores de confiança económica em alta, com os números do desemprego na Europa em mínimos dos últimos sete anos, o desafio será o de gerar inflação assim como um continuo e sustentado crescimento económico”.

“Isto terá de ser feito com menos estímulos por parte do Banco Central Europeu, que reduziu o montante do seu programa de compra de ativos no início deste ano. Com a alteração da política monetária por parte do BCE, com menor pressão compradora de obrigações no mercado financeiro, as taxas de juro irão ser impulsionadas podendo colocar um travão ao crescimento económico de famílias e empresas”, afirmou.

Silva, da XTB, concorda que a inversão da política monetária poderá fazer estremecer a tendência expansionista, antevendo que “apenas as economias que conseguiram adaptar-se em termos de reformas para aumentar a competitividade deverão manter o crescimento nos níveis atuais, os outros deixarão de ter uma bengala de apoio e poderão ter dificuldades de financiamento no mercado”.

“O desafio é o euro forte poder limitar as exportações e condicionar o crescimento, assim como o Brexit ter ainda muitas incertezas por esclarecer”, disse.

Dados relativos ao Reino Unido e aos EUA, em janeiro, também conhecidos esta segunda-feira, ficaram abaixo do esperado, apesar de continuarem a indicar crescimento.

Os Estados Unidos mantém a dianteira na recuperação económica e as reformas fiscais da administração Trump poderão dar novo suporte para o tecido empresarial apresentar resultados favoráveis, enquanto se espera pela concretização da promessa de Donald Trump, de um mega investimento público em infraestruturas em 2018.

Já no Reino Unido, os analistas apontam para o Brexit como principal fator de incerteza. Lagarto, da Orey iTrade, sublinhou que a incerteza levou a desvalorizações acentuadas da libra esterlina, que suportaram o mercado acionista britânico, aumentaram a competitividade das empresas exportadoras e impulsionaram a inflação. “O acordo a conseguir com a União Europeia e os novos acordos bilaterais que irão ser efetuados por parte do executivo britânico serão fundamentais para uma boa performance económica britânica”, afirmou.

“Quando comparamos a Europa aos EUA e Reino Unido, devemos considerar que em todos estes blocos económicos assistimos recentemente a uma política expansionista, cuja inversão será gradual para não perturbar o crescimento. Assim, o normal será considerar que todas estão em posição de crescer mais no médio prazo”, acrescentou Eduardo Silva, da corretora XTB.

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