Longe vai o tempo em que o aluno excepcional não ia além do 18. A inflação que domina a nossa economia doméstica também se faz sentir – e de que maneira – nas médias escolares.
No universo das 421 escolas públicas analisadas pela agência de notícias Lusa a partir da base de dados da Direção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), 295 atribuiram 20 valores em 2022 a, pelo menos, um aluno. Ou seja, 70% das escolas pontuaram nesse campeonato.
No total, houve 1.689 notas máximas atribuídas entre cinco disciplinas: Desenho A, História A, Inglês, Matemática A e Português.
Em número quase seis vezes inferior à escola pública, os colégios analisados nesta estatística foram verdadeiramente pródigos nas notas. Entre as 75 escolas privadas analisadas, 68 avaliaram estudantes com a classificação máxima. Os “vintes” totalizaram no ano passado 1.252.
O Externato Ribadouro, no Porto, que há dois anos foi alvo de um processo por inflação de notas, é o campeão. Segundo a análise da Lusa atribuiu 215 notas máximas, a maioria das quais a Inglês, com 117 dos 150 alunos terminaram a disciplina com 20 valores.
No campeonato dos “vintes”, a escola pública melhor posicionada é a Escola Secundário Amato Lusitano, em Castelo Branco, que regista 36 avaliações com 20 valores, 31 das quais a Inglês.
As estatísticas da DGEEC revelam, no entanto, que a disciplina de Matemática A é aquele em que mais alunos conseguem alcançar o nível máximo de sucesso escolar. Dos 1.689 “vintes” alcançados por alunos em escolas públicas, 1.152 foram a esta disciplina. De destacar ainda 273 alunos classificados com 20 valores a Português, 126 em Inglês, 75 a Desenho A e 63 a História A.
O improvável também acontece e aconteceu na Escola Secundária de Rio Tinto, em Gondomar oito alunos beneficiários do escalão A de ação social escolar tiveram 20 valores.
A questão da inflação das notas é velha. Recentemente, a Inspeção-Geral da Educação e Ciência (IGEC) tornou público que já tinha inspecionado este ano 39 escolas onde as notas dos alunos pareciam ser excessivamente elevadas, tendo recomendado a sete estabelecimentos de ensino a “reposição imediata da legalidade” das classificações atribuídas.
51 escolas públicas com nota negativa nos exames do secundário em 2022
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