“Esta auditoria é sobre o que aconteceu não sobre o que vai acontecer”, disse hoje o presidente do Novo Banco, referindo-se às perdas apuradas pela Deloitte de mais de 4 mil milhões de euros em 283 operações até 2018. A maioria destas imparidades é de ativos herdados do BES (95% recebido em 4 de agosto de 2014). “Não há novas operações, só há reestruturações de operações antigas”, diz Ramalho.
“Após a resolução e após a venda não existem problemas relevantes identificados na auditoria”, garantiu, com o responsável a apontar que as perdas antes de 2014 são pequenas, porque foi o Novo Banco que acabou por ter de reconhecer as perdas dos ativos que vieram do BES.
Foram cerca de 70% da totalidade as perdas verificadas pela auditoria, logo a amplitude é elevada, revelou também António Ramalho.
O banco recebeu 75 mil milhões de euros de ativos do BES, e destes apenas 12,7 mil milhões (brutos) – fixados em 2016 – estavam cobertos pelo Fundo de Resolução através do mecanismo de capital contingente. Valor esse que em termos líquidos somavam 7,9 mil milhões e para esses foi criado um mecanismo de cobertura de 3,89 mil milhões de euros.
O Novo Banco está a colaborar com o Banco de Portugal para elaborar uma informação que seja passível de ser distribuída publicamente sem prejudicar a recuperação de crédito, revelou o seu presidente executivo esta quarta-feira.
O CEO do banco disse ainda que colabora com o Ministério Público regularmente dada a circunstância de ser o herdeiro do legado do Banco Espírito Santo.
António Ramalho disse na conferência de imprensa que “vende ativos não porque quer, mas porque deve”. O CEO do Novo Banco fez uma longa exposição sobre a redução da carteira de NPL que em 2016 era de 33,34% do total da carteira para 11,8% em 2019 e “pela primeira vez este mês passou abaixo dos dois dígitos, ao ficar em 9,97%”, disse.
António Ramalho realçou que a venda de ativos, incluindo a venda do imobiliário, envolveu os melhores advisors, e que o banco organizou um processo competitivo e foi sujeito ao maior escrutínio.
O CEO explicou, sobre a venda de imóveis em bloco, a fundos, que o banco tem dois anos para vender os ativos, de acordo com as regras do BCE, e que, se o banco vendesse o imobiliário diretamente, imóvel a imóvel, demoraria 20 anos e não dois, ao ritmo de cinco imóveis por dia.
A dimensão do imobiliário no ativo era de 5,2% do total dos ativos e apenas 18% dela era residencial.
A auditoria especial ao BES e ao Novo Banco revelou perdas líquidas de 4.042 milhões de euros no Novo Banco e, segundo o Governo, o “relatório descreve um conjunto de insuficiências e deficiências graves” até 2014.
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