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Allianz GI defende que “contexto dos mercados de capitais deverá manter-se construtivo a médio prazo”

Segundo a Allianz GI, a passagem pelos quatro picos “poderá abrandar ligeiramente a subida nos mercados de ações a curto prazo, mas as perspetivas a médio prazo deverão permanecer positivas. E mesmo com um abrandamento da dinâmica de crescimento, o crescimento global deverá permanecer acima da tendência no segundo semestre do ano. Os bancos centrais também são suscetíveis de reduzir os seus incentivos, mas com extrema cautela, defendem.
5 Julho 2021, 12h00

O Relatório Mensal sobre Mercado de Capitais (de Julho de 2021) elaborado por Stefan Rondorf, Senior Investment Strategist Global Economics & Strategy, Allianz Global Investors (AllianzGI), conclui que “mesmo que a atual dinâmica de crescimento, marcada por um boom, abrande ligeiramente e o estímulo de nível extremo sofra uma redução gradual, o contexto dos mercados de capitais deverá manter-se construtivo a médio prazo.”

A Allianz Global Investors fala em ‘Quatro picos em vista’ no mercado de capitais. “A passagem pelos quatro picos poderá abrandar ligeiramente a subida nos mercados de ações a curto prazo, mas as perspetivas a médio prazo deverão permanecer positivas: mesmo com um abrandamento da dinâmica de crescimento, o crescimento global deverá permanecer acima da tendência no segundo semestre do ano. Os bancos centrais também são suscetíveis de reduzir os seus incentivos, mas com extrema cautela”, defende casa de investimento.

A Allianz GI descreve os quatro fatores em vista. A saber  boom pós-pandemia mantém-se. “Embora a dinâmica de crescimento caminhe a passos largos para o seu pico, particularmente nos EUA, é provável que tal só se verifique na Europa daqui a alguns meses. Os dados na Ásia são mais complexos, uma vez que a vacinação está a progredir lentamente em vários países face aos países ocidentais desenvolvidos. Na China, o setor dos serviços está também a recuperar, mas o consumo interno mantém-se moderado”.

O segundo fator que poderá, segundo a Allianz, levar à alocação tática a ações e obrigações é “a combinação de uma forte recuperação económica e uma procura acumulada, por um lado, e das limitações a nível da oferta devido à pandemia, por outro, conduziram a taxas de inflação mais elevadas do que o esperado em todo o mundo. Tal poderá prolongar-se por mais tempo do que o previsto, mas uma parte significativa da dinâmica da inflação deverá ser temporária. O resultante nervosismo nos mercados de obrigações deverá persistir, enquanto as perspetivas a médio prazo para as ações se mantêm construtivas, graças à sólida dinâmica dos lucros”.

A Allianz GI aponta ainda o facto de a Reserva Federal, enquanto principal banco central, encontrar-se perante uma operação delicada. Ao especificar uma nova meta para a inflação média, anunciou que “convergirá” as baixas taxas de inflação durante a pandemia com taxas de inflação superiores a 2% nos anos subsequentes, mas deve assegurar, no entanto, que as expetativas inflacionistas se mantêm fixas. “Nos próximos meses, isto pode tornar-se um fator importante para a emergente volatilidade nos mercados”.

Por fim fala dos influxos de caixa para fundos de ações que devem manter-se à escala global, e continua a haver bastante liquidez nos fundos do mercado monetário e de obrigações.

Os picos que ajudaram o mercado de capitais são o “Pico na dinâmica de crescimento” da economia; o “Pico nos incentivos económicos (quanto mais forte for a recuperação económica, mais o incentivo fiscal e monetário)”; o “Pico de inflação: a rápida eliminação dos receios relativos à deflação no ano passado”; e o “Pico de otimismo: as históricas baixas taxas de juro e a grande liquidez no sistema fizeram com que aumentasse a apetência pelo risco entre muitos investidores para níveis historicamente elevados”.

Segundo a Allianz GI, a passagem pelos quatro picos “poderá abrandar ligeiramente a subida nos mercados de ações a curto prazo, mas as perspetivas a médio prazo deverão permanecer positivas, mesmo com um abrandamento da dinâmica de crescimento, o crescimento global deverá permanecer acima da tendência no segundo semestre do ano. Os bancos centrais também são suscetíveis de reduzir os seus incentivos, mas com extrema cautela”.

A análise aponta que a nível regional, “os mercados de ações europeus poderão destacar-se nas próximas semanas: a dinâmica de crescimento deverá atingir o seu pico mais tarde do que nos EUA e as estatísticas de vacinação poderão ganhar terreno em comparação com os EUA. Por enquanto, o Banco Central Europeu (BCE) não está a reduzir os incentivos. As primeiras tranches do Fundo de Recuperação poderão ser investidas no segundo semestre do ano”.

No mercado de ações, a Allianz prevê que “a médio prazo, as flutuações mais fortes das taxas de inflação e a incerteza associada à orientação da política monetária dos bancos centrais poderão representar um obstáculo às cotações das ações”.

Mercado de obrigações e tapering. EUA versus Europa

Os mercados de obrigações, em particular dos EUA, têm estado agitados, diz a Allianz GI. “Além da questão relacionada com o momento em que o banco central vai reduzir as suas generosas compras de obrigações (tapering), estão também em discussão a forma da trajetória de crescimento dos EUA e as perspetivas de inflação a médio prazo. A questão subjacente diz respeito a quanto tempo a Reserva Federal (Fed) vai tolerar o sobreaquecimento da economia dos EUA”.

No que se refere à Europa, a Allianz  lembra que em junho, o BCE manteve o volume de compras semanal no programa de compras de emergência pandémica (PEPP), que tinha sido aumentado na primavera.

“Embora a inflação dos preços no consumidor deva exceder a meta de inflação do BCE nestes meses, a economia da Zona Euro ainda está longe de sobreaquecer e provavelmente vai demorar alguns trimestres a eliminar o diferencial do produto. Contudo, os rendimentos das obrigações da Zona Euro dificilmente serão capazes de se afastar completamente de uma tendência para rendimentos mais elevados, caso estes últimos voltem a ganhar um novo impulso”, lê-se no relatório.

Já sobre o mercado cambial, a Allianz GI defende que “num ambiente de maior apetência pelo risco e de maior crescimento global, continua a haver margem para uma ligeira desvalorização do dólar americano. Também é provável que estímulos fiscais adicionais coloquem uma maior pressão sobre o défice orçamental dos EUA e possam estimular a inflação interna, que tendem a ser fatores de stress para uma moeda historicamente”.

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