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Smart cities Aveiro e Altice aceleram em direção ao 5G e à autonomia

Em Aveiro, cidade-museu da Arte Nova, a história caminhou esta semana em linha com a modernidade. Na ria, os históricos barcos moliceiros (que oferecem a alcunha de Veneza de Portugal à cidade) transportavam lentamente turistas sob o sol do verão prolongado.
27 Outubro 2018, 11h00

A meros metros de distância, na margem sul, em paralelo circulava um mini-autocarro que representava a inovação em dose dupla: o transporte autónomo e as possibilidades de trabalho e lazer que irão ser proporcionadas pela rede móvel 5G.

A Altice Portugal, através da Altice Labs, associou-se à Câmara Municipal de Aveiro na apresentação do Caso de Uso 5G Mini Bus, pondo em circulação, na passada segunda-feira, pela primeira vez um veículo autónomo na cidade.

O evento, que resultou ainda do contributo da Ericsson, da CarMedia e da EasyMile, parceiros que fornecem a interface multimédia e o veículo autónomo, serviu para demonstrar uma plataforma inovadora de gestão de conteúdos Ultra TV, desenvolvida pela Altice Labs, em parceria com a Universidade de Aveiro.

O objetivo é permitir aos passageiros interagir com aplicações e aceder a serviços municipais, a imagens apelativas da cidade. Dentro do veículo, os passageiros usavam tablets e ecrãs fixos para aceder ainda a notícias e informação útil sobre eventos culturais e previsões meteorológicas.

“Há um fator que tem sido pouco abordado, que é que com os veículos autónomos, vamos ter mais tempo dentro dos veículos para fazermos outras coisas, em vez de estarmos preocupados com a estrada”, explicou Alcino Lavrador, diretor-geral da Altice Labs, ao Jornal Económico, durante a curta viagem.

“A ideia é mostrar que podemos desenvolver aplicações para profissionais, videoconferências, fazer todo o trabalho profissional que é feito dentro de um escritório e também para o lazer. Podermos ver a televisão em tempo real, é um dos casos que estamos aqui a mostrar, o Meo GO”, disse.

Lavrador adiantou que o projeto é uma aplicação das tecnologias e do desenvolvimento aplicacional da Altice Labs, mais do que propriamente o veículo em si.

“O que estamos a desenvolver são equipamentos de conetividade para o 5G, que vão ser necessários para chegar a mais locais, ter mais dispositivos ligados e com uma baixa latência, o que quer dizer que a capacidade de computação tem de ser mais próxima dos utilizadores”, sublinhou.

A Altice Labs, que tem sede em Aveiro, é uma das principais parceiras da autarquia na estratégia que pretende colocar a cidade na vanguarda do desenvolvimento das Smart Cities, as cidades inteligentes.

“Temos um ecossistema em Aveiro de parceiros muito importantes para sermos uma cidade que aplica as tecnologias de informação de forma intensa e que as pretende levar, o mais possível, de forma massificada para a vida dos cidadãos”, referiu Ribau Esteves, presidente da Câmara Municipal.

O_autarca explicou que a cidade está a tirar vantagem de duas outras parcerias importantes:_a Universidade de Aveiro, que nasceu de um centro de estudos de telecomunicações ainda na época da Portugal Telecom, o Instituto de Telecomunicações (IT), que tem na cidade uma das bases de operação.

“Temos um compromisso assumido formalmente com a Universidade de Aveiro, o IT e a Altice para sermos uma das primeiras cidades 5G da Europa”, vincou.

A estratégia passa por colocar a aplicação e o desenvolvimento das aplicações urbanas destas tecnologias na cidade em forma de projeto piloto para se poder massificar o de­senvolvimento.

“A lógica é com a tecnologia 5G podermos ter circuitos turísticos ou urbanos de transportes não tripulados e que isso seja mais um atrativo naquilo que são as opções dos cidadãos para deixarem a viatura individual”, frisou Ribau Esteves.

“É um objetivo ligado àquilo que já estamos a fazer com o nosso concessionário de transportes públicos que é a introdução do modo elétrico. É jogar o jogo das tecnologias de energia limpa ambientalmente equilibradas, com a aplicação das tecnologias mais avançadas de telecomunicações, nomeadamente a rede 5G, para podermos introduzir estes componentes nos hábitos da cidade”.

Questionado sobre quando é que esses hábitos poderão fazer parte do dia-a-dia dos aveirenses, o autarca respondeu: “Já temos uma rede muito forte, queremos fortalecê-la. Se já tem competências afirmadas mundialmente, nós queremos que a cidade venha a ser um exemplo da aplicação das novas tecnologias na vida dos cidadãos e achamos que um horizonte de cinco anos é perfeitamente realista”.

5G vai ser gradual

Segundo Alcino Lavrador, as aplicações que poderão ser desenvolvidas com e para o 5G são difíceis de prever, mas já existe uma base a partir da qual o trabalho está a decorrer.

“Muitas das aplicações, que se perspetivam para o 5G, já são possíveis com 4G e 4,5G. O que o 5G vem trazer é para aplicações de baixa latência uma maior conectividade e maior alcance, através de mais banda”, explicou o responsável da Altice Labs. “Portanto os casos de uso vão aparecer gradualmente”.

Lavrador recordou que o mesmo aconteceu com a rede 3G. Quando essa tecnologia surgiu também não havia um caso de uso a não ser o acesso à internet, mas acabaram por surgir as aplicações com os smartphones, que eram impossíveis de prever antes.

Tal como as aplicações, o próprio 5G irá ser desenvolvido de modo gradual. “Na Europa, fala-se em 2020. Mas como referi, hoje já temos uma rede 4,5G instalada e que dá resposta a muitas das aplicações e dos usos que se pretendem” explicou.

Lavrador adiantou que a criação da nova rede requer um investimento pesado para os operadores e, portanto, vai ser implementada gradualmente. “Não podemos esperar que ela surja de um dia para o outro. Há um objetivo europeu que é em 2020 ter as primeiras cidades em cada país equipadas já com 5G, mas vai ser gradual”, sublinhou.

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