O grupo de maiores acionistas do BCP, liderado pela Fosun (25,16%), está em conversas com o Banco Central Europeu (BCE) para elaborar a lista dos órgãos sociais para o próximo mandato. Em causa estão as recomendações do supervisor bancário europeu para os órgãos sociais do Millennium BCP.
Tal como aconteceu com a CGD, o BCE recomenda um máximo de 15 administradores, face aos atuais 19. O que a cumprir-se obriga à mudança de estatutos do BCP. Isto porque os estatutos do BCP prevêem que o conselho de administração seja composto por um mínimo de 17 membros e um máximo de 25.
O BCE quer menos administradores, mais independentes no grupo de não-executivos (e por isso menos ligados aos grandes accionistas) e mais mulheres (20% do total do board). O supervisor quer também que sejam cumpridas no conselho de administração as regras de experiência. Aos administradores não-executivos, cuja função deve ser principalmente fiscalizadora, o BCE pede três anos de experiência em gestão e conhecimentos teóricos no setor bancário. Já ao presidente-executivo (CEO) são pedidos dez anos de experiência prática recente em áreas relacionadas com serviços bancários e financeiros, sendo que grande parte dela em cargos de topo.
Num conselho de administração mais pequeno a comissão executiva será também reduzida. A maioria dos administradores executivos vai continuar, incluindo Nuno Amado como CEO, mas é possível que dos atuais oito passe a sete ou mesmo a seis. João Iglésias Soares é um dos que poderá não ser reconduzido num novo mandato, soube o Jornal Económico.
O BCE é chamado a aprovar a estrutura de governação do BCP e a atestar a “adequação e a idoneidade”, dos membros que compõem os órgãos sociais. Em causa estará ainda a equilibrada e adequada diversidade de competências, conhecimentos e experiências profissionais, no conjunto dos administradores.
Fosun, Sonangol e EDP preparam lista única
Segundo fonte familiarizada com o assunto, o BCP tem a intenção de seguir a recomendação das autoridades. “O BCE prefere conselhos de administração ajustados às dimensões das instituições, tendo também em conta a diversificação da sua estrutura acionista, e prefere conselhos mais pequenos”, disse.
Neste momento, a Fosun está com a Sonangol e a EDP a decidir a lista única que será levada à assembleia geral do BCP, em maio. Os acionistas querem um presidente do conselho de administração que seja uma pessoa com experiência bancária e de preferência com currículo internacional, uma vez que o BCP poderá dar início a uma nova fase de internacionalização.
Os administradores independentes não poderão ser considerados como tal se excederem os três mandatos, portanto a nova lista de administradores deverá excluir a maioria dos actuais administradores não executivos e incluir mais independentes. Por exemplo é expectável que António Monteiro (atual chairman), Carlos Silva, Álvaro Barreto, André Luiz Gomes e António Pinho Cardão não continuem na administração do BCP.
Mas há mais alterações. Provavelmente a Fosun não terá mais do que dois administradores não-executivos, o atual Lingjiang Xu e outro que poderá ser português. A Sonangol terá também um representante no ‘board’ na proporção da sua posição acionista e é até possível que a EDP deixe de ter um representante nos órgãos sociais (António Mexia deverá sair da administração do banco). A regra é escolherem administradores com as valências e conhecimentos adequados, em vez de representantes dos acionistas.
A dificuldade encontrar pessoas com o perfil de chairman é enorme, desde logo porque o BCE não aceita administradores que excedam o limite de cargos em órgãos sociais de outras sociedades.
Os acionistas defendem ainda a continuação do órgão consultivo, hoje liderado por Carlos Santos Ferreira – o Conselho Estratégico Internacional, cujo mandato coincide com o do Conselho de Administração. Há acionistas que defendem mesmo que seja alargado para incluir pessoas de áreas complementares à banca, como por exemplo da economia digital.
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