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IGCP emite 1.906 milhões em operação de troca para alongar prazos da dívida

O objetivo da operação foi de alongar os prazos da dívida pública portuguesa. Obrigações com maturidades em 2023 e 2027 vêm substituir dívida com prazos de 2020 e 2021. Cristina Casalinha tinha alertado em novembro que 2021 é um ano de preocupação em relação a amortizações.
5 Dezembro 2018, 11h00

O IGCP-Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública emitiu esta quarta-feira um total de 1.906 milhões de euros em Obrigações do Tesouro (OT) com maturidades em 2023 e 2027, numa operação de troca de dívida para alongar os prazos e que envolveu também a recompra do mesmo valor em dívida que chegava à maturidade de 2020 e no ano seguinte.

A agência liderada por Cristina Casalinho vendeu 1.565 milhões de euros em dívida com maturidade em 25 outubro de 2023, tendo pago uma taxa de alocação de 0,55%, o que compara com uma yield de 0,702% num leilão a 14 de novembro. O IGCP vendeu ainda 341 milhões de euros em OT com prazo de 14 abril de 2027, a uma taxa de 1,62%.

No processo de recompra, o Tesouro readquiriu 1.036 milhões em dívida que teria que amortizar em 2020 e 870 milhões em OT com prazo de 2021.

Segundo o site do IGCP, a 31 de outubro, o saldo nominal vivo das OT com maturidade em junho de 2020 era de 10.013 milhões de euros, enquanto na dívida com maturidade em abril de 2021 o saldo era de 13.540 milhões de euros.

“Portugal alongou a sua dívida em 1.906 milhões de euros, um montante que será reembolsado uns anos mais tarde do que o previsto. A procura não foi muito elevada, mas não podemos fazer comparações com as emissões normais de dívida, porque estas operações são reservadas aos investidores que detinham os títulos agora trocados”, explicou Filipe Silva, Diretor da Gestão de Ativos do Banco Carregosa”.

“Ainda assim houve investidores interessados em trocar dívida que ia ser paga em 2020 e 2012, mas que tinha taxas negativas por dívida que só será paga em 2023 e 2027, mas com um juro positivo”, sublinhou. “Do ponto de vista do Estado a operação também foi positiva porque estende por uns anos o prazo do reembolso da dívida.”

A 15 de novembro, Cristina Casalinho tinha alertado que apesar da estrutura da dívida pública portuguesa ter melhorado nos últimos anos com o aumento da maturidade média e a descida da taxa de juro implícita, o perfil de amortizações continua a ser “desafiante”. A presidente do IGCP sublinhou nessa altura que 2021 “é ainda uma grande preocupação [em termos de amortizações]” e é por isso que a instituição tem sido tão vocal sobre o interesse em pagar antecipadamente os empréstimos do Fundo Monetário Internacional.

Na passada quinta-feira, o primeiro-ministro António Costa revelou, no Parlamento, que o Governo vai até ao final deste ano pagar a totalidade da dívida ao FMI, de 4,6 mil milhões de euros.

[Atualizada às 11h25]

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