[weglot_switcher]

Rui Miguel Nabeiro: “Campo Maior é o centro do mundo e logo a seguir está Luanda”

Angola é o único local fora de Portugal onde a Nabeiro – Delta Cafés torra café, um mercado que é considerado pelo CEO do grupo, Rui Miguel Nabeiro, como “importantíssimo”.
26 Setembro 2023, 20h49

O Grupo Nabeiro – Delta Cafés comemora, este ano, 25 anos da empresa Angonabeiro que detém em Angola, mas a história do grupo fundado pelo Comendador Rui Nabeiro já conta com um percurso de mais de 60 anos no país. Durante a conferência “Doing Business Angola”, organizada pela Forbes África Lusófona e Jornal Económico, no painel “Experiências dos grupos Empresariais”, o CEO do grupo de Campo Maior, Rui Miguel Nabeiro, foi perentório em garantir que “a Angonabeiro é uma empresa extremamente importante para o nosso grupo”, isto para espelhar o peso da participada angolana.

Veja aqui o painel em que foi abordada a experiência de grupos empresariais em Angola na conferência “Doing Business Angola”:

Rui Miguel Nabeiro socorreu-se do legado do Comendador Rui Nabeiro para dizer que “sempre ouvi o meu avô dizer que se nós existimos é por causa de Angola. Sempre ouvi o meu avô dizer que Angola é a razão da nossa existência e subsistência hoje. Dizer que o grupo Nabeiro faz 25 anos de Angola este ano – dentro de dois meses teremos a celebração em Luanda –, é pouco”. E acrescentou: “Na verdade, num grupo com sessenta e mutos anos, Angola foi importantíssimo no grupo Delta”.

Isto porque, na altura do 25 de abril, o avô foi para Angola para comprar o máximo de café que conseguiu. O atual CEO da Delta Cafés lembrou que, na altura, “e com o muito que ele tinha de visionário, uma das razões foi porque ele percebeu que Portugal se ia fechar e não ia permitir a importação deste tipo de bens. Foi para Angola, foi muito acarinhado, esteve lá três meses a tentar trazer o máximo de café”. Rui Miguel Nabeiro reiterou que foi graças a este trabalho iniciado por Rui Nabeiro com a sua audácia “que estamos aqui hoje”.

O gestor realçou ainda que “fomos desafiados pelo Estado angolano para ir para Angola dizendo-nos ‘venham ajudar a recuperar a fileira do café’”. E assim fizeram ocupando então as instalações da Liangol e criaram a Angonabeiro que hoje já é privatizada. “É a única empresa ou sítio onde torramos café fora de Campo Maior. Porque Campo Maior é o centro do mundo e logo a seguir, para nós, está Luanda”, garantiu.

Hoje o caminho que a Angonabeiro tem vindo a fazer “é apoiar os pequenos agricultores locais para produzirem cada vez mais e cada vez terem mais produção porque se houver nós compramos.

O grande garante é que a Angonabeiro é compradora do café que se produzir em Angola”, sublinhou Rui Miguel Nabeiro.

O resultado desta aposta é que “hoje já exportamos 1100 toneladas de café entre verde para a Novadelta e torrado. Isto porque já começamos a exportar também café torrado para Espanha França e Suíça. Exportamos diretamente a marca Ginga para estes três países”.

Além disso, a marca angolana Ginga já aparece nos lineares em Portugal onde já se lançou também as cápsulas para o sistema Delta Q. “Desde a privatização, que nos deu mais segurança no nosso investimento, estamos a desenvolver mais a nossa fábrica. Este ano iniciámos a produção de cápsulas para o sistema Delta Q com a marca Ginga. Temos vindo a dotar a fábrica desta capacidade tecnológica”, rematou ainda o gestor para fazer o retrato da aposta contínua em Angola.

Em suma, nas palavras de Rui Miguel Nabeiro, o negócio está “a correr muito bem”.

Desafiado a identificar os constrangimentos que enfrenta no mercado angolano, Rui Miguel Nabeiro começou por dizer que “o nosso maior desafio é conseguir ter mais café. O acesso às matérias-primas que precisamos, como o café que precisaríamos que se produzisse mais. Mas esse trabalho nós já estamos a fazer de muito apoio local nesse sourcing do café. E todas as outras matérias que ainda carecem de importação para a produção como as cápsulas ou as embalagens”.

Para o gestor, outro grande desafio é a formação de pessoas, que existe também em Portugal, mas que em Angola “ainda estamos um pouco atrás e vamos ter de ir mais depressa e capacitar as pessoas como forma de acelerar o crescimento”.

Quanto ao pitch que faria para um novo investidor para Angola preferiu deixar algumas recomendações dizendo “não se pode ir para Angola com aquela postura de há dez anos de que vou ganhar dinheiro no curto prazo. Se a ideia é quick win então não vá”. E também que os investimentos têm de ser de longo prazo, sem negligenciar, por exemplo, os constrangimentos locais como as flutuações cambiais.

Nesta partilha de experiências empresariais o CEO da Delta Cafés foi acompanhado por José Carlos Pinto Nogueira, CFO da Mota-Engil, e por Diogo Caldas, CEO da Refriango. A conversa foi moderada por Nilza Rodrigues, diretora da Forbes Portugal e Forbes África Lusófona.

Copyright © Jornal Económico. Todos os direitos reservados.