Os acionistas da companhia aérea Azul votam hoje em assembleia-geral se vendem a sua participação indireta na TAP a partir das 14 horas de Lisboa, depois do conselho de administração da empresa brasileira ter dado luz verde à operação.
Através da sua participação indireta na companhia, através de David Neeleman, a empresa brasileira vai receber um total de 10,6 milhões de euros. Já a venda total da participação de 22,5% detida por pelo empresário norte-americano vai atingir os 55 milhões de euros, com o Estado português a deter agora 72,5% da companhia.
Deste total, o empresário norte-americano encaixa 44,4 milhões, com a Azul a ficar com 10,6 milhões de euros.
David Neeleman detinha um total de 68,1% do consórcio Atlantic Gateway, acionista da TAP, com a Azul a deter 16,2%, segundo documento da companhia brasileira.
Entre as mais valias da venda desta participação para a Azul, está o “aumento de liquidez considerável”, argumenta a empresa.
O segundo, e último ponto, que os acionistas vão votar é a aprovação da renúncia à conversão em capital do empréstimo obrigacionista no valor de 90 milhões de euros feito à TAP em 2016.
“A ajuda [empréstimo do Estado português] também está condicionada à eliminação do direito de conversão dos bônus seniores, uma vez que os mesmos não seriam diluídos pelo aporte
financeiro do Governo”, segundo a Azul.
Sobre este empréstimo, a empresa brasileira aponta que vai preservar os seus “direitos de credor sénior na TAP, que terá melhores perspetivas de se manter financeiramente sustentável e ter capacidade financeira de pagar [a dívida] na data de vencimento”, em 2026.
Além de preservar o estatuto de credor sénior, a Azul também mantém a taxa de juro anual de 7,5% sobre o empréstimo.
A companhia aérea brasileira também aponta que a venda da participação indireta não vai ter “impactos nos acordos comerciais, inclusive no acordo de joint venture assinado no início do ano”.
Ao mesmo tempo, apontam que “com a saída de David Neeleman da TAP, esta deixará de ser considerada uma parte relacionada”.
David Neeleman, fundador da Azul e presidente do conselho de administração, detém um total de 67% de ações ordinárias da companhia brasileira.
TAP já recebeu segunda tranche no valor de 225 milhões
O Estado já transferiu para a TAP a segunda tranche do empréstimo que tem um valor total de 946 milhões de euros, podendo atingir os 1.200 milhões, se necessário, conforme revelou o Jornal Económico no dia 7 de agosto.
“A segunda tranche do auxílio de Estado à TAP foi já disponibilizada para que a empresa possa assegurar responsabilidades operacionais”, disse fonte oficial do ministério das Finanças ao Jornal Económico.
Questionada pelo valor da tranche e a data em que foi realizado o pagamento, a tutela do ministro João Leão não respondeu.
O JE sabe que o valor ronda os 225 milhões de euros e que vai ser essencial para assegurar o pagamento de salários e também para pagar a fornecedores.
A primeira tranche da ajuda pública no valor de 250 milhões de euros foi paga em meados de julho, conforme revelou o JE a 20 de julho.
O segundo pagamento chega à empresa numa altura em que já foi nomeado o presidente executivo interino: Ramiro Sequeira que ocupava o cargo de diretor de operações da companhia aérea. O gestor conta com uma vasta experiência profissional na aviação, na qual se destacam os 12 anos no Grupo IAG (British Airways e Iberia), onde desempenhou funções operacionais.
Consultora para a reestruturação escolhida até ao final de agosto
A TAP deve escolher até ao final do mês a consultora que vai contratar com o objetivo de apoiar a reestruturação da companhia aérea, sabe o JE.
Neste momento, a companhia está a avaliar as propostas de duas consultoras: Boston Consulting Group (BCG) e McKinsey, como avançou o JE a 31 de julho.
A companhia aérea – agora detida pelo Estado em 72,5% após a saída do empresário norte-americano David Neeleman – tem até ao final deste ano para entregar em Bruxelas o plano de reestruturação. A Comissão Europeia vai depois avaliar o plano e, se estiver conforme as suas condições, aprovar o documento que vai marcar o resto da vida da TAP.
Além da consultora, a empresa também vai contratar um banco de investimento para acompanhar o processo de reestruturação.
O cenário pode implicar uma TAP diferente da que existe hoje, existindo a possibilidade de o plano de reestruturação impor redução de postos de trabalho e de rotas.
“O processo de reestruturação vai ser fácil? Não, não vai. Não queremos ter uma empresa sobredimensionada, para não desperdiçar os recursos dos portugueses”, disse o ministro das Infraestruturas, Pedro Nuno Santos, no início de julho.
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