A troca de acusações entre a Turquia e Estados-membros da União Europeia continua, depois do cancelamento de comícios na Alemanha e na Holanda onde iam discursar ministros turcos. Esta segunda-feira à noite, o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, apontou o dedo ao Governo da chanceler alemã Angela Merkel, acusando-a de “apoiar terroristas” e não responder aos 4.500 dossiers que Ancara enviou ao país com nomes de alegados terroristas.
“Senhora Merkel, porque é que está a esconder terroristas no seu país? Porque é que não está a fazer nada?”, questionou Recep Erdogan, numa entrevista ao canal turco A Haber TV, para dar a resposta, em tom acusatório, logo de seguida: “A senhora Merkel está a apoiar terroristas”.
Recep Erdogan acredita que a Alemanha seja conivente de milhares de militantes curdos, que terão encontrado asilo no país depois de o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), considerado “organização terrorista” pela Turquia, União Europeia e Estados Unidos, terem participado da tentativa de golpe fracassada na Turquia, que ocorreu em julho do ano passado.
Em resposta às acusações do presidente turco, o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, afirmou que as declarações são “absurdas” e que “a chanceler não tem intenção de entrar num jogo de provocações”.
A acusação surge depois vários comícios das autoridades da Turquia junto da comunidade turca terem sido cancelados desde o início de março, em várias cidades alemãs. Também na Holanda, o impedimento de dois ministros turcos de entrar no país para participar nos comícios levou a um estalar do verniz nas relações diplomáticas de alto nível entre os dois países. Na Áustria e a Suíça, as autoridades locais procederam também ao cancelamento de todas as ações de campanha do Governo turco alegando preocupação com a segurança dos eventos.
O Governo de Recep Erdogan está em campanha por vários países europeus, onde residem cidadãos turcos, de forma a conquistar apoiantes para o referendo constitucional de 16 de abril. Recep Erdogan quer ver aprovado um alargamento dos seus poderes enquanto presidente da Turquia e estender o seu mandato até 2029.
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