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Mais de 20% dos trabalhadores em Portugal querem receber criptomoedas como benefício extrassalarial

Dois em cada três colaboradores preferem um salário bruto anual de 21 mil euros e 5 mil euros em benefícios do que um salário bruto anual de 25 mil euros, concluiu um estudo da startup Coverflex e da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas.
24 Novembro 2021, 07h50

A primeira edição do relatório “O estado da compensação 2021-22 – um estudo sobre o futuro do trabalho e o trabalho do futuro” traz conclusões curiosas sobre como os portugueses olham para o dinheiro e para outras benesses que recebem com o seu trabalho. Por exemplo, dois em cada três colaboradores inquiridos preferem um salário bruto anual de 21 mil euros e 5 mil euros em benefícios do que um salário bruto anual de 25 mil euros.

Segundo o estudo conduzido pela startup Coverflex com o apoio da Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas (APG), seis em cada dez trabalhadores em Portugal têm benefícios extrassalariais flexíveis, dos quais quase metade (48%) trabalha no escritório, 25% de forma retoma e 18,9% em regime híbrido.

O inquérito, que envolveu 812 entrevistas realizadas entre 18 de outubro e 9 de novembro, revelou ainda que mais de dois em cada dez trabalhadores (23%) têm “interesse” ou “muito interesse” em receber criptomoedas como benefício por parte das suas empresas, sendo que 26,8% desses encontram-se em teletrabalho.

Entre os benefícios mais desejados estão “subscrições (Netflix, Spotify ou outras plataformas de streaming), que é referida por 35,3% dos inquiridos, produtos de “poupança e reforma” (35%) e “despesas de saúde e bem-estar” (30,7%).

Além dos tradicionais cartões de refeição ou seguros de saúde, o leque de ideias dos trabalhadores para os patrões é vasto – alojamento, banco de horas, carro, combustível, compra de dias de férias, crédito habitação, descontos em lazer, entre outros – até porque 47% diz que o acesso a essas perks lhes permite “sempre” maximizar o rendimento mensal.

No entanto, “despesas com educação e formação”, “despesas de saúde e bem-estar” e “despesas com tecnologia” são os benefícios flexíveis mais usados.

“O estudo, aberto a toda a comunidade empresarial e de recursos humanos, tem como objetivos fundamentais fazer o levantamento e o mapeamento de questões relacionadas com a flexibilidade (de horário e de espaço de trabalho), compensação e benefícios flexíveis e políticas de diversidade e inclusão em empresas portuguesas ou a trabalhar em território português, assim como ir ao encontro dos desafios, entendendo tendências e ajudando a desmistificar novas dinâmicas de trabalho e de interação entre equipas”, explica o cofundador e CEO da Coverflex, Miguel Santo Amaro.

O mapeamento a que o empreendedor se refere permitiu concluir que a atribuição de benefícios flexíveis em Portugal está inteiramente relacionada com a flexibilidade geral no trabalho e até com o género (feminino ou masculino), uma vez que as mulheres recebem valores mensais mais baixos em compensação flexível do que os homens (185,95 euros contra 259,69 euros).

Segundo a Coverflex, 59,3% dos trabalhadores no país gostava de experimentar trabalhar 40 horas semanais durante quatro dias por semana. Em contrapartida, um terço preferia testar as 32 horas de trabalho semanais, mesmo que isso pudesse significar um corte salarial. Nesta temática, o relatório dá o exemplo da Doutor Finanças, que em agosto investiu na semana de quatro dias trabalho. Contudo, o impacto na produtividade e no bem-estar dos funcionários ainda está a ser analisado pela consultora financeira.

A EDP é outra das empresas nomeadas, em termos de adaptação do modelo de trabalho à era pós-pandemia. “No curto-prazo, o foco da EDP vai estar relacionado com a oportunidade de repensar os atuais modelos de trabalho, tirando o melhor partido possível da tecnologia, globalização e modelos híbridos, que garantam uma maior flexibilidade e conciliação vida-trabalho”, garante Paula Carneiro, responsável de Pessoas e da unidade global de desenvolvimento organizacional da EDP.

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